Retirar catalisador do carro pode render multa e aumenta a poluição
Retirada do componente não melhora o desempenho do veículo, prejudica o meio ambiente e pode resultar em retenção do carro
Embora seja item obrigatório em todos os carros a combustão vendidos no Brasil há décadas, o catalisador ainda é um componente pouco conhecido e, por isso, é alvo de fake news constantemente.
Por esse motivo, a Umicore, empresa especialista em tecnologias para redução de emissões de poluentes e uma das principais fabricantes de catalisadores automotivos do mundo, esclarece algumas das principais dúvidas sobre o componente, que também é chamado de conversor catalítico.
A peça, que fica no sistema de escape do veículo, é responsável por transformar os gases poluentes gerados durante a queima do combustível no motor em substâncias menos agressivas ao meio ambiente.
O catalisador consiste em uma cápsula que contém um substrato, cerâmico ou metálico, com elementos ativos que transformam gases nocivos em água, gás carbônico e nitrogênio. Ou seja, a peça é essencial para o controle de emissões de poluentes e a sua retirada não resulta em aumento de potência do motor, por exemplo.
De acordo com Miguel Zoca, gerente sênior de tecnologia aplicada da Umicore, os veículos produzidos a partir de 2014 possuem sondas de monitoramento do catalisador que retroalimentam o sistema de gerenciamento do motor com informações da combustão do combustível.
“Por isso, a retirada do catalisador, além de afetar o desempenho do motor – uma vez que o sistema de combustão é calibrado e depende do correto funcionamento da peça –, não contribui para o aumento da potência do motor, pelo contrário", explica. “Lembrando que os automóveis produzidos a partir deste período devem seguir a fase L6 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores)”.
O executivo aponta que esse mito vem de décadas atrás, quando os veículos tinham o carburador como sistema de combustão. "Naquela época, o catalisador, dependendo do modelo, poderia absorver alguma potência do carro. Mas isso ficou no século passado", enfatiza Zoca.
Para quem ainda pensa em excluir o catalisador do veículo, vale esclarecer que essa prática pode afetar não só o carro, a saúde e o meio ambiente, mas também o bolso do motorista. As sondas de monitoramento pré e pós catalisador enviam informações da composição do gás do equipamento à central eletrônica, que ajusta a relação ar/combustível na injeção eletrônica de acordo com esses dados para garantir o máximo desempenho do motor em termos de potência, dirigibilidade, consumo e emissões.
Ou seja, a retirada do catalisador ou a não substituição da peça em mal funcionamento resulta na perda de desempenho projetada para o veículo.
Segundo Cláudio Furlan, gerente de vendas sênior da Umicore, a retirada é catastrófica para o meio ambiente. “Esta ação transforma um veículo em conformidade com a legislação em um altamente poluidor", pontua.
Outro agravante gerado pela ausência da peça é a inconformidade com a lei. De acordo com o artigo 230 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), conduzir o veículo sem equipamento obrigatório ou estando este ineficiente ou inoperante, é infração grave, que rende 5 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do motorista e multa de R$ 195,23. Como medida administrativa, o veículo fica retido para regularização.