Fiat 500: 15 anos no Brasil com futuro elétrico incerto
Modelo desembarcou no país em 2009 cheio de inovações na bagagem e estilo único; compacto saiu de cena em 2019 e, em 2021, voltou como 500e
Foi em outubro de 2009 que o Fiat 500 chegou ao Brasil. Aliás, no começo, a própria fabricante induziu o público a chamar o compacto premium de Cinquecento (500, em italiano). Mas por causa da dificuldade da pronúncia, a montadora voltou atrás e readequou o material, chamando-o de 500 (Quinhentos) mesmo.
Agora, 15 anos depois, o modelo só existe em versão elétrica (500e) e, inclusive, voltou a ser notícia nas últimas semanas. Mas por qual motivo?
Em síntese, ao contrário do modelo de 2009, o atual (lançado em 2020 e importado ao Brasil a partir de 2021) vende pouco e não caiu nas graças do público.
Culpa, em partes, da baixíssima autonomia e do preço salgado - hoje tabelado em R$ 214.990. Por isso, a empresa decidiu pausar a produção do 500e na linha de Mirafiori, em Turim (Itália) e vai transformá-lo em híbrido. Assim, por meio da engenharia reversa, ele receberá um pequeno motor a gasolina.
Chamado de 500 Ibrida, deve ficar pronto no final de 2025 e chegar às lojas em 2026.
História de sucesso
Design retrô, vasta lista de equipamentos, tecnologia de ponta e proposta diferenciada em um mercado bastante conservador, o Fiat 500 (revelado no Salão de Genebra de 2007) desembarcou no Brasil, há 15 anos, quebrando paradigmas.
A princípio, chegou a ser considerado um carro "feminino" por desavisados e ignorantes. Mas provou por si só que porte compacto e linhas arredondadas não se limitavam a um estereótipo e, assim, conquistou os mais diversos públicos, independentemente de sexo ou classe social. Tanto que, visualmente, envelheceu bem e até hoje é admirado e cultuado.
À época, o modelo dotado de estilo bebeu na fonte do Nuova 500 (vendido na Itália de 1957 a 1975) e, com isso, soube misturar o moderno e o retrô como poucos carros até hoje.
Com a ideia de atrair um público urbano e sofisticado, tinha pacote de equipamentos completo para a época - para se ter ideia, foi o primeiro modelo do mercado nacional a contar com sete airbags de série e controle eletrônico de estabilidade. Além disso, foi o primeiro Fiat com assistente de partida em rampas.
"O Fiat 500 é muito mais do que um carro no nosso lineup, ele é um ícone atemporal que traduz o DNA da Fiat. Ao longo de sua trajetória, trouxe inovação, estilo e, agora com a versão elétrica, sustentabilidade. Ter um modelo como esse reforça nosso compromisso em oferecer soluções que combinam tecnologia de ponta com o charme e a tradição que o consumidor espera", afirma Alexandre Aquino, vice-presidente da Fiat para a América do Sul.
Mudanças no Brasil
A princípio, o modelo vinha importado da Polônia. Na mecânica, motor 1.4 16V, somente a gasolina, com 100 cv e opções de câmbio manual de 6 marchas ou automatizado (Dualogic), com cinco posições.
Mas o sucesso, mesmo, veio com o modelo produzido em Toluca, no México, que chegou em agosto de 2011 (linha 2012). Visualmente, as mudanças foram poucas - como abrigo da placa traseira maior, suspensões mais elevadas e outros pormenores -, mas a redução de preços por conta da importação mais barata - há um acordo comercial entre Brasil e México -, foi a cartada de mestre da Fiat.
À época, o modelo ficou cerca de R$ 20 mil mais barato, o que atraiu uma legião de compradores. De quebra, era o mais atraente entre os compactos premium da época. Faziam parte do elenco: Mini Cooper, Volkswagen New Beetle e Smart Fortwo.
E as novidades do Cinquecento mexicano não pararam por aí. O modelo adotou, ainda, o motor 1.4 Fire Evo Flex de 88 cv - o mesmo de Uno e Fiorino, o que tornou sua manutenção mais barata. Também ganhou novo câmbio, com cinco marchas na opção manual.
Apesar de o automatizado Dualogic continuar em cena, a Fiat teve a boa sacada de trazer o automático de seis posições nos modelos de topo, com propulsor 1.4 MultiAir, de 105 cv.
Descapotável
Nesse meio-tempo, o modelo contou com séries especiais e a estreia do 500 Cabrio. Este último, na realidade, contava com uma capota de lona que corria sobre trilhos. Não chegava a ser um conversível em si - ele mais parecia um teto gigante, afinal, as colunas continuavam em cena.
Sua estreia aconteceu no Salão do Automóvel de São Paulo de 2012 e, entre as ações de marketing, a marca fez propaganda em massa no reality show apresentado pela TV Globo, "Big Brother Brasil 13" (em 2013). Parece ter dado certo, afinal, o modelo é lembrado e querido até hoje.
Sem qualquer mudança, o Cinquecento (ou 500) se despediu do mercado brasileiro em 2019 para, dois anos depois, dar lugar ao 500e. Na Europa, saiu de cena recentemente, mas continuará à venda na África e Oriente Médio.