O novo carro popular de 2023: medidas certas ou populistas?
BRABA DO FREIRE: Os “novos” carros populares terão atrativos para sere comprados ou o cliente vai preferir modelos seminovos mais completos?
Veio a pandemia, a crise dos chips, férias coletivas, escassez de produtos e modelos, e após 3 anos, apenas 8 carros estão com preços abaixo de R$ 100 mil reais no Brasil.
Com o intuito de evitar uma crise ainda maior e demissões em massa, e até mesmo, aquecer o mercado automotivo (responsável por cerca de 22% de toda indústria brasileira e milhões de empregos direto e indiretos), o governo federal pretende anunciar no dia 25 de maio um “pacotão” de incentivos e quem sabe a viabilização para um retorno do carro popular em 2023. De volta aos anos 90? Nem tanto, nem tampouco.
Mas hoje, Renault Kwid e Mobi disputam o título de carro mais barato do Brasil beirando os R$ 70 mil reais. E para oferecer um carro por R$ 10 mil a menos, haverá um corte de equipamentos, inevitável, e corte de imposto: 8% de IPI. E ainda há um lobby para corte do ICMS e rumores de utilização do FGTS como garantia para bancos oferecerem mais crédito e juros mais baixos para os compradores que tenham disponibilidade para tal.
Medidas certas ou populistas? E as montadoras apoiam essas ideias? E os economistas? Vale a pena? É possível? É real ou sonho? Tem sustentabilidade para isso? Vamos debater, conversar e discutir o assunto e até soluções para a mobilidade urbana? Ou isso não é possível e cabível? Se for para o bem de todos, vamos apostar e acreditar. Não é verdade?
Acredito que um dos grandes problemas do país, e sempre falo isso com os colegas e amigos do segmento, é sem dúvida alguma o transporte público no Brasil. Muito deficitário e muitas vezes falho e ineficiente em boa parte das capitais e estados brasileiros. Basta observar os pontos de ônibus e os veículos superlotados, em muitos casos, precários e uma estrutura defasada. Salvo engano raríssimas exceções. Ou não é?
“Mas Freire, isso é outro assunto e você é contra a redução dos impostos e dos preços dos carros?”, algum de vocês ou quem sabe todos podem me contestar. Concordo em partes com quem faz esse comentário e essas perguntas. Porém, essa discussão e este assunto fazem parte do mesmo ecossistema e da mobilidade urbana brasileira. Precisamos continuar discutindo isso sempre e qualquer momento, até termos uma solução.
E os pontos a serem discutidos, analisados e pensados são justamente esses: quais os projetos e soluções para o transporte público de massa no Brasil? As medidas para redução dos preços dos carros são reais, sustentáveis e terão consequências positivas para geração de emprego e renda? E a perda de arrecadação será compensada como? Os “novos” carros populares terão atrativos para ser comprados ou o cliente vai preferir modelos seminovos mais completos e com preços melhores?
Como todas as questões e situações na economia e principalmente no segmento automotivo, essa é bem complexa e não deve ser tratada de forma rasa e superficial. E o debate precisa e deve ser amplo e repleto de argumentos plausíveis e sustentados.
No Dia da Indústria, 25 de maio, vamos aguardar as medidas e analisar se todas as sugestões e possibilidades serão realmente verdadeiras, possíveis e viáveis. E devemos cobrar e exigir por condições melhores para toda a população, segmentos e setores da economia. Ouvindo e debatendo as sugestões e opiniões de todos os envolvidos direta e indiretamente. E claro, vamos torcer por veículos melhores, mais seguros, viáveis e disponíveis para cada público e possibilidade. Assim como, por dias melhores e transporte público de qualidade para todos. Empregos e uma economia forte para todos.