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GWM diz que montadora que não se atualizar vai sair do Brasil

Numa live contuntende desde a fábrica de Iracemápolis, ainda inativa, diretor da GWM diz que ninguém vai parar a revolução elétrica

22 set 2023 - 14h00
(atualizado às 14h02)
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Oswaldo Ramos, da GWM: “A revolução global é irreversível, ninguém vai parar essa revolução"
Oswaldo Ramos, da GWM: “A revolução global é irreversível, ninguém vai parar essa revolução"
Foto: GWM / Guia do Carro

A montadora chinesa GWM fez uma contundente live “Mobilidade Verde” desde a fábrica de Iracemápolis, SP, e alertou: a montadora de carro que não se atualizar vai sair do Brasil, pois “ninguém vai parar a revolução elétrica”.

A fala foi do diretor comercial da GWM Brasil, Oswaldo Ramos: “A revolução global é irreversível, ninguém vai parar essa revolução. Ou acompanha essa revolução com o que o consumidor quer comprar, ou as marcas que não acompanharem estão destinadas a encerrar suas atividades no Brasil”.

Oswaldo Ramos estava se referindo ao desejo da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) de aumentar para 35% o imposto de importação de carros elétricos e híbridos. Atualmente, os carros elétricos têm imposto zero e o os híbridos pagam de 2% a 4%.

“Não adianta chorar com o governo, não adianta chorar com uma série de coisas paralelas, disse Ramos. “Quem vai decidir o que vai comprar é o mercado consumidor.” Ele também rebateu de forma veemente a ideia de que o imposto zero inibe a produção. Um dos participantes da live afirmou: “Afinal, importar é mais barato do que fabricar”.

Ricvardo Bastos, GWM: "Sem ter volume, mexer no imposto significa não ter produção nacional mesmo”
Ricvardo Bastos, GWM: "Sem ter volume, mexer no imposto significa não ter produção nacional mesmo”
Foto: GWM / Guia do Carro

“Eu acho curioso que nem importam, né?”, rebateu o diretor da GWM. “A falta de investimento no Brasil não é uma questão de produção. O pessoal não quer gastar R$ 4 milhões para homologar um carro. A ausência de carros [elétricos e híbridos] no Brasil é falta de investimento, é falta de concorrência.”

Para a GWM, as montadoras estabelecidas no Brasil pararam no tempo por falta de concorrência: “Lá fora – Europa e China, por exemplo – há mais de 10 anos o setor trabalha em cima da eletrificação e conectividade. Todo mundo já poderia ter lançado híbridos por aqui.”

Mais imposto, mais preço

Num ponto a GWM e a Anfavea concordam: é preciso ter previsibilidade para as novas regras. Porém, a Anfavea quer o imposto de 35% o mais rápido possível. A chinesa teme um imposto de sopetão, que causaria alta em todos os preços.

“Se você orientar que daqui a dois anos vai ter imposto de importação, você vai ter tempo para investir”, disse Ramos. “Quem não investir até o final de 2025 vai ter problema em 2026. Você fechar [o mercado] hoje e não ter um similar nacional vai acomodar a indústria de novo. E o preço do carro a combustão vai subir. Não vai subir só o nosso. Vai subir o carro nacional a combustão também, pode apostar.”

Por que? Oswaldo Ramos responde: “Eles desceram o preço quando a gente chegou no segmento deles. Vai subir todo mundo [se tiver] falta de concorrência. Vai aumentar para todo mundo se subir o imposto de uma hora para outra, até de forma irresponsável”.

Oswaldo Ramos, da GWM: "Você fechar hoje e não ter um similar nacional vai acomodar a indústria de novo"
Oswaldo Ramos, da GWM: "Você fechar hoje e não ter um similar nacional vai acomodar a indústria de novo"
Foto: GWM / Guia do Carro

Também presente na transmissão, Ricardo Bastos, diretor de Assuntos Institucionais da GWM, acrescentou: “A lógica disso é mexer nesse imposto na medida em que você consegue ter volume. Sem ter volume, mexer no imposto significa não ter produção nacional mesmo”.

Segundo Bastos, o imposto de importação é um regulador de mercado, mas não pode ser alto antes de existir um mercado específico. “Enquanto não tiver um número razoável de carros elétricos e híbridos, inclusive de carregadores, você não tem como produzir no Brasil”, disse Bastos. “Quando você conquistar a produção, vai haver uma proteção natural.”

A produção da GWM em Iracemápolis, segundo Bastos, começa em maio de 2024. Um dos veículos será a picape Poer, que, segundo Oswaldo Ramos, virá com uma tecnologia que acaba de ser implantada na China. Mas ele não detalhou os detalhes dessa eletrificação.

A GWM disse que aguarda a definição do programa Mobilidade Verde do governo para decidir quais modelos passará a fabricar no Brasil. Dependendo da situação, pode até ser o Ora 03, um veículo totalmente elétrico que está em pré-venda e será vendido a partir de novembro.

Guia do Carro
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