Projeto nacional dá segunda vida a baterias de carros elétricos
Projeto desenvolvido pelo CPQD em parceria com a CPFL e a BYD dá segunda vida a baterias de veículos elétricos
A bateria é o principal componente dos veículos eletrificados – 100% elétricos, híbridos puros e híbridos Plug-In -. Que compõem o segmento que vem crescendo em todo o mundo em função, principalmente, dos esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
Contudo, é normal que, após alguns anos de uso – e de muitos ciclos de recarga –, a bateria comece a perder capacidade e já não consiga atingir a carga máxima, o que tem reflexos na autonomia do veículo elétrico. O que fazer com essas baterias que não são mais adequadas ao uso em veículos, mas ainda têm boa parte de sua capacidade preservada?
Esse é o foco de um projeto inovador que vem sendo desenvolvido pelo CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) em parceria com a CPFL Energia e a montadora BYD, dentro de chamada pública da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), lançada em 2019, voltada à criação de soluções na área de Mobilidade Elétrica Eficiente.
“Trata-se de um projeto estratégico de pesquisa e desenvolvimento que já nasceu dentro do conceito de Rise - Rede de Inovação do Setor Elétrico”, afirma Aristides Ferreira, gerente de soluções em sistemas de energia do CPQD. “O objetivo é desenvolver uma solução destinada a dar uma segunda vida para baterias de lítio-íon usadas em veículos elétricos”, acrescenta.
Ele explica que, dependendo do uso, a duração de uma bateria de lítio-íon em carro elétrico é de aproximadamente 8 a 10 anos – a partir daí, aumenta a percepção do usuário da perda de autonomia do veículo, uma vez que a bateria sofre uma redução da sua capacidade de armazenar energia.
Com o projeto de segunda vida, é possível dar a ela mais 5 a 10 anos de uso em aplicações diferentes, como o armazenamento de energia gerada por sistemas fotovoltaicos e outras fontes intermitentes, ou como backup em estações de telecomunicações, por exemplo.
Vitor Arioli, pesquisador da área de sistemas de energia do CPQD, conta que o desenvolvimento do projeto começou com a realização, em laboratório, de vários ensaios e medições em baterias de ônibus elétricos degradadas, fornecidas pela BYD.
“A bateria de lítio-íon é composta por várias células, que formam um conjunto”, explica. “O trabalho no laboratório envolveu a análise de cerca de 500 células fornecidas pela BYD e, com base nisso, desenvolvemos uma metodologia para avaliação e seleção das células mais adequadas para compor uma bateria de segunda vida”, destaca Arioli.
O próximo passo será uma PoC (prova de conceito) na Unicamp, onde está instalada uma planta de geração de energia fotovoltaica. “Nesse caso, a intenção é fazer avaliações destinadas a garantir a qualidade da energia da rede elétrica com o uso dessa bateria de segunda vida”, revela Aristides Ferreira.
Essa prova de conceito irá encerrar o projeto – seu término está previsto para setembro – e, a partir daí, a tecnologia estará pronta para ser transferida para a empresa responsável pela fabricação e comercialização no mercado da bateria de segunda vida.