Honda e Nissan confirmam acordo para nova fusão a partir de 2026
Após anunciarem um acordo de colaboração mútua, Honda e Nissan confirmam negociações para uma nova holding entre as duas empresas em 2026
A Nissan e a Honda assinaram nesta segunda-feira, 23, um memorando de entendimento para iniciar discussões e considerações em direção a uma integração de negócios entre as duas empresas por meio do estabelecimento de uma holding conjunta com início a partir de 2026. A possibilidade foi adiantada pela imprensa japonesa há algumas semanas e pelo Guia do Carro.
O novo acordo é ainda mais amplo do que os memorandos assinados pelas duas montadoras em março e agosto deste ano, que já previam o desenvolvimento de novos carros eletrificados e tecnologias em conjunto. Em um comunicado oficial divulgado à imprensa, as duas empresas afirmam que se envolveram em discussões para considerar várias possibilidades e opções.
“Ao mesmo tempo, o ambiente de negócios para ambas as empresas e a indústria automotiva em geral mudou rapidamente e a velocidade da inovação tecnológica continuou a acelerar. O memorando entre a Nissan e a Honda anunciado hoje tem como objetivo servir como uma opção para manter a competitividade global e para as duas empresas continuarem a fornecer produtos e serviços mais atraentes para os clientes em todo o mundo”, explica a nota da Nissan.
Entre as possibilidades, as empresas também consideram integrar diferentes setores administrativos. O objetivo principal seria tornar as montadoras japonesas mais competitivas em relação às concorrentes chinesas BYD e GWM, além das demais marcas tradicionais no mercado automotivo, como a rival conterrânea Toyota.
Outro motivo seria a situação financeira da Nissan, que tem passado por uma crise global recentemente após registrar fortes quedas em mercados como os EUA e a China, além da redução da participação da Renault na marca japonesa. De acordo com o Financial Times, a marca japonesa pretende reestruturar suas operações e reduzir gastos. As mudanças não devem afetar as operações da marca no Brasil.
"Hoje marca um momento crucial à medida que iniciamos as discussões sobre a integração de negócios que tem o potencial de moldar nosso futuro. Se realizado, acredito que, unindo os pontos fortes de ambas as empresas, podemos oferecer valor incomparável aos clientes em todo o mundo que apreciam nossas respectivas marcas. Juntos, podemos criar uma maneira única para que eles aproveitem os carros de uma forma que nenhuma das empresas conseguiria sozinha", afirmou Makoto Uchida, CEO da Nissan.
Nos próximos meses, a Nissan e a Honda vão estabelecer um comitê preparatório de integração para facilitar uma integração suave e que conduzirá discussões focadas. As empresas também vão passar por um processo de due diligence, uma etapa que investiga os possíveis ganhos e riscos de uma transição deste porte entre empresas e investidores.
"A criação de um novo valor de mobilidade reunindo os recursos, incluindo conhecimento, talentos e tecnologias que a Honda e a Nissan vêm desenvolvendo ao longo dos anos é essencial para superar as desafiadoras mudanças que a indústria automobilística está enfrentando", declarou Toshihiro Mibe, diretor e REO da Honda.
Em nota à imprensa, a Honda e Nissan detalharam um pouco mais sobre o plano de fusão entre as duas marcas. Dentre as possíveis novidades, estão a padronização de plataformas para os carros, reduzindo os custos e o tempo de desenvolvimento, a aceleração na oferta de diferentes motorizações – incluindo híbridas e elétricas, compartilhamento de tecnologias de software, pesquisa, desenvolvimento e inteligência artificial.
As duas marcas também esperam otimizar a produção em suas fábricas, com linhas de fabricação compartilhadas, ganho em escala na compra de suprimentos, além da cooperação em áreas de vendas, crédito, operações e recursos humanos. Até janeiro de 2025, a Mitsubishi – que hoje faz parte da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, finalizará o acordo para fazer parte ou não da integração.
O acordo entre a Nissan e a Honda ainda levará alguns meses para ser concretizado. As duas marcas terão um percentual de ações de cada uma, formando uma holding das empresas, que continuarão existindo. A ideia é executar um acordo definitivo até junho do ano que vem, com reuniões de acionistas em abril de 2026. A transferência efetiva de ações deve ocorrer em agosto de 2026.
A taxa para a transferência de ações será determinada no momento da conclusão do acordo final. A determinação será baseada nos resultados de due diligence, em avaliações e nos valores das ações. A Honda nomeará a maioria dos diretores da nova holding. Outros detalhes sobre a parceria devem ser divulgados nos próximos meses.