Peugeot e Citroën ainda têm um longo caminho a percorrer no Brasil
Apesar dos bons lançamentos de 2023, Peugeot e Citroën perderam participação no mercado brasileiro e estão mais longe da meta
Peugeot e Citroën tiveram queda de vendas e de participação de mercado em 2023 após uma ótima arrancada em 2022. Mesmo com o mercado crescendo, elas ficaram como 10ª e 11ª marcas mais vendidas, respectivamente, ainda longe do objetivo de 5% de participação de mercado.
Peugeot e Citroën ainda têm um longo caminho a percorrer no Brasil antes de chegarem à meta de somar 5% de participação de mercado e estarem juntas no ranking das 10 marcas mais vendidas. Depois de uma ótima arrancada em 2022, as duas marcas francesas da Stellantis perderam vendas e participação de mercado em 2023.
Curiosamente, a Peugeot e Citroën divulgaram comunicados celebrando o desempenho no ano passado. Isso porque as duas marcas fizeram referência aos prêmios conquistados com os novos modelos e focaram em nichos específicos. Mas, numa visão geral do mercado, não foi bem assim.
Juntas ou isoladamente, Peugeot e Citroën tiveram queda em praticamente todos os índices (veja no quadro abaixo). Num mercado que cresceu 11,33%, elas caíram de 3,77% para 3,08% de participação.
Mas, calma! Então a Peugeot e a Citroën estão no caminho errado? Não! Não mesmo. Os dois últimos lançamentos da dupla francesa foram excelentes. O Peugeot 208 Turbo foi eleito o Melhor Hatch no Prêmio Trend Car 2024. O Citroën C3 Aircross é um SUV turbo familiar que mostrou bons atributos na estreia. E o Citroën C3 fechou o ano como um dos cinco B-hatches nacionais mais vendidos no varejo.
O que acontece é que a disputa no mercado ficou ainda mais acirrada do que estava em 2021 e 2022. Como as duas marcas estavam muito aquém de seu potencial, num primeiro momento foi mais fácil levantá-las. A Peugeot cresceu com o 208 equipado com o motor 1.0 de 3 cilindros da Fiat. A Citroën se reinventou com o Novo C3, um hatch que lembra um SUV.
Em 2023, o Brasil emplacou 2,179 milhões de automóveis de passeio e comerciais leves. Um bom salto em relação ao 1,957 milhão de unidades registradas em 2022. Porém, mesmo com um mercado maior, a Peugeot caiu de 41.767 para 34.910. Manteve a 10ª posição no mercado.
A Citroën teve um levíssimo acréscimo de 32.121 unidades em 2022 para 32.280 em 2023. Mas sua participação de mercado recuou de 2,03% para 1,87%. A marca ganhou uma posição no ranking, passando de 12º para 11º lugar, mas foi principalmente em função da queda da Caoa Chery, que também teve um ano com menos vendas do que na temporada anterior.
Mesmo no segmento de comerciais leves, em que os modelos Peugeot Expert e Citroën Jumpy contam com versões elétricas, os volumes foram menores. A Peugeot desceu de 5.817 unidades para 3.876. A Citroën recuou de 2.830 para 1.837 unidades. O mercado de comerciais leves, entretanto, cresceu de 380,7 mil para 458,5 mil unidades – um salto de 20,44%
Algumas coisas precisam ser consideradas. A Peugeot e a Citroën ainda não romperam totalmente o preconceito que o público brasileiro insiste em manter com as marcas. Durante o ano, a associação de revendedores da Citroën deixou vazar uma carta à Stellantis na qual dizia que o C3 era uma carro de qualidade duvidosa. Um verdadeiro tiro no pé por causa de uma desavença interna entre o fabricante e os distribuidores.
As duas marcas estão bem posicionadas em alguns nichos, mas os volumes são pequenos. O Citroën ë-Jumpy foi o VUL elétrico mais vendido do país. A Peugeot está bem posicionada nas faixas mais altas dos hatches (turbinados e elétricos). O Peugeot e-2008 elétrico não teve todo seu potencial aproveitado – é um ótimo carro, mas tinha o preço muito salgado. O fantástico Citroën Ami não pode ser homologado para rodar nas ruas brasileiras.
O Peugeot 2008 e o Citroën C4 Cactus são dois bons SUVs, mas ficaram defasados em relação à concorrência. Talvez as duas marcas (especialmente a Citroën) devessem ter sido mais generosas nos descontos promocionais. Finalmente, nenhuma das duas tem uma picape para chamar de sua.
Bem, na verdade a Peugeot tem, e ela se chama Landtrek. Mas, por decisão da Stellantis, o que seria uma picape Peugeot Landtrek vai ser uma picape Fiat Titano. Ótimo para a Stellantis, mas não deixa de ser uma barreira para o crescimento da Peugeot no Brasil.
No início do ano passado, a dupla Peugeot e Citroën estava a apenas 1,23 ponto percentual de atingir a meta conjunta de 5% no mercado brasileiro. Agora estão a 1,92 pp. da meta. A decisão sobre os carros Bio-Hybrid da Stellantis serão fundamentais para sabermos se a Peugeot e a Citroën estão mesmo no jogo ou se serão marcas decorativas para o sucesso da Fiat, da Jeep e da Ram.