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Dia do Fusca: conheça alguns amantes do 'besouro' da Volks

Quem tem um "não tem um carro do ano, mas o carro do século", diz um fusqueiro

20 jan 2015 - 11h46
(atualizado às 21h44)
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Ele é simpático, atrai sorrisos por onde passa e é, sem dúvidas, o carro mais querido do Brasil. Quase uma celebridade, o fusca é o modelo de carro com mais fãs e seguidores da Volkswagen em todo o mundo. Não é por menos que a montadora cadastrou um dia específico no calendário anual de comemorações para homenagear o seu "besouro". Hoje, 20 de janeiro, Dia Nacional do Fusca no Brasil. 

Para comemorar essa data, o Terra mostra o que esse carro tem de tão especial para ser querido há tantos anos. Ele deixou de ser produzido em 1996 no mercado brasileiro e, até hoje, é visto pelas ruas, visado por ladrões e mimado por donos fanáticos. 

Titulo_do_info História do Fusca

Há quem o ame por tradição familiar, outros, por simpatia. Há quem tenha aprendido a dirigir em um fusca, e os que tenham se acostumado com o fusca do avô. Existem os fãs que gostam de deixá-los idênticos a quando saíram de fábrica. Outros querem abusar da criatividade para estilizá-los. Enfim, o fusca é democrático: agrada a muitos e é um dos veículos mais acessíveis do mercado.

"Minha namorada diz que eu gosto mais do fusca do que dela"

Foto: Arquivo Pessoal/João Carlos Sobrinho / Reprodução

O Fusca modelo 1968, do tecnólogo em manutenção aeronáutica João Carlos Sobrinho, 30 anos, faz sucesso em Jundiaí, no interior de São Paulo. Ele diz que seu carro tem placa preta por ser totalmente idêntico ao modelo de fábrica e que ele leva uma prancha retrô em um bagageiro de teto, a fim de deixar o veículo ainda mais charmoso.

"Uma vez, eu estava subindo uma avenida em Jundiaí e um senhor de uns 80 anos me ultrapassou pela esquerda e freou. Levei até um susto na hora, mas ele foi me perguntar por quanto eu vendia o meu Fusca. Eu disse: 'não vendo'", conta Carlos Sobrinho, que pagou R$ 11 mil pelo seu carro, quando o comprou. "Quem não conhece de carro acha caro. Mas quem conhece sabe que foi muito barato", afirma. 

Sobrinho colocou uma prancha de surf sobre o seu fusca
Sobrinho colocou uma prancha de surf sobre o seu fusca
Foto: Arquivo Pessoal/João Carlos Sobrinho / Reprodução

Sobrinho conta que não era muito "chegado" em Fuscas, apesar de ter passado a infância ao lado do Fusca de seu pai, um carro fabricado em 1979. No entanto, há uns quatro anos, o tecnólogo passou a frequentar clubes e encontros de fusqueiros. Foi assim que se apaixonou pelo automóvel e decidiu comprar um.

"Meu vô também tem um Fusca. Procurei na internet um Fusca igual ao dele. Fui para outras cidades atrás do carro certo, mas foi em Jundiaí que o encontrei", lembra. Ele diz que não usa o carro diariamente, por medo de estragá-lo e de ser roubado. Por isso, tem outro para andar no dia a dia. 

"O bom é que ele é difícil de dar problema. Se der, eu mesmo conserto. A manutenção é super barata, e ele tem um consumo bem baixo", ressalta. Sobrinho afirma também que sonha em dar uma personalizada no carro do pai e manter o seu com a placa preta.

O dono do Fusca com prancha diz que não empresta o carro a ninguém, a menos que ele possa ir junto, para monitorar a viagem. "Minha namorada diz que eu gosto mais do fusca do que dela", ri. 

