Encher o tanque "até a boca" é bom ou ruim para o carro?
Muitos motoristas pedem para o frentista encher o tanque "até a boca" ou "até a golea" sem terem ideia da bobagem que estão fazendo
Muita gente, na hora de abastecer o carro, diz ao frentista: “Pode encher até a boca!” Pois é, muitos motoristas não sabem, mas esse é mais um daqueles hábitos que, além de não trazer nenhuma economia de combustível, podem acabar prejudicando seriamente o veículo.
Segundo a Luciana Félix, especialista em mecânica de automóveis e gestora da empresa Na Oficina, de Belo Horizonte, essa prática não deveria mais acontecer há pelo menos 30 anos. Em 1990 uma peça chamada cânister – um tipo de filtro com carvão ativado – foi adotada nos automóveis produzidos no Brasil.
“A função do cânister é coletar e filtrar os vapores que saem do tanque de combustível (e que são tóxicos), enviando os gases para o motor, onde esses vapores serão queimados com a mistura ar-combustível”, explica a especialista.
De acordo com Luciana, o cânister não só evita que gases tóxicos sejam jogados na atmosfera, como os reutiliza no funcionamento do próprio motor, reduzindo assim o consumo de combustível.
Porém, o fato de completar o tanque “até a boca” ou “até a goela” danifica a peça, fazendo com que os gases tóxicos sejam dispensados na atmosfera, aumentando o consumo do motor. “Acho surpreendente que ainda existem pessoas – frentistas e motoristas – que insistem em encher o tanque ‘até a boca’”, diz Luciana.
Quando o limite do abastecimento é ignorado, pode não só ocorrer vazamento de combustível, como também danos ao cânister. Esses danos causam falhas no funcionamento do motor. O abastecimento deve parar no travamento automático.
“Dificilmente o motorista associa as falhas de funcionamento do motor com o fato de ter enchido o tanque ‘até a boca’, até porque há casos em que o defeito surge ocasionalmente ou em condições específicas, dificultando o diagnóstico por parte do mecânico”, explica Luciana Félix.
Além dos danos ao cânister, a especialista pontua que o combustível derramado acaba provocando também danos à lataria do veículo. Portanto, por mais que pareça uma boa opção, encher o tanque “até a boca”, isso só acarreta prejuízos para o bolso do motorista.