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Exclusivo: ex-presidente explica saída da BMW e novo desafio

Jörg Henning Dornbusch explica porque tomou a decisão, além de apontar seus planos para o futuro da Eurobike

16 fev 2013 - 10h13
(atualizado às 10h13)
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Aos 49 anos, Jörg Henning Dornbusch surpreendeu o setor automotivo ao deixar a presidência da BMW do Brasil em janeiro e assumir o posto de CEO da rede de concessionárias Eurobike. Embora ele defenda que não tenha sido uma troca, a mudança marca a passagem de uma multinacional de renome, que vai construir fábrica no Brasil, para uma empresa local criada há 11 anos – trajetória que se contrapõe ao sonho de jovens executivos.

Apesar de ter nome alemão, Henning é carioca e iniciou suas atividades no grupo BMW em 1999, quando fundou a BMW Serviços Financeiros. O economista assumiu em 2006 a presidência do BMW Group Brasil, onde ajudou a consolidar a liderança em vendas no segmento premium de carros, trouxe a Mini para o mercado nacional e implantou a linha de montagem de motocicletas em Manaus. 

No final de 2012, a marca aelmã anunciou a construção de sua primeira unidade de veículos no Brasil, que será localizada em Santa Catarina, com investimento de cerca de R$ 1 bilhão. A linha de montagem deve produzir os modelos mais populares no Brasil: Série 3, Série 1 e X1. Em meio a essas decisões importantes, Henning já pensava em um período de descanso para “repensar” sua carreira, mas recebeu um convite da Eurobike para comandar a rede de lojas em sua expansão.

Atualmente, a Eurobike comercializa 12 marcas de veículos do segmento premium, com 24 lojas espalhadas principalmente em São Paulo, mas com presença no Rio Grande do Sul e no Triângulo Mineiro. Com origens em Ribeirão Preto, no interior paulista, a Eurobike começou a se expandir em 2002, quando foi comprada pelo empresário Henry Visconde, que ajudou a fundar o laboratório farmacêutico Biosintética em 1984 e tem investimentos em ramos variados como software, produtos de higiene e restaurantes. O faturamento da Eurobike no ano passado ficou em cerca de R$ 900 milhões.

Confira a entrevista:

Terra - O que motivou a sua saída da BMW em um ano importante para se tornar CEO de uma rede de concessionárias?

Henning -

São duas coisas distintas, uma não está ligada à outra. A decisão de sair da BMW foi para procurar novos horizontes depois de 14 anos no grupo e muitos projetos alcançados, como a montagem de motos em Manaus e o projeto da fábrica no Brasil. Eu tinha algumas alternativas dentro do grupo, no Brasil e no exterior, e a terceira era ver outro desafio no mercado nacional. Optei pela terceira, para trabalhar em novos lugares. Minha ideia era passar dois ou três meses afastado para pensar algumas coisas, porque os últimos anos foram desgastantes. Mas surgiu o interesse da Eurobike em função do meu conhecimento no setor automotivo, principalmente no segmento premium, veio a calhar e acabamos fechando.

Terra - Havia possibilidade de ser transferido para outro país? Ficar no Brasil pesou na decisão?

Henning - Acredito que o Brasil continua um país com excelentes oportunidades. Sou brasileiro e me agrada ficar por aqui.

Terra - Qual a sua expectativa para o mercado de carros neste ano no Brasil? 

Henning - Ainda não decolou como deveria nos primeiros dois meses, ainda há uma expectativa de entender melhor o que está acontecendo na economia. Existe uma expecativa mais forte com relação a políticas efetivas do governo para trazer um crescimento mais estável da economia, porque no ano passado isso não ocorreu. Existem incertezas sobre a inflação, que continua rondando patamares mais elevados que o pensado para 2013, e de como será a politica monetária com relação ao “demônio” da inflação mais alta. Essas incertezas podem esfriar a demanda. Apesar desses pontos, trabalhamos com uma situação de quase pleno emprego, o que é um ativo muito valioso, e a demanda ainda está maior que a oferta. A mão de obra é toda empregada - socialmente isso é uma conquista. Não existe uma tendência clara por enquanto, já que janeiro e fevereiro não corresponderam.

Terra - E mais especificamente para veículos importados?

Henning - Por causa do Inovar-Auto (regime automotivo que entrou em vigor em janeiro e regula a cobrança de IPI de acordo com critérios de nacionalização dos processos de cada empresa), os importados ainda podem ter algum reajuste de preços, principalmente para aquelas marcas que não se beneficiam do novo regime. E ainda tem a preocupação cambial: qual será a política que o governo pretende alcançar esse ano com a inflação crescendo? Teremos um mecanismo de valorizar o real para segurar a inflação? O governo dá indícios de que pode usar essas políticas. Se isso continuar assim, deve dar alento em termos de custo e precificação dos carros importados.

Terra - Na sua opinião, o governo brasileiro fez bem ao adotar um novo regime automotivo?

Henning - O Brasil tinha necessidade de ter um regime automotivo. Foi bom para criar parâmetros e regras para aqueles que estão ou pretendem entrar no mercado brasileiro, além de fomentar o desenvolvimento tecnológico. Vejo como algo benéfico, que pode trazer maior capacitação com relação aos novos investimentos. Para a sociedade, é benéfico porque colocará produtos com mais tecnologia e gera empregos. Acho que três anos é um tempo interessante para avaliarmos o regime. Os projetos de novas fábricas vão maturar e vamos ter ideia de como o regime influenciou os que já estão no Brasil e os novos. 

Terra - E os pontos negativos?

Henning -

O ponto negativo é que todo regime acaba levantando pontos e dúvidas com relação ao instrumento, sempre existem interpretações distintas. Acredito que o regime ainda vai ganhar novas bases com relação ao item de eficiência energética, que ainda precisa ser trabalhado. Híbridos e carros elétricos já são muito importantes no mercado europeu e nos Estados Unidos. Quais serão os benefícios para estes veículos no Brasil? São coisas que têm de ser ajustadas um pouco mais ainda.

Terra - Quais serão as metas da Eurobike sob a sua gerência? 

Henning -

O objetivo será estruturar o grupo Eurobike para ter crescimento no mercado automotivo. Apesar das incertezas, o setor ainda tem muito a evoluir. Também não adianta ter uma capacidade instalada de fabricação de 5 milhões de carros de carros por ano e não ter um rede de distribuição estruturada para receber esses veículos.

Terra - Há interesse na ampliação da gama para veículos mais populares? 

Henning -

Existe uma oportunidade interessante com relação a distribuição de marcas com fabricação nacional. Não é uma meta, mas vamos analisar cada oportunidade que o mercado pode oferecer nos próximos cincos anos.

Fonte: Terra
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