Review: Citroën Basalt Turbo é tudo de bom e tem um quê de Fiat
Não só o motor, mas também o ajuste de suspensão, está muito mais para os Fiat do Brasil do que para os Citroën da Europa (e isso é bom)
Rodamos durante uma semana com o novíssimo Citroën Basalt 200 Turbo na cidade e na estrada, pegando sol e chuva. O carro nos agradou bastante e está muito bem ajustado para as condições brasileiras. Basicamente a Stellantis deu a este Citroën um quê de Fiat, sua marca de maior sucesso no Brasil. E isso tem a ver com suspensão.
A Citroën começou a renascer no Brasil quando lançou o Novo C3. Foi a primeira vez que a engenharia da Stellantis abriu mão do peculiar comportamento dinâmico do carro francês, que tem a traseira meio solta, para ajustá-lo ao gosto do brasileiro – mais firme. Para além disso acrescentou a maciez ao rodar, e o resultado ficou muito bom.
O Citroën Basalt Shine, que avaliamos, é a versão topo de linha do novo SUV cupê da Citroën. A exemplo da versão intermediária (Feel AT) e da especial de lançamento (First Edition AT), o Basalt Shine tem câmbio automático CVT de 7 marchas e usa o motor 1.0 Turbo 200 (valor do torque) com 130/125 cv de potência (etanol/gasolina).
O carro é bom. Agradável de dirigir. É bonito. impõe respeito, traz status ao usuário. É desejado devido à sua bonita silhueta, com a frente alta e a traseira em queda. O Basalt foi inspirado no Citroën CX 4 europeu, que, coincidentemente, havíamos dirigido uma semana antes, em Portugal. São carros diferentes, pois o Basalt usa ama plataforma menor (categoria B).
Não é o caso de compararmos o Basalt brasileiro com o C4 X francês. Os dois carros pertencem a mundos diferentes, em termos de poder aquisitivo da população. Por isso, como é comum em carros “nacionais”, o acabamento é meio pobre, com plástico duro por toda parte, mesmo que disfarçados e com alguma boniteza, como se vê no painel do Basalt.
Mas o Basalt Shine tem ótimo preço. Foi lançado com desconto de R$ 10.000, o que deixou seu preço de R$ 115.890 muito competitivo. O Basalt Feel Turbo é ainda mais barato: sai por R$ 112.290. Já o Basalt First Edition, com alguns adereços, custa R$ 118.290. Não dirigimos ainda o Basalt Feel manual, único da linha que tem motor 1.0 aspirado de apenas 75 cv com etanol e 71 cv com gasolina.
O motor Turbo 200 é seguramente o ponto forte do Basalt Shine. Embora seja um motor de apenas 3 cilindros, ele não vibra durante a utilização, tem boa potência, responde prontamente às solicitações do acelerador, é relativamente econômico e oferece boas retomadas de velocidade, pois os 200 Nm de torque estão disponíveis já em 1.750 rpm.
Na prática, você roda com o Basalt 200 Turbo na faixa de 2.000 giros com boa desenvoltura e sem queimar muito combustível. Ele é seguro nas ultrapassagens, tem ótimo comportamento direcional e freia com eficiência. E olha: fizemos uma avaliação com muita solicitação de freios em sequência, numa sequência de estradas com muitas dezenas de quilômetros de curvas fechadas e serras, mas ele não deu o mínimo susto.
É verdade que procuramos poupar os freios (sem “descansar” os pés no pedal de frenagem), para evitar qualquer risco de fading (aquecimento). O Basalt tem freios a disco ventilados na dianteira e a tambor na traseira. Foi perfeito. O câmbio não tem borboleta no volante, mas é possível mudar marchas pela alavanca, o que também foi últil na serra íngreme.
A posição de dirigir é boa, mas poderia ser ainda melhor se o Basalt Shine tivesse ajuste de profundidade do volante de direção; tem apenas ajuste de altura. Como a ergonomia é muito boa, sem problemas. Este é um dos equipamentos que o cliente da Citroën perde por causa do preço competitivo do carro. Outra ausência são os airbags de cortina.
Com o mesmo motor do Fiat Pulse, traseira firme e suspensão macia, a sensação que tivemos é a de estar conduzindo um Fiat, só que mais macio… e melhor, por conta da plataforma CMP da antiga Peugeot Citroën, que é mais moderna do que a plataforma MLA do Pulse (oriunda da MP do Fiat Argo).
Outra vantagem da plataforma CMP do Citroën Basalt é a sua distância entre-eixos. O Fiat Fastback, enorme com seus 4,43 m de comprimento, tem 2,53 m de distância entre os eixos dianteiro e traseiro. Já o Citroën Basalt, que mede só 4,34 m, tem 2,64 m de entre-eixos. O modelo da marca francesa é mais espaçoso por dentro. E também mais confortável para os ombros, pois tem 1,82 m de largura contra 1,77 m do Fastback.
Aliás, já que estamos citando outro SUV cupê, não custa lembrar que o Citroën Basalt também é mais espaçoso do que o Volkswagen Nivus (4,27 m de comprimento, 2,57 m de entre-eixos e 1,76 m de largura; números arredondados). Quanto ao porta-malas, são 516 litros para o Fastback, 490 para o Basalt e 415 para o Nivus.
Como se vê pelos números, o Citroën Basalt é um carro bastante competitivo. Com o lançamento do Basalt, a Citroën cumpre a primeira etapa de sua transformação, que era a de lançar três modelos “C Cubed”: C3, C3 Aircross e Basalt, cujo nome previsível seria C3 X. O nome Basalt foi uma boa escolha.
Pela primeira vez a Citroën tem um posicionamento no Brasil: é uma marca de carros acessíveis, mas com boas tecnologias, como a multimídia excelente e o motor turbo 200. Isso sem falar no incrível Citroën Ami, que a legislação brasileira proíbe de circular nas ruas. Em outros tempos, a Citroën seria apenas uma cópia da Peugeot. Hoje, não. É uma marca que renasce e o Citroën Basalt tem tudo para deslanchar nas vendas.
Resta ver como será o desempenho do Basalt 1.0 aspirado. Tomara que ele não queime a boa imagem que o Basalt 200 Turbo deixou na estreia. Saberemos quando o carro for disponibilizado para avaliação.