Novo Hyundai Creta: análise das mudanças e primeiras impressões
Hyundai Creta mudou o visual, ganhou motor de 193 cv, tem lista de itens de série mais recheada e superou todas as resistências ao design
Lançado em 2017, o Hyundai Creta acumula mais de 430 mil unidades vendidas no Brasil. No mapeamento de vendas deste ano, o SUV da marca coreana é o terceiro mais vendido da categoria.
Vale começar essa conversa relembrando que quando ele estreou sua nova geração no nosso mercado em 2021 ela não foi tão bem recebida quanto a Hyundai esperava. Mas tanto o SUV quanto o seu irmão HB20 tiveram o mesmo destino: foram esmagados pela crítica em relação à sua aparência, mas deram uma surra nas vendas.
O brasileiro é um dos povos que mais se preocupa com aparência, e não só a própria. A aparência de um carro é um dos fatores que mais podem determinar o sucesso ou o fracasso de um carro por aqui. Mas claro que não é o único. O que queremos explicar é que o Hyundai Creta tem tantos atributos que agradaram os consumidores tupiniquins que conseguiu driblar com maestria os seus problemas de imagem e cavou uma vaga na garagem de milhares de brasileiros.
Três anos depois do lançamento da segunda geração do Creta, a Hyundai decidiu que já era hora de deixar para trás os ruídos de design e dar ao consumidor exatamente o que eles queriam: um SUV como o Creta, mas sem invencionismos visuais. Que passasse um ar mais robusto e menos futurista. Mas com alguns toques de modernidade talvez...
Além disso, alguns simpatizantes do Hyundai Creta também sonhavam com um motor mais eficiente na versão topo de linha. O fabricante coreano também atendeu a esse pedido e aposentou o velho motor 2.0 aspirado para substituí-lo pelo motor 1.6 turbo de 193 cv. Digamos que nesse quesito ela conseguiu até superar as expectativas, afinal, ele acaba de deixar o título de patinho feio para assumir o posto de SUV mais potente da categoria.
Realmente a Hyundai sabe ouvir o cliente. Mais do que isso, ela foi cirúrgica nas soluções. Não perdeu tempo tentando melhorar coisas que já agradavam o público, mas direcionou suas energias para o que precisava de mudança. Muitos terão a impressão de que o Creta passou por muitas alterações para um facelift de meio ciclo de vida. Porém, não é bem assim. É que quando se mexe no que de fato incomoda, a mudança parece muito mais radical.Vamos listar aqui as quatro principais mudanças do novo Hyundai Creta.
1º - Design externo completamente novo
Embora ainda estejamos falando da mesma geração, o Creta praticamente renasceu. A dianteira foi completamente redesenhada. Desde o capô até a tampa do porta-malas. Apenas a lateral permanece a mesma. Foi quase um 360 visual. Se na estreia da geração tínhamos um Creta com que chamava atenção pelos elementos estéticos fragmentados, agora a Hyundai apostou em componentes integrados.
A nova grade se une aos faróis. As lanternas são interligadas uma à outra, seguindo uma tendência cada vez mais forte do mercado automotivo. Também chama atenção que a Hyundai abandonou por completo as linhas abstratas para aderir às linhas mais retilíneas. Isso traz mais robustez para o design do carro, que é justamente um dos atributos preferidos pelos consumidores desse segmento.
As rodas também são novas. As versões de entrada são equipadas com rodas aro 16, a N Line com rodas aro 17 e a versão Ultimate com rodas aro 18. A gama de cores também ganhou duas novas opções de pintura: Cinza Shadow e Cinza Shadow dual tone.
2º - Design interno
O Hyundai Creta também passou por mudanças significativas no habitáculo. Desde os controles do ar-condicionado que ficam logo acima do console, tudo é novo. Porém, essa foi a parte que menos nos agradou. A antiga central foi substituída por uma multimídia interligada ao painel de instrumentos. Seguindo uma tendência do segmento premium. Apesar de gostarmos muito da junção das telas em modelos da Mercedes-Benz, BMW e Audi, no Creta a adesão não foi tão bem executada.
A tela não é flutuante e sim acoplada ao painel; é quase uma central multimídia de tudo. Não é tão agradável aos olhos. Acabou encurtando muito o painel, que inclusive continua sendo todo em plástico duro. É inaceitável para um modelo que custa R$ 190.000. Não se engane: na foto parece não ser plástico, mas é.
Outro ponto que gerou incomodo foram os botões. Próximo aos botões do ar-condicionado tem atalhos para outras funções. Só que são tantos botões (23) que nem dá mais para chamar de atalho. Digamos que ficou exagerado. Até quem prefere os botões físicos pode se incomodar. Mas realmente esse ponto é muito mais pessoal do que técnico.
Ainda no habitáculo, precisamos falar de outra escolha injustificável. Na versão topo de linha, o banco do motorista conta com ajustes elétricos para encosto e distância. Mas o ajuste de altura é manual. Simplesmente uma economia que não faz sentido para um carro dessa faixa de preço. Pelo menos a refrigeração do banco do motorista acaba compensando um pouco. Esse sim é um diferencial para a categoria.
De todas as mudanças do Hyundai Creta, as que menos agradaram são as do interior. Para fazer todas essas alterações sem elevar o custo do carro, pelo menos não inicialmente, a Hyundai abriu mão de itens básicos, como um acabamento de maior qualidade no painel e todos os ajustes elétricos pelo menos no banco do motorista. Apesar de gerar um pouco de indignação, não é algo grave ou que vá comprometer as vendas do modelo.
3º - Novo motor 1.6 turbo de 193 cv
O motor 1.6 turbo de 193 cv e 265 Nm é a cereja do bolo. É mais potência do que esperávamos. E com certeza o título de SUV mais potente da categoria fará muito bem para a reputação do Creta. Para ir de 0 a 100 km/h são necessários 7,8 segundos e pode ele chegar até 210 km/h. Não dirigimos o modelo nas ruas ou nas estradas – nossa experiência ao volante se restringiu as pistas do Circuito Panamericano. O asfalto perfeito torna o ambiente muito favorável.
O Creta já era um carro muito gostoso de guiar. Mas com o motor 1.6 turbo ele foi para outro patamar. Além do conforto ao dirigir, ele está muito mais divertido, mostrando muita agilidade ao receber as solicitações do acelerador. Também está muito interessante nas curvas, passando segurança, mesmo em velocidades mais altas.
4º - Novos itens de série
Todas as versões ganharam algum item de série. Mas a Ultimate foi a que teve o melhor upgrade. Na sua lista de equipamentos agora consta: assistente de ponto cego, frenagem autônoma de emergência de tráfego cruzado e alerta de saída segura do veículo.
Preços
Para finalizar, vamos falar dos preços. A Hyundai não só manteve as mesmas cinco versões, como também os mesmos valores, apesar de todas as mudanças.
A única exceção é a configuração topo de linha Ultimate que teve um acréscimo de R$ 2.000 (ok, se considerarmos o novo motor). Sendo assim, o Creta continua partindo de R$ 141.890 e vai até R$ 189.990. Vale relembrar que não é a primeira vez que a Hyundai adota essa estratégia. É uma ótima forma de incentivar ainda mais as vendas.
- Creta Comfort 1.0 TGDI AT6- R$ 141.890
- Creta Limited 1.0 TGDI AT6 - R$ 156.490
- Creta Platinum 1.0 TGDI AT6 - R$ 172.690
- Creta N Line 1.0 TGDI AT6 - R$ 182.090
- Creta Ultimate 1.6 TGDI 7DCT - R$ 189.990