Review: Ford Mustang GT de 488 cv faz você se sentir “o cara”
Com mais “mustangs” no motor e um design apaixonante, Ford Mustang da sétima geração eleva o ego de qualquer motorista
Rodamos durante uma semana na cidade e na estrada com o novo Ford Mustang GT Performance. O carro está na sétima geração e não muito a acrescentar ao que a Camila Torres escreveu quando dirigiu o Mustang GT na pista do Velo Città. O carro está ainda desafiador, pois chama ao desempenho e não é fácil dosar o pé direito.
Por óbvio, numa estrada não é possível exigir do carro o mesmo que se exige numa pista de corridas. Mas, por outro lado, ele tem que passar pela prova da vida real, ou seja, enfrentando trânsito e pisos não muito bons. Foi o que fizemos com o novo Ford Mustang GT Performance.
Agora com mais “mustangs” no motor (ou seja, mais cavalos), o cupê esportivo da Ford ficou um pouco mais rápido para ir de 0 a 200 km/h. Mas não houve ganho na arrancada de 0 a 100: os mesmos 4,3 segundos que vêm desde o último Mustang GT lançado no Brasil, modelo 2019, portanto há cinco anos.
O motor 5.0 V8 daquele Mustang GT tinha 466 cv, a mesma potência do Mustang Black Shadow que chegou em 2020. Por isso, em comparação com os Mustang 2019 e 2020 houve um ganho de 22 cavalos. Já o Mustang Mach 1, vendido de 2021 a 2023, tinha 483 cavalos, apenas 5 cv a menos.
Existe uma razão para o aumento de potência. O novo Ford Mustang GT Performance é 53 kg mais pesado. Um pouco mais comprido (23 mm), mais largo (43 mm) e mais alto também (19 mm). São medidas muito pequenas. Mas a Ford mexeu na bitola do Mustang, ou seja, na distância entre as rodas (direita e esquerda).
A bitola traseira ficou mais curta (16 mm) e a bitola dianteira ficou mais larga (45 mm). Junto com os ajustes de suspensão e de direção, o carro fica um pouco mais rápido em curvas. O fato é que, dirigindo na estrada, é preciso abusar para poder provocar alguma reação do Mustang GT Performance. A suspensão adaptativa MagneRide tem quatro opções de ajuste – é possível deixar o carro mais mole ou mais duro.
Quanto mais duro, mais arisco. Porém, são tantos os recursos eletrônicos deste carro que qualquer um pode se sentir um Max Verstappen ou um Lewis Hamilton ao volante. E nas arrancadas? É pisar no pedal da direita para que o Coyote comece a rosnar. Para quem não sabe, Coyote é o apelido do motor V8 5.0.
O problema dessas aceleradas é que: 1) é muito fácil chegar a velocidades proibidas; 2) o motorista brasileiro não tem costume de andar na faixa da direita quando está lento, então é perigoso; 3) o consumo de gasolina aumenta consideravelmente. Durante nosso review foram dois tanques. E acabei poupando tanto que consegui a média de 7,5 km/l.
Dá para dirigir rápido, a 120 km/h, com o conta-giros abaixo de 2.000 rpm. É nessas horas que vale a pena economizar, e também nas descidas. Mas, nas subidas, aí sim dá para acelerar bastante. Uma fincada no pedal do acelerador e o ponteiro do conta-giros pula de 2.000 para 6.500 rpm imediatamente.
Além disso, o câmbio automático de 10 marchas é muito obediente. Mas só vale a pena ser usado mesmo em situações específicas. Na retomada de velocidade entra também a força deste cavalo selvagem: 563 Nm a 5.000 giros.
Vale lembrar que a potência máxima só surge a 7.250 rpm. Não é difícil levar o ponteiro a 7.000 rpm em velocidades altas. Só que assim ele não faz sequer os 6,2 km/l da cidade e muito menos os 8,3 km/l da estrada (números oficiais do PBEV do Inmetro). Houve trechos em que fiz 3,5 km/l. Ah, e teve posto oportunista que quis cobrar R$ 8 pelo litro da gasolina comum. Fui em outro, de R$ 6,50.
Mas nada, nada mesmo, se compara ao status que o novo Ford Mustang GT Performance entrega ao seu motorista. Fui abordado por homens e mulheres, ricos e pobres. Você acha que é “o cara”. Um sujeito quis me vender umas mercadorias que trouxe de Portugal e havia encalhado. Uma moça fez sinal de admiração na calçada. Um morador de rua chegou perto para elogiar o carro:
– “Um dia quero ter um desses”.
– “Eu também”, respondi. – “Porque esse carro não é meu.”
É da frota de imprensa da Ford. Um Mustang GT Performance zero km custa R$ 529.000. Nesse Azul Estoril ficou maravilhoso. Há também o Azul Algarve (mais escuro e misturado com cinza), dois tons de sangue (Vermelho Zadar e Vermelho Arizona), dois tons de cinza (Cinza Torres e Cinza Catalunha), Branco Ártico e Preto Astúrias. Nenhuma tem custo extra.
Para o comprador do Ford Mustang, vale a pena ver a lista de acessórios. Eu colocaria o Kit de Faixas Duplas, que custa R$ 4.770. É bem caro, mas quem está pensando em economizar não compra um Mustang de meio milhão de reais. Com elas, o preço sobe para R$ 533.770.
Fato é que a Ford acertou a mão no Mustang que marca os 60 anos do modelo, pois o design traz alguns elementos do automóvel clássico. A frente tem nova grade, faróis full led e entradas de ar no capô. A traseira, em formato de cunha, exibe novas lanternas de três barras e aerofólio.
Há até um sistema de detecção automática de buracos, mas sinceramente continua sendo difícil rodar com esse carro na cidade. E qual cidade do Brasil não tem ruas cheias de buracos, saliências e outras pegadinhas? Bem, talvez fosse pior se não tivesse essa detecção dos buracos..
Os freios são Brembo de alta performance tanto na dianteira como na traseira, com discos maiores e pinças com seis e quatro pistões, respectivamente. As rodas de 19” são exclusivas, com pneus Pirelli P-Zero 255/40 R19 na dianteira e 275/40 R19 na traseira.
No interior, o cockpit totalmente novo, inspirado em caças a jato, tem telas de 12,4” (painel de instrumentos) e 13,2” (multimídia Sync 4), que formam um conjunto único, com várias opções de personalização. O volante esportivo tem a base base reta e ótima pegada.
Ao final de uma semana de convivência com o novo Ford Mustang GT Performance, mesmo com as dificuldades de rodar na cidade e apesar do alto consumo de combustível, só resta um sentimento: – “Quero!”
-1ien7w3jd2bmq.jpg)
-1h7o7avmybx2v.jpg)
