Impressões: novo Countryman JCW é reserva emocional da Mini
Já dirigimos o Mini Countryman John Cooper Works em sua nova geração, que tenta ser cada vez mais familiar sem perder a essência
O novo Mini Countryman John Cooper Works é uma reserva emocional da marca britânica. Num mundo ideal, ele nem seria mais fabricado, pois emite muito CO2 enquanto roda: de 177 a 187 g/km. Mas, enquanto tenta convencer seus clientes a comprarem carros elétricos, a Mini não abre mão de atender os consumidores que ainda preferem um motor a combustão 2.0 turbo na faixa dos 300 cavalos.
No recente test drive que fizemos nas ruas e estradas de Portugal com a nova geração do Mini Countryman, isso ficou evidente. Para começar, o carro disponível na Europa tem 17 cv a menos do que o que deve ser vendido no Brasil. Tudo para atender a legislação, cada vez mais rígida para reduzir as emissões de carbono.
Isso tornou o novo Countryman JCW europeu até um pouco dócil. Apesar de carregar o nome John Cooper Works, que remete a carros preparados pelo lendário piloto inglês, o Countryman JCW parece ter um ajuste de câmbio focado na economia. Rodando a 80 km/h, no modo Sport, ele se recusa a reduzir marchas num kick down que o levará até 120 km/h.
Não que o novo Countryman JCW seja “manco”; pelo contrário. Ele é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 5,4 segundos, um número digno. Mas o novo Countryman parece ter fica um pouco mais comportado, mais familiar, com um ajuste de motor e câmbio mais previsível. Pelo nome John Cooper Works cravado na carroceria, esperávamos um pouco mais de emoção nas retomadas de velocidade.
Faz sentido, pois o SUV da Mini ficou mesmo mais familiar. Para início de conversa, ele cresceu 13 cm no comprimento e 6 cm na altura. O espaço interno melhorou bastante, bem como o porte do carro, que cada vez mais se afasta de sua origem: ser mini, ou seja, minúsculo. Poderia até se chamar Maxi Countryman.
A bem da verdade, desde que a BMW comprou a Mini, o Countryman surgiu para quebrar paradigmas. Na primeira geração (2010) era praticamente um hatch de 5 portas elevado e foi fabricado no Brasil. Na segunda geração (2017), passou a usar a plataforma do BMW X1 e cresceu. Agora ficou ainda maior e divide a plataforma com o BMW X2 na fábrica de Leipzig, Alemanha. Trata-se, portanto, de um SUV compacto superior (para não dizer médio).
Dentro do que a Mini se propôs, o novo Countryman ficou ótimo. Esta versão John Cooper Works é cheia de adereços que realçam a esportividade e tem respostas mais rápidas na direção, no câmbio e no freio. Só que nem de longe lembra os esportivos do passado, que eram duros e ariscos. O Mini Couyntryman JCW, ao contrário, é bastante dócil, com suavidade na curva de torque e potência.
Mesmo sendo mais “altinho” do que o Mini Hatch, o novo Countryman JCW oferece ótima posição de dirigir, rodar suave e muito conforto para quem está a bordo. O volante de direção é bem grosso e tem uma cinta no raio inferior. A borboleta para trocas de marcha é bem discreta, com aletas muito pequenas.
O melhor do novo Mini Countryman talvez esteja no display central Oled, que é sensacional. O carro oferece oito diferentes “experiências” pelo botão de comando na parte inferior do centro do painel. Aliás, também há botão físico para controle do áudio e a “chave” é de girar. Adoramos.
O motorista pode escolher desde o modo Green até o Go Karting, que emite um ronco de motor e solta um grito masculino (uhuuuu), passando pelo Vivido e pelo Heritage, que traz um visual dos anos 1950 e 1960. Sempre que o display muda, o projetor que substitui o quadro de instrumentos também muda.
Aliás, um detalhe curioso e que não nos agradou muito, talvez por falta de costume: o Mini Countryman da nova geração não tem nem quadro de instrumentos nem Head-up Display. Os números de velocidade e outros são refletidos numa placa de acrílico à frente do vidro.
Rodamos cerca de 75 km com o novo Mini Countryman JCW na região de Cascais e Lisboa, sendo metade dessa quilometragem como passageiro. Portanto, não podemos cravar uma opinião final e tampouco dar notas para o novo Countryman JCW, pois as condições de rodagem no Brasil são diferentes.
Nessas primeiras impressões ao dirigir, entretanto, podemos afirmar que o Countryman John Cooper Works, com seu motor 2.0 turbo a gasolina, é mesmo uma reserva emocional da Mini enquanto o Countryman elétrico não conquista todo seu espaço. Publicaremos as impressões do inédito Mini Countryman SE Electric no dia 27 de fevereiro.
A Mini não confirmou quando começará a vender o novo Countryman JCW. Se vier com o motor mais potente, terá consumo pior do que o divulgado na Europa. Veja abaixo os dados do carro que dirigimos em Portugal.
- Potência: 300 hp (304 cv)
- Torque: 400 Nm
- 0 a 100 km/h: 5s4
- KML: 12,0 a 12,8
- Emissão de CO2: 177 a 187 g/km
- Preço: não divulgado