Em “testamento”, Kombi agradece histórias de fãs e se despede
A Volkswagen Kombi deixará de ser produzida em dezembro deste ano, após 56 anos na vida dos brasileiros
A Volkswagen do Brasil publicará neste sábado em jornais e revistas uma campanha publicitária em que a Kombi se despede dos fãs em primeira pessoa. Desde que o fim da produção do modelo foi anunciado, a empresa abriu um site para receber histórias de pessoas que tiveram vivências memoráveis com o modelo. Algumas destas, histórias são lembradas inclusive com presentes para algumas destas pessoas – o “testamento” do modelo, que deixa de ser produzido em dezembro deste ano, após 56 anos na vida dos brasileiros.
No anúncio, a Kombi agradece “Seu” Nenê, que levou a Kombi “para ver a seleção brasileira jogar mundo afora”; o australiano Jason Rehm, que viaja pelo mundo com a mulher e o filho em um modelo vermelho; Noel Villas Bôas, filho do sertanista Orlando Villas Bôas, que rodou o Brasil em uma Kombi; e Miriam Maia, que nasceu dentro de uma delas.
Além disso, a companhia informa que fará uma exposição do modelos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e disponibilizará um livro digital gratuito com as histórias relatadas no site da edição final da Kombi. Para encerrar a despedida, um vídeo mostrará o modelo “voltando para casa” em janeiro de 2014.
Last Edition
A série especial Last Edition da Kombi tem produção limitada a 1.200 unidades, com preço sugerido de R$ 85 mil. A edição traz itens exclusivos como pintura tipo “saia e blusa”, acabamento interno de luxo e elementos de design que remetem às inúmeras versões do veículo fabricadas no País desde 1957. As unidades são numeradas e têm placa de identificação.
História
A Kombi foi idealizada pelo holandês Ben Pon na década de 1940, que projetou a combinação do Volkswagen Sedan em um veículo de carga leve. Lançada na Alemanha em 1950, o modelo era equipado com motor 4 cilindros 1.2 l com refrigeração a ar e 25 cavalos de potência. Ao lado do Fusca, a Kombi marcou o início das atividades da Volkswagen no País, há 60 anos. Sua montagem começou no ano de 1953, em um galpão no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
A partir de 2 de setembro de 1957 o modelo passou a ser efetivamente produzido no Brasil, na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo. A Kombi foi o primeiro veículo fabricado pela Volkswagen do Brasil, antes mesmo do Fusca – e o primeiro feito pela empresa fora da Alemanha. O nome Kombi é uma abreviação, adotada no Brasil, para o termo em alemão Kombinationsfahrzeug, que em português significa “veículo combinado” ou “combinação do espaço para carga e passeio”. Na Alemanha o modelo recebeu o nome VW Bus T1 (Transporter Número 1).
Além das versões com janelas traseiras de vidro ou furgão, a Kombi também foi fabricada como pick-up, com cabine simples ou cabine dupla. Menos de quatro anos após seu lançamento no Brasil foi introduzido no mercado nacional o modelo de seis portas, nas versões luxo e standard, com transmissão sincronizada e índice de nacionalização de 95%. A versão picape surgiu em 1967, já com motor de 1.500 cm³ (potência bruta de 52 cavalos) e sistema elétrico de 12 volts.
A trajetória internacional da Kombi brasileira se iniciou com as exportações da Volkswagen do Brasil nos anos 1970 para mais de 100 países. Os principais mercados externos da Kombi foram Argélia, Argentina, Chile, Peru, México, Nigéria, Venezuela e Uruguai. Em 1975, a Kombi passou por uma reestilização e também teve a cilindrada do motor ampliada para 1.600 cm³. A potência bruta era de 58 cavalos. Três anos mais tarde, esse motor 1.6 l ganhou dupla carburação, o que aumentou sua potência bruta para 65 cavalos.
A opção com motor 1.6 l a diesel surgiu em 1981. Com quatro cilindros em linha e refrigerado a água, esse motor desenvolvia potência de 60 cavalos e era oferecido para as carrocerias furgão e picape – a opção cabine dupla também foi introduzida naquele mesmo ano. Em 1982 foi introduzida a versão movida a etanol do motor 1.6 l com potência de 56 cavalos.
No ano seguinte, a Kombi ganhou painel e volante novos, além da alavanca do freio de mão, que sai do assoalho e passa para debaixo do painel. As versões a diesel e cabine dupla incorporaram novidades e itens de conforto como cintos de segurança de três pontos, bancos dianteiros com encosto de cabeça e temporizador para o limpador do para-brisa, entre outros.
Em 1997 chegou a Kombi Carat, que apresentava soluções como teto mais alto (recurso que passou a ser adotado em toda a linha), porta lateral corrediça e a ausência da parede divisória atrás do banco dianteiro. No fim de 2005, a Kombi se tornou flexível, recebendo o motor 4 cilindros 1.4 flex. Um dos pontos fortes em sua comercialização sempre foi a fácil adaptação para os mais diversos tipos de uso: a Kombi foi usada como ambulância, viatura policial, veículo do Corpo de Bombeiros, veículo de lazer, escritório volante, biblioteca circulante, carro funerário, lanchonete e até carro de reportagem de televisão e rádio, entre outras versões.