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Pneu infinito? Não caia nessa bobagem, para sua própria segurança

A ideia do pneu "infinito" é boa demais para ser verdade. Veja os riscos que eles trazem, conforme explica especialista da Continental Pneus

1 nov 2023 - 10h48
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Pneu "infinito" é uma ideia boa demais para ser verdade; não há milagre
Pneu "infinito" é uma ideia boa demais para ser verdade; não há milagre
Foto: Continental / Guia do Carro

A proposta do pneu "infinito" é tentadora e a ideia parece ser genial: um pneu que dura virtualmente para sempre e que custa pouco.

A tecnologia por trás da ideia do pneu "infinito" não é nada original. Ela envolve submeter um pneu de passeio comum a um processo de recapagem no qual uma banda de rodagem destinada ao uso em veículos comerciais (van, caminhão ou microônibus) é aplicada.

Seus criadores ainda oferecem uma grande variedade de medidas e dizem que não estão conseguindo atender a todos os pedidos, o que é ainda mais preocupante.

"Essa proposta parte de um pressuposto, totalmente errôneo, de que é possível fazer economia através do comprometimento da segurança", explica Rafael Astolfi, gerente sênior de serviços técnicos ao cliente da Continental Pneus Américas.

"Tecnicamente, tal prática apresenta diversos problemas conceituais, mas talvez o principal seja a aplicação de uma banda extremamente pesada em uma carcaça pequena", acrescenta Astolfi. "Na operação de veículos de carga esse problema é um velho conhecido: bandas pesadas tentem a fatigar mais rapidamente as carcaças, aumentando a possibilidade de que elas se desprendam mais facilmente."

Não é possível ir contra a Física: a força centrífuga envolvida na operação do pneu é mais alta, o que implica em uma maior massa em rotação. Por sua vez, isso requer uma excelente adesão entre a banda a e carcaça. E para se obter essa adesão uma boa cola não basta. É preciso ter área de contato suficiente.

A partir daqui fica mais fácil identificar que a proposta do pneu "infinito" não é uma solução, mas sim um problema.

Os membros da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), entre os quais está a Continental, se posicionam a favor da recapagem a frio ou a quente de pneus de carga – uma vez que eles são projetados para receber esse processo, mas contra a recapagem, recauchutagem e remoldagem de pneus de passeio, vans e camionetas (exceto vans que são originalmente equipadas com pneus 215/75 R17.5)

A razão é simples:  os pneus de passeio, vans e camionetas são produzidos com lonas de corpo (carcaça) empregando tecidos têxteis, naturais ou sintéticos. Elas são mais adequadas ao uso sob altas velocidades, tendo como contrapartida o fato de serem menos tolerantes à fadiga (stress-cracking).

Por essa razão, apresentam vida útil mais curta em comparação com os pneus de carga, que possuem estruturas de carcaça feita de aço e que tiveram essa condição prevista em seu projeto, desde sua concepção até a sua produção.

Outro problema está no fato que os requisitos normativos em vigor não demandam a identificação da carcaça de origem do pneu remoldado, deixando o consumidor susceptível a misturar carcaças diferentes, com comportamentos dinâmicos diferentes, em um mesmo eixo, gerando desequilibro no veículo.

É perfeitamente possível que carcaças perigosamente fadigadas sejam utilizadas para produzir pneus "infinitos", que podem terminar com um final trágico.

O pneu "infinito" leva o consumidor menos informado a adquirir um produto com integridade estrutural bastante comprometida pelo uso, já sem nenhuma cobertura de garantia para a carcaça do pneu de seu fabricante original, ainda que as empresas que atuam neste segmento tenham seu processo produtivo aprovado por amostragem pelo Inmetro.

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