Hyundai testa no Brasil SUV a hidrogênio com etanol com alcance de 660 km
Hyundai Nexo tem 163 cv de potência combinada entre a célula de combustível e o motor elétrico, sem emitir gases poluentes
A Hyundai é uma das poucas montadoras no mundo que mantêm uma firme aposta no carro a hidrogênio como solução para a mobilidade zero emissão de carbono. Agora o Brasil ganha relevância no projeto global com a chegada do Hyundai Nexo, um SUV movido a hidrogênio a partir do etanol com alcance de 660 km.
Uma unidade do SUV Hyundai Nexo começa a operar em testes na USP (Universidade de São Paulo), no campus da Cidade Universitária (Butantã), onde fica a primeira estação de abastecimento de hidrogênio renovável a partir do etanol do mundo.
O Hyundai Nexo em testes é um SUV crossover de 4,67 m de comprimento e 2,79 m de entre-eixos. Ele tem um porte maior do que o do Hyundai Tucson, que foi seu antecessor a hidrogênio (Tucson FCEV). A Hyundai trabalha em carros a hidrogênio desde 1998. Nos EUA, a Hyundai tem um incrível caminhão a hidrogênio.
O posto de abastecimento da USP vai permitir que a Hyundai e o Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) avaliem a pureza do hidrogênio produzido a partir do etanol em aplicação em veículos de passeio com longa autonomia e operação em rotas variadas. Isso expande a abrangência dos testes para além do transporte público.
O Hyundai Nexo a hidrogênio chegou ao Brasil no primeiro semestre de 2024 para um programa de demonstração após encontros entre o coreano Euisun Chung, Chairman do Grupo Hyundai Motor, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além do reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Jr.
Após participar de eventos de demonstração em diversas cidades brasileiras, o Hyundai Nexo a hidrogênio inicia uma nova etapa, agora incorporado ao projeto de pesquisa e desenvolvimento para a produção de hidrogênio a partir da reforma do etanol do RCGI da USP.
Com potência combinada de 163 cv entre a propulsão de célula de combustível e o motor elétrico, o Hyundai Nexo armazena o hidrogênio em tanques de alta pressão. Esse hidrogênio depois é combinado com o oxigênio do ar na célula de combustível, gerando eletricidade que alimenta o motor elétrico.
A exemplo dos carros elétricos a bateria, este processo não emite gases poluentes, mas tem a vantagem de carregamento rápido, cerca de 5 minutos, com grande autonomia (mais de 660 km no ciclo WLTP europeu).
Entretanto, o custo de implantação das estações de hidrogênio é muito alto e isso levou várias montadoras a desistirem de sua implantação. A Toyota, por exemplo, disse que está reavaliando o projeto e isso deixou clientes do Mirai em dificuldades nos Estados Unidos. A Toyota tem um Corolla Cross a hidrogênio em testes na USP.
Apedar das dificuldades e dos desafios, a Hyundai segue acreditando que o hidrogênio pode ser uma ótima alternativa para a descarbonização. O Hyundai Nexo tem mais de 38 mil unidades comercializadas no mundo e também incorpora várias tecnologias de segurança, conectividade e assistência à condução.
No último trimestre do ano passado a Hyundai apresentou o carro conceito Inition, que deve inspirar a nova geração do Nexo, com um design futurista e a frente muito parecida com os carros da nova linha de produtos da marca coreana. A produção do Novo Nexo está prevista para 2026.
Segundo a Hyundai, além de não emitir poluentes, o Nexo contribui ativamente para a melhoria da qualidade do ar. “Para que um ar extremamente limpo entre em contato com o hidrogênio e gere energia, um sistema de filtragem de alta performance remove a maior parte das micropartículas, como poeira e pólen, purificando o ar ao seu redor e beneficiando a saúde de todos”, disse a empresa num comunicado à imprensa.
Além de ser o elemento mais abundante do universo, o hidrogênio é considerado uma das principais fontes de energia limpa para o futuro. Ao contrário dos combustíveis fósseis (e do próprio etanol durante a utilização nos carros a combustão), ele gera apenas vapor d’água, eletricidade e calor, sem emissão de gases de efeito estufa ou partículas finas.
Especialistas do setor automotivo consideram que o hidrogênio será uma grande solução de transporte rodoviário limpo para os caminhões, pois eles viajam com uma rota programada e, assim, é possível instalar postos de abastecimento de hidrogênio apenas nas pontas, o que reduz o custo dos investimentos.
A Hyundai também atua nos segmentos de caminhões e ônibus a hidrogênio, no exterior, mas para o Brasil, no momento, está focada nos automóveis. A chinesa GWM, ao contrário, está trabalhando num projeto de caminhão a hidrogênio para o Brasil.