Fiat Mobi elétrico? Se a Stellantis quiser, já tem pronto na China
Saiba como a joint-venture entre a Stellantis e a chinesa Leapmotor já começa a dar resultados concretos e pode beneficiar a Fiat
A ideia de um Fiat Mobi elétrico parece distante, pois dificilmente vai ocorrer antes de 2028, mas não é absurda. Agora é o momento em que as montadoras estão definindo os carros que serão lançados daqui a quatro, cinco ou seis anos (2028 a 2030). E a fabricação do BYD Dolphin Mini na Bahia tem potencial para mudar o mercado de carros urbanos.
Por isso, o início da produção do Leapmotor T03 na fábrica da Stellantis na Polônia é uma ótima notícia para Emanuele Cappellano, CEO da Stellantis América do Sul. O Jeep Avenger elétrico é um dos carros produzidos em Tychy, planta reservada também para carros elétricos da Fiat e da Alfa Romeo.
Ainda este ano começa a ser montado, em sistema CKD, o pequeno carro elétrico urbano T03, da Leapmotor. Pelo acordo, a Stellantis pode fabricar os BEVs da Leapmotor não apenas na Europa, mas também em outras regiões. Por que não a América do Sul? O Leapmotor T03 tem todas as características para ser a base de um futuro subcompacto elétrico da Fiat.
O Leap T03 tem medidas muito próximas das do Fiat Mobi. Enquanto o carro chinês T03 mede 3.620 mm de comprimento, 1.652 mm de largura e 1.605 mm de altura, o Mobi tem, respectivamente, 3.596 mm, 1.666 mm e 1.523 mm. Os dois carros têm porta-malas pequeno e proposta urbana.
Dependendo dos incentivos do governo, o Mobi pode ser o carro elétrico -popular da Fiat, criando uma defesa para um potencial ataque da BYD com o Dolphin Mini, que mede 3.780/1.715/1.580 mm. Outra opção para a Fiat é deixar o Mobi como está (apenas com um sistema Bio-Hybrid) e relançar o Uno no Brasil, mas teria que aumentar a carroceria em realação ao T03, pois o Uno media 3.820 mm.
A Fiat é a marca mais estratégica para o futuro da Stellantis. Fabricante número 1 dentro do Grupo Stellantis, a Fiat precisa defender sua liderança no Brasil e na América do Sul e ocupar espaço dentro da Itália, onde o governo namora montadoras chinesas como forma de pressão, para aumento da produção local de carros.
O Leapmotor T03 tem atualmente três opções de motor na China, com potência de 40 kW (54 cv), 57 kW (77 cv) e 79 kW (108 cv). O alcance elétrico pode ir de 200 a 403 km, dependendo da bateria e da potência. A grande vantagem do Leapmotor T03 para a Stellantis é que se trata de um carro elétrico de baixo custo. Na China, ele é cerca de R$ 14 mil mais barato do que o BYD Seagull (Dolphin Mini aqui).
É importante acrescentar que a fabricação de um carro elétrico é menos complexa do que a de um carro a combustão. E agora a Fiat (e a Stellantis em geral) tem essa ótima opção chegando na fábrica da Polônia. Veja nesta reportagem as fotos da plataforma do Leapmotor T03, que pode ser transferida para o Brasil, caso Capellanno considere necessário fazer essa defesa de mercado.
Visualmente o Leapmotor T03 é um carro simples na parte externa, mas isso não é problema, pois a carroceria é a parte mais fácil de mudar. A Fiat tem simplesmente a segunda maior fábrica de automóveis do mundo em Betim, MG. Por dentro, o T03 é interessante, com multimídia, uma grande tela de 13”, navegador e ar-condicionado.
Como dissemos, estamos tratando aqui de suposições, pois, oficialmente, a Stellantis não divulgou sequer quando vai começar a montar o Leapmotor T03. O cenário para o futuro é este; pode acontecer ou não, pois as mudanças de estratégia na indústria automobilística estão sendo muito rápidas.
Segundo o site Motor24, de Portugal, a Stellantis produziu o pequeno Fiat 500 a combustão em Tychy durante 15 anos, mas a produção termina no primeiro semestre deste ano porque o 500 não cumpre os requisitos de homologação a partir de julho.
“O acordo confere à Stellantis o direito exclusivo de construir e vender veículos Leapmotor fora da China, o que não significa necessariamente limitar a atividade à Europa”, disse o Motor24. “Carlos Tavares, CEO da Stellantis, disse no mês passado [fevereiro] que a empresa também poderia construir veículos elétricos na América.”