E-fuels: saiba como eles podem ajudar a reduzir as emissões de CO2
Muita gente está falando sobre os e-fuels, ou combustíveis sintéticos, mas você sabe como eles são produzidos? Explicamos aqui
No fim de março, a União Europeia decidiu atender os pedidos de Alemanha e Itália e alterou a regra que previa o fim da venda de automóveis com motores a combustão interna em 2035, exigindo em troca que os modelos com esse tipo de propulsor sejam obrigados a utilizar somente os chamados e-fuels no futuro.
A regra original da União Europeia exigia que todos os veículos novos vendidos a partir de 2035 teriam de ter emissão zero de CO2, o que tornaria praticamente impossível para as fabricantes comercializarem carros movidos a combustível de origem fóssil. Mas, afinal, o que são esses e-fuels (ou combustíveis sintéticos) e como eles conseguiram ajudar a impedir o banimento dos motores convencionais?
Os combustíveis sintéticos – como o nome indica – são obtidos por meio de processos químicos, que utilizam dióxido de carbono (CO2), um dos gases de efeito estufa – GEE – capturado da atmosfera e hidrogênio produzido com o auxílio de energia elétrica limpa (eólica ou solar). Detalhe: o processo pode resultar em diversos tipos de combustíveis, e não apenas gasolina.
Da mesma forma que os combustíveis fósseis, os e-fuels liberam CO2 quando utilizados em motores a combustão, mas os técnicos afirmam que as emissões ocorrem no mesmo nível que a quantidade de gás capturada para a produção do combustível sintético, tornando-o neutro em CO2 (assim como ocorre com o etanol).
A principal vantagem dos e-fuels é que eles poderiam ser utilizados nos automóveis atuais, dispensando qualquer adaptação. Teoricamente, isso resultaria em uma rápida – e barata – redução na emissão de CO2 em níveis globais, uma vez que bastaria aproveitar a infraestrutura de distribuição de combustíveis já existente.
O grande obstáculo é que os combustíveis sintéticos ainda não são produzidos em grande escala em nenhum local do planeta. A Porsche inaugurou recentemente sua primeira fábrica de e-fuels no Chile, mas a unidade terá capacidade para fornecer 550 milhões de litros por ano – quando estiver operando com capacidade total. Em 2022, o consumo global de gasolina foi superior a 50 bilhões delitros.
Existem outras fábricas de e-fuels sendo construídas, como a da norueguesa Norsk, que deve entrar em operação no próximo ano, mas voltada para produzir combustível de aviação. Outra crítica recorrente está relacionada ao preço do combustível sintético, que ainda é inviável comercialmente, também por conta da pequena produção.
Além disso, entidades ambientalistas alegam que a fabricação de combustíveis sintéticos é muito cara e exige uso intensivo de energia. Um estudo publicado em 2021 na publicação Nature Climate Change, indica que o uso de e-fuels em um carro com motor a combustão requer cinco vezes mais energia renovável do que a usada em uma bateria de veículo elétrico. Outros especialistas dizem que os combustíveis sintéticos devem ser destinados à descarbonização de outros setores de transporte, como navegação e aviação, que, ao contrário dos automóveis, não podem recorrer ao uso de baterias como alternativa.
De qualquer forma, o que parece mais importante é o desenvolvimento de várias alternativas para alimentar os veículos a fim de promover a descarbonização e a consequente redução do impacto nas mudanças climáticas. O quanto antes isso ocorrer, melhor.