"Você vai na farmácia e arranja uma peça de Fusca"

Foto: Arquivo Pessoal/Wagner Giannella / Reprodução

O escrevente Wagner Giannella, 63 anos, conta que alguns Fuscas fizeram parte de sua vida. Já teve um branco modelo 1968, um bege, 1967, um amarelo, 1975/1976. Hoje, é dono de um "fusquinha amarelinho", 1973, comprado em 1980. "Sempre gostei muito da Volkswagen, e o Fusca faz parte do nosso dia a dia". 

Giannella conta que o Fusca é tratado como se fosse um terceiro filho. E, embora os dois filhos que têm não tenham demonstrado muito apreço pelo carro, pretende mantê-lo na família por muitos anos. "Talvez eu passe para algum deles, mas ainda espero andar muito com o meu fusquinha", afirma.

Colecionador, o escrevente diz que tem cerca de mil miniaturas de carros antigos, das quais cem seriam apenas de Fuscas. "Gosto tanto do carro, que tenho 25 ou 30 livros sobre ele". Em casa, ele tem também um álbum com cerca de 70 fotos do seu Fusca. O "fusquinha amarelinho" é usado diariamente pelo dono.

Ele lembra que o motor e o chassi do Fusca serviram de base para tantos outros modelos que o brasileiro se apegou ao modelo. "É um carro carismático, simples e simpático. Além disso, costumo brincar que é assim: você vai na farmácia e arranja uma peça de Fusca".

"Quem tem Fusca não dirige um carro, dirige uma lenda"

Danilo posa ao lado da antiga dona de seu fusca, Cleide Longo Giraud
Danilo posa ao lado da antiga dona de seu fusca, Cleide Longo Giraud
Foto: Arquivo Pessoal/Danilo Machado / Reprodução

O engenheiro civil Danilo Mário Machado, 32 anos, de Santo André, região do ABC paulista, diz que "não tem o carro do ano, mas tem o carro do século". Dono de um Fusca 1300, modelo 1973, branco Lotus, sente orgulho de ter restaurado totalmente o automóvel. "Cada detalhe dele foi cuidado para que tivesse a aparência que tinha ao sair da concessionária. Até o adesivo da troca de óleo é uma reprodução da década de 1970, que eu fiz", afirma.

O engenheiro conta que conheceu o carro em 1999, quando ele pertencia à mãe de dois amigos seus. O Fusca estava encostado, após ter tido vários problemas mecânicos. Na Páscoa de 2013, foi dado a Machado, que passou quatro meses para fazer o motor funcionar e deixá-lo confiável para o uso. Depois, trabalhou sozinho na restauração do automóvel.

Fusca de Machado é retratado na Cidade de Goiás
Fusca de Machado é retratado na Cidade de Goiás
Foto: Arquivo Pessoal/Danilo Machado / Reprodução

A funilaria - feita em Goiânia - foi o único processo que Machado pagou para ser realizado, por não ter condições técnicas para tanto. "Quando o carro ficou pronto, fiz a maior loucura do mundo: resolvi que iria voltar dirigindo o carro para São Paulo". Ele diz que foi ainda mais longe, passando duas semanas em uma viagem de 2.400 quilômetros. 

Ele saiu de Goiânia, foi para Cidade de Goiás (antiga capital do Estado), depois Pirenópolis (GO), Abadiânia (GO), Brasília, voltou pra Goiânia, onde fez uma revisão completa no carro e viu que nada tinha ocorrido. Seguiu para Rio Quente (GO), Caldas Novas (GO), Uberlândia (MG), Ribeirão Preto (SP), Paranapiacaba (SP) e finalmente o 'lar-doce-lar', em Santo André (SP)." "Era divertido ver as pessoas virem conversar comigo por causa do carro e a cara de total espanto que faziam quando viam a placa de São Paulo e sabiam que o velho guerreiro estava viajando toda aquela distância", conta.

Machado diz que só usa o Fusca aos finais de semana e que tem outro carro para usar no dia a dia, mas ressalta as vantagens do besouro. "Quem tem Fusca não dirige um carro, dirige uma lenda".

