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Fiat completa 125 anos e inicia fase decisiva em sua história

Mais brasileira do que italiana nas últimas décadas, Fiat resgata sua “italianidade” e busca ser mais internacional na transição energética

11 jul 2024 - 19h43
(atualizado em 12/7/2024 às 09h53)
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Fiat faz 125 anos: Topolino, 147, Cinquecento elétrico e futuro Grande Panda
Fiat faz 125 anos: Topolino, 147, Cinquecento elétrico e futuro Grande Panda
Foto: Stellantis / Guia do Carro

A Fiat tem uma história riquíssima, não apenas na Itália como no Brasil. Por isso, neste 11 de julho, quando a montadora completa 125 anos, vale a pena olhar para onde ruma a marca de carros mais consumida pelos brasileiros. Mãe de carros icônicos como Fiat 500 (ou Cinquecento), Topolino, 126, 147, Uno e Toro, a Fiat tenta resgatar sua “italianidade” e inicia nova fase em sua história.

A Fiat nasceu no Palazzo Bricherasio, em Turim, Itália, no dia 11 de julho de 1899, como Società Anonima Fabbrica Italiana di Automobili – Torino. Posteriormente, a empresa teve o nome simplificado para Fabbrica Italiana Automobili Torino e suas iniciais formaram a marca FIAT. A sigla virou palavra e hoje o mundo inteiro a chama de Fiat.

O primeiro carro produzido foi o Fiat 4 HP, que também ficou conhecido como 3,5 CV ou 3,5 HP. Naquela época, embora a origem dos carros fosse importante, não havia o simbolismo de marca que as montadoras tanto prezam hoje em dia. Ao longo do tempo, entretanto, modelos populares, versáteis e simpáticos, como o Topolino, o 500 (Cinquecento), o 600 (Seicento), 127, 147, Panda e Uno deram à Fiat um traço de “italianidade” tão forte como o da Ferrari.

Fiat 4 HP: primeiro modelo produzido na fábrica italiana de Turim
Fiat 4 HP: primeiro modelo produzido na fábrica italiana de Turim
Foto: Stellantis / Guia do Carro

Aliás, no final de 1969 a Fiat adquiriu 50% da Ferrari e expandiu sua participação acionária em 1988 para 90%. Foi o ano da morte de Enzo Ferrari. Mas a Fiat, ao contrário da Ferrari, não tinha o automobilismo como objetivo final. A Fiat ganhou fama por produzir carros pequenos e muito práticos para o uso urbano.

Poucas coisas são tão italianas como um Fiat 500. Por isso, o pequeno hatch ganhou uma nova geração, bem mais moderna, neste século, e foi um dos primeiros carros europeus a ganhar uma versão totalmente elétrica. A história da Fiat, entretanto, não ficou restrita à Itália.

A grande mudança aconteceu em 9 de julho de 1976, quando a fábrica brasileira da Fiat foi inaugurada em Betim, Minas Gerais. O primeiro modelo foi o Fiat 147 e ele foi o único carro de uma época a desafiar o Fusca, da Volkswagen. Pequeno, inteligente e atrevido, o Fiat 147 acabou dando início a uma série de iniciativas pioneiras da marca italiana em solo brasileiro. Um deles foi o primeiro carro a álcool (etanol), em 1979.

Fiat 147: primeiro modelo a sair da fábrica mineira de Betim
Fiat 147: primeiro modelo a sair da fábrica mineira de Betim
Foto: Stellantis / Guia do Carro

Só no Brasil a Fiat, já produziu mais de 18 milhões de veículos. Seu vínculo com o Brasil acabou superando o de outras marcas tradicionais, como Chevrolet, Ford e até mesmo Volkswagen. Com projetos inteligentes, carros práticos e muita ousadia comercial, a Fiat conquistou tanto espaço que durante muitos anos foi a marca de automóveis mais vendida do Brasil.

Esse status foi recuperado nesta década, já sob a regência da Stellantis, e não há no horizonte qualquer expectativa de que a Fiat possa perder seu domínio. Entre os carros que fizeram muito sucesso no Brasil podemos citar o Fiat 147 Pick-up (primeira picapinha), o Uno Mille (primeiro carro 1.000), a picape Strada (primeiro veículo comercial a vender mais do que os automóveis de passeio) e a picape monobloco Toro (melhor ideia da década passada).

Fiat 127: antecessor do Uno e do Panda, produzido de 1971 a 1977
Fiat 127: antecessor do Uno e do Panda, produzido de 1971 a 1977
Foto: Stellantis / Guia do Carro

Hoje a Fiat tem mais de 500 concessionários no Brasil, espalhados por todo território nacional e consolidando-se como líder do mercado há três anos consecutivos. Nas últimas décadas o sucesso no Brasil superou o sucesso da marca em seu próprio país de origem. Mesmo assim, desde a virada desta década, a Fiat passou a destacar sua “italianidade”, mudando seu posicionamento perante o consumidor brasileiro – de fabricante de carros baratos a fabricante de carros acessíveis com apelo aspiracional e valor agregado.   

"Ao longo de sua trajetória, a Fiat protagonizou momentos decisivos que moldaram a indústria automotiva”, comenta Alexandre Aquino, vice-presidente da Fiat América do Sul. “Mais do que desenvolver carros, construiu sonhos e oportunidades. Completar 125 anos é um feito que apenas uma marca com verdadeira tradição pode alcançar.”

História da Fiat 

No início do século XX, aproveitando a febre da velocidade que se espalhava pelo mundo, surgiu o Fiat S61, um carro de corrida de dois lugares, em um cenário de intensa emoção esportiva, assim como o S76, conhecido como a “Besta de Turim”, com seu incrível motor de 28,5 litros. Nas décadas seguintes, modelos como Topolino, Fiat 500 e Fiat 600 se tornaram ícones de design e democratizaram o acesso ao automóvel na Europa. 

