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Peugeot 208 e Fiat Cronos podem sair do mercado com vitória de Milei?

Novo presidente argentino considera Lula “comunista” e já ameaçou romper relações com Mercosul, China e Rússia; entenda o que está por vir

20 nov 2023 - 15h59
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Peugeot 208 Road Trip 2024: fabricado na Argentina e vendido no Brasil sem Imposto de Importação
Peugeot 208 Road Trip 2024: fabricado na Argentina e vendido no Brasil sem Imposto de Importação
Foto: Sergio Quintanilha / Guia do Carro

A vitória do candidato de extrema-direita na Argentina, Javier Milei, pode tirar do mercado alguns carros bem vendidos no Brasil, como o Peugeot 208, o Fiat Cronos, o Volkswagen Taos e o Toyota Hilux? Esses modelos são produzidos na Argentina e são vendidos no Brasil dentro do regime de livre comércio do Mercosul.

“Não só não farei negócios com a China, como não farei negócios com nenhum comunista”, disse Milei na campanha para presidente da Argentina. “Sou um defensor da liberdade, da paz e da democracia. Os comunistas não se enquadram nisso, nem os chineses, nem Putin, nem Lula.” (Autoo)

Embora os analistas considerem isso uma bravata de campanha, se levar o plano adiante Milei pode romper com o Mercosul. Dessa forma, a Argentina deixaria de ter um livre comércio com o Brasil. E os carros fabricados lá e vendidos aqui teriam que pagar Imposto de Importação.

A Argentina fabrica muitos carros vendidos no Brasil, como Fiat Cronos, Peugeot 208, Peugeot 2008, Volkswagen Taos, Volkswagen Amarok, Toyota Hilux, Nissan Frontier e Ford Ranger. Tirar os carros do mercado brasileira seria uma decisão drástica por parte das montadoras estabelecidas no Brasil, mas dependeria de quanto eles pagariam de imposto.

Segundo a Anfavea, em 2022 o Brasil licenciou 198.412 veículos produzidos na Argentina. As importaçõies da Argentina representram 20,6% da indústria automobilística. Mas as exportações somam 27,8%. Em 2022 o Brasil arrecadou US$ 1,867 bilhão com os carros vendidos à Argentina, mas pagou US$ 4,652 bilhões nas importações do mesmo país.

Em 2017, a balança comercial era outra: o Brasil exportou R$ 7,163 bilhões e importou US$ 3,263 bilhões em veículos negociados com a Argentina. Os números são da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

Outra possibilidade que começa a ser considerada por analistas é que os carros fabricados na Argentina fiquem mais caros no Brasil. Nos dois casos, entretanto, a Argentina parece ter menos a perder do que o Brasil, pois importa muitos carros nacionais também no regime de livre comércio.

“Resta saber se as promessas de campanha serão de fato mantidas durante o governo. Milei não conta com maioria no Legislativo, o que exigirá dele acordos com políticos moderados como o ex-presidente Mauricio Macri e a candidata derrotada Patricia Bullrich, do partido PRO”, disse o site Autoo.

Se Milei fechar as portas para a China, isso pode até ajudar o Brasil, em termos econômicos, pois as montadoras chinesas concentrariam seus investimentos no Brasil. O que pode haver, se a Argentina sair do Mercosul, é complicar a situação de alguns modelos.

De todos os carros citados, apenas dois são fundamentais para as operações das montadoras estabelecidas no Brasil: o Toyota Hilux e o Ford Ranger. Os dois modelos deixam altas margens de lucro nos cofres das Toyota e da Ford.

A Fiat pode viver bem sem o Cronos e a Volkswagen também pode sobreviver sem o Taos e a Amarok. A Nissan sofreria sem a Frontier, mas a Peugeot e a Ford praticamente desapareceriam do mercado sem o 208, o 2008 e a Ranger. Restariam para o Brasil os demais países da América do Sul, além do México, para o livre comércio automotivo.

Guia do Carro
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