"Um Fusca quando fica pelo caminho, provavelmente teve sua manutenção desprezada por muito tempo. Ele sempre avisa antes de parar de vez." Além disso, o engenheiro garante que a manutenção do carro é barata. "Uma vez vi um Fusca que quebrou a correia e colocaram um barbante no lugar. O cara chegou em casa com um barbante!", afirma. 

Sobre vender o carro, Machado é direto: "Pelo que ele vale, eu não vendo, e pelo que eu vendo, ele não vale. Então, não vendo".  

"Todas as crianças que olham para o meu carro o aplaudem, como se estivessem diante de um brinquedo gigante"

Foto: Arquivo Pessoal/Mariana Schittini / Reprodução

A comunicadora Mariana Schittini, 37 anos, diz que sempre achou o Fusca um carro simpático e decidiu comprar um para ela. Nunca foi fanática pelo modelo da Volkswagen, mas, quando viu o fusca rosa que comprou, foi amor à primeira vista. "Eu sou apaixonada só pelo meu Fusca, não por todos", conta rindo. 

Fusca cor de rosa choque chama a atenção por onde passa
Fusca cor de rosa choque chama a atenção por onde passa
Foto: Arquivo Pessoal/Mariana Schittini / Reprodução

Ela afirma que seu Fusca rosa choque chama a atenção quando está na rua. "Todo mundo olha. O mais legal é que todos sorriem. Acho que atrai uma energia super boa", diz.

"Todas as crianças que olham para o meu carro o aplaudem", conta. "É como se elas estivessem diante de um brinquedo gigante. O brinquedo mais legal do mundo."

Para Mariana, o Fusca se tornou um carro não só popular - por seu preço acessível, por exemplo - mas pela sua presença no cinema, na música, na moda, nos livros e em várias demonstrações artísticas. "Seja na forma de chaveiros, miniaturas, quadros de artistas modernos ou objetos de decoração, o fusca saiu das ruas para entrar na vida das pessoas".

"O Fusca parece estar sempre sorrindo para você" 

Fusca vermelho é o atual de Anderson
Fusca vermelho é o atual de Anderson
Foto: Arquivo Pessoal/Anderson Lima / Reprodução

Para o analista de sistemas Anderson da Silva Lima, 35 anos, o Fusca tem o poder de aproximar as pessoas. "Pessoas que você não conhece, quando te vêem saindo de um Fusca, já puxam assunto, contando que conhece alguém que tem um fusca ou suas próprias histórias com o carro."

A paixão de Lima começou cedo. "Quando pequeno, brincava com o meu Fuscafone e assistia ao desenho Carangos e Motocas, em que a estrela é o fusca Wheelie". Porém, seu primeiro Fusca foi comprado apenas em 2001. "Já tive três fuscas, um amarelo de modelo 1983, um branco do mesmo ano, e agora tenho um vermelho de modelo 1976", diz. 

Miniatura de fusca participou do casamento de Anderson
Miniatura de fusca participou do casamento de Anderson
Foto: Arquivo Pessoal/Anderson Lima / Reprodução

"Antes de eu comprar o meu atual, ele já estava em minha vida. Isso porque a minha esposa fez questão de que ele aparecesse em miniatura no nosso casamento, levando as alianças", conta o analista de sistemas. 

Ele diz também que é acostumado a ir a encontros de fusqueiro, sempre acompanhado pela esposa. Segundo ele, a maioria dos encontros é gratuito para os visitantes e quem expõe seu carro colabora com uma quantidade de alimentos que são doados posteriormente para pessoas carentes. "Existem também eventos como a fusqueata, de desfile por estradas, ruas e avenidas. Em 2007, participamos de uma deste tipo, fazendo o trecho Estádio do Pacaembu à avenida Paulista." 

Lima fez ainda uma comparação com a música "Samba da minha terra", de Dorival Caymmi e disse que "Quem não gosta de Fusca, bom sujeito não é".

Fonte: Terra
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