Fiat 500 em 1957: poucos caros representam tão bem a "italianidade"
Fiat 500 em 1957: poucos caros representam tão bem a "italianidade"
Foto: Stellantis / Guia do Carro

A Fiat chegou à América em 1903, escolhendo a Argentina como primeiro destino de sua internacionalização. Com a visão de expandir a marca além da Europa, essa decisão estratégica abriu caminho para que a Fiat se tornasse uma referência na indústria automotiva argentina. No início, vendia modelos importados da Itália, e algumas décadas depois, a marca começou a investir na industrialização no país. 

Tanto é que a Fiat construiu uma planta em Caseros dedicada à produção de automóveis, e em abril de 1960, saiu das linhas de montagem o Fiat 600D, o primeiro automóvel da marca fabricado na Argentina.  

No Brasil, a Fiat foi pioneira ao lançar o primeiro carro brasileiro com computador de bordo (Prêmio), o primeiro com motor turbo de fábrica no país (Uno Turbo) e o primeiro equipado com airbags (Tipo), além de ser a primeira montadora a possibilitar a compra de um automóvel pela internet (Brava). 

Fiat 147 e suas variantes Pick-up e Furgão: carros compactos e versáteis
Fiat 147 e suas variantes Pick-up e Furgão: carros compactos e versáteis
Foto: Stellantis / Guia do Carro

O Fiat 147 ganhou versões sedã, perua, furgão e picape, inaugurando segmentos que antes nem sequer existiam no mercado brasileiro. O Fiat Uno nacional estreou há 40 anos, em 1984, trazendo o conceito “pequeno por fora e grande por dentro”. O Uno também originou variações sedã (Prêmio), perua (Elba) picape e furgão (Fiorino). Os carros da Fiat também popularizaram no Brasil a preferência pelas quatro portas, pois os brasileiros só compravam modelos de duas portas devido ao costume introduzido pelo Fusca durante décadas.

Em 1990, a Fiat apresentou o Uno Mille, uma versão mais acessível e econômica do Uno, que se tornou um verdadeiro fenômeno de vendas e um dos carros mais populares do Brasil, graças ao baixo custo de manutenção e consumo eficiente de combustível. Na mesma década, o Uno Turbo foi o primeiro modelo de fábrica com turbocompressor.  

Em 1996, o Fiat Palio trouxe a ideia de um modelo global desenvolvido para atender às necessidades dos mercados emergentes. O Palio rapidamente se tornou um sucesso de vendas e também gerou uma família de veículos, incluindo a perua Palio Weekend, o Siena e mais tarde a picape Strada, que logo se tornou líder de categoria. Foi o início de um impressionante domínio de mercado da marca.

Fiat Palio: primeiro carro global para mercados emergentes
Fiat Palio: primeiro carro global para mercados emergentes
Foto: Stellantis / Guia do Carro

Hoje o Fiat Strada é tricampeão nacional de vendas e forma uma dupla de respeito com o Fiat Toro, lançado em 2016. Recentemente, a marca ganhou de presente da direção da Stellantis o Fiat Titano, que já representa uma nova fase – trata-se, na verdade, de uma picape da Peugeot, mas com a marca da Fiat para completar um trio de caminhonetes.

Muitos outros carros vieram nesses 125 anos de mundo e 48 anos de Brasil. A maioria com sucesso, mas alguns nem tanto. Faz parte, pois é impossível acertar sempre.

Futuro da Fiat

Agora a Fiat está iniciando uma nova fase. Com sua “italianidade” resgatada no design e nos adereços, a Fiat passa a oferecer produtos globais porque pretende ser mais internacional durante a transição energética. A ideia é utilizar nomes icônicos do passado em carros modernos com zero emissão de CO2 (onde for possível).

Fiat Uno Mille Electronic: verdadeiro fenômeno de vendas nos anos 90
Fiat Uno Mille Electronic: verdadeiro fenômeno de vendas nos anos 90
Foto: Stellantis / Guia do Carro

O primeiro carro dessa nova fase já foi apresentado. Trata-se do Fiat Grande Panda, que deve ser o substituto do Fiat Argo no Brasil, mas provavelmente com outro nome. As maiores apostas são para o nome Uno, mas não há confirmação por parte de Betim.

Independentemente do nome que terá, a Fiat mais internacional será obrigada a se adaptar aos novos tempos e compartilhar plataformas com carros franceses da Peugeot e da Citroën. O desafio é fazer com que os clientes, não apenas da Itália e do Brasil, mas do mundo inteiro, tenham a sensação de que estarão utilizando um veículo italiano.

O Fiat Grande Panda servirá de base para as novas gerações da Strada, do Pulse e do Fastback, que também serão modelos globais. A razão disso é o enorme sucesso que conquistaram no mercado brasileiro. 

A plataforma será a STLA Smart, uma base modular para diversos modelos. Com isso, os futuros carros da Fiat compartilharão a mesma filosofia e tecnologia, com uma plataforma global única, que suporta motorizações a combustão, híbridas ou elétricas. No entanto, cada região deve ter algumas particularidades em relação ao design, equipamentos e motorização, com predominância dos Bio-Hybrid no Brasil.

Será, sob todos os aspectos, uma fase decisiva para a "história futura" da Fiat. Até aqui, a empresa criada há 125 anos em Turim conseguiu superar todos os desafios. Agora será preciso se adaptar ao mundo dos veículos eletrificados, conectados e inteligentes, tendo como principal ameaça (pelo menos no Brasil) a chinesa BYD, que busca ser pioneira nos carros elétricos como a Fiat sempre foi nos carros a combustão.

Guia do Carro
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