Review: Jeep Commander Blackhawk quebra "tabu" dos 7 lugares
Nova versão Blackhawk traz acabamento esportivo e 2.0 turbo de 272 cv para provar que carros de 7 lugares também podem ser bons de acelerar
Há um ditado que diz que não se mexe em time que está ganhando, mas a Jeep parece não acreditar muito nele. Por isso, a linha 2025 do Commander recebeu novidades importantes, apesar de o SUV de 7 lugares ter vendido mais de 50 mil unidades em apenas três anos de mercado. E nós testamos a nova versão Blackhawk, que marcou a chegada do motor 2.0 Hurricane de 272 cv ao portfólio do Jeep Commander, e que também quebra um "tabu" na linha do SUV.
Aproveitando para utilizar o carro em diferentes eventos na última semana, dirigimos cerca de 600 km entre as cidades de Rio de Janeiro, Penedo e Porto Real, todas as três no estado do Rio de Janeiro. Praticamente metade em trecho rodoviário, e a outra em vias urbanas na capital fluminense.
Além do nome imponente, o novo Commander Blackhawk também chama bastante atenção pelo visual. A versão se diferencia das demais pelo acabamento escurecido em detalhes como os logotipos, retrovisores, teto, faróis, na grade dianteira (com efeito cromado escuro) e nas belas rodas de 19". Outro detalhe interessante são as pinças de freio na cor vermelha, que criam um contraste com a cor Preto Carbon da unidade avaliada.
Visualmente, a versão deu uma cara mais esportiva ao SUV de 7 lugares. Além disso, o modelo atrai muitos olhares pelas ruas, além de eventuais comentários positivos sobre a aparência. No interior, os bancos trazem o nome da versão bordado nos encostos, além de um revestimento misto entre suede preto e couro sintético. O suede também é encontrado na parte central do painel.
Por falar em painel, o Commander conta com superfícies emborrachadas na parte superior e nas portas dianteiras. O acabamento, por sinal, é um dos pontos positivos do Commander. Outro destaque é a central multimídia de 10,1", que conta com Android Auto e Apple CarPlay sem fio e tem funcionamento rápido e intuitivo. Além disso, a tela conta com boa resolução, assim como o painel digital de 10,25".
Nessa versão, os vidros laterais traseiros são escurecidos de fábrica. Os bancos dianteiros também contam com ajustes elétricos, e a posição de dirigir é alta, mas muito boa. A ergonomia também é boa, e o volante tem boa pegada. Os assentos são confortáveis, e o espaço na segunda fileira é um dos destaques do Commander.
Já a terceira fileira, que inclui dois lugares, não é indicada para pessoas de alta estatura, uma vez que há pouco espaço para as pernas. O porta-malas, por sua vez, leva 233 litros na configuração para 7 pessoas. Ao rebater a terceira fileira de assentos, o espaço salta para excelentes 661 litros.
Ao volante, o Jeep Commander ganhou mais vigor com o novo motor 2.0 turbo a gasolina de 272 cv e 400 Nm. Ele quase faz o motorista esquecer os 1.886 kg e os 4,76 m de comprimento do SUV de 7 lugares. Os números falam por si só: 0 a 100 km/h em apenas 7 segundos e 220 km/h de velocidade máxima. Esse é o tal "tabu quebrado" na linha Commander, que pedia um motor mais potente desde o seu lançamento, em 2021.
Ao pisar mais forte no acelerador, o motor enche de forma rápida, apesar de um leve delay no pedal – provavelmente para atender às regras de emissões de poluentes do Proconve. O ronco do motor também invade a cabine, o que pode desagradar a alguns consumidores, mas que também faz parte da proposta esportiva da versão.
A versão Blackhawk ainda recebeu novos pneus e rodas, além de redimensionamento dos freios, e novas molas e amortecedores na suspensão. Tudo isso para melhorar o comportamento dinâmico do SUV com o conjunto bem mais forte do que o 1.3 turbo flex de 185 cv e o 2.0 turbodiesel de 170 cv, que seguem disponíveis em outras versões.
Nas curvas, a carroceria inclina um pouco mais do que um carro mais baixo, o que faz lembrar o motorista que ele ainda é um SUV. Ao frear de forma mais brusca, o deslocamento de peso também relembra o porte do Commander. O câmbio automático de 9 marchas tem trocas rápidas, e a tração integral nas quatro rodas é útil não só em terrenos fora-de-estrada, como também em algumas situações de chuva.
A potência extra é excelente na hora de ultrapassagens e retomadas, mas também instiga o motorista a pisar um pouco mais pesado no acelerador. Oficialmente, o Inmetro divulga médias de 8 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada, mas obtivemos cerca de 7 km/l e 9 km/l respectivamente, em uma semana com trânsito bem intenso em meio ao Rock in Rio.
A lista de equipamentos é completa de série: sete airbags, carregador por indução, sistema de som Harman Kardon com 9 alto-falantes e subwoofer, teto solar panorâmico, bancos dianteiros elétricos, acionamento elétrico do porta-malas, acabamento esportivo, ar digital dual zone, ACC, assistente de permanência e centralização em faixa, faróis e lanternas full LED, auxílio de descida e subida, partida remota, chave presencial, sensor de chuva e crepuscular, park assist, entre outros itens. Não há opcionais.
O número de 50 mil unidades em três anos (atingido em maio) pode parecer pouco se comparado aos números da picape Fiat Strada, que vende mais do que o dobro disso em um ano. No entanto, é importante ressaltar que o Jeep Commander custa entre R$ 219.990 (Longitude 5 Lugares) e R$ 327.590. A mais cara é justamente a Blackhawk, que dirigimos.
Além dela, apenas a versão Overland (R$ 311.290) também pode ser equipada com o motor 2.0 Hurricane. E apesar do pouco tempo de mercado, as versões com o novo motor já representam cerca de 35% das vendas do Commander, que emplacou 1.673 unidades em agosto – no acumulado do ano, já são 10.445 unidades.
Fato é que o novo 2.0 Hurricane era o que faltava para o Jeep Commander, visto que um motor mais potente era um pedido dos compradores desde o lançamento do modelo, em agosto de 2021. Afinal, ele é o maior carro produzido pela marca em Goiana (PE), de onde também é exportado para outros mercados da América Latina.
O novo Jeep Commander Blackhawk é um carro bonito e também a prova de que carros de 7 lugares também podem ser divertidos no dia a dia. O motor 2.0 Hurricane casou bem com o modelo e trouxe uma nova proposta na versão de apelo esportivo, instigando uma tocada mais forte em algumas situações.
No entanto, o preço de R$ 327.590 pode ser salgado para a maioria dos consumidores. Caso você não abra mão da potência, vale olhar com carinho para a versão Overland, que traz o mesmo conjunto mecânico e custa R$ 16 mil a menos, perdendo apenas o acabamento esportivo e alguns equipamentos.
Agora, se você não faz questão dos 272 cv, vale a pena procurar por outras versões do Commander com o motor 2.0 turbodiesel de 170 cv ou 1.3 turbo flex de 185 cv, ou ainda olhar para a concorrência, como o Volkswagen Tiguan Allspace e Caoa Chery Tiggo 8 Pro, que também oferecem 7 lugares e propostas semelhantes no segmento.