Review: Mercedes-AMG C 63 é um híbrido plug-in com “pegada” de Fórmula 1
O sistema híbrido plug-in do AMG C 63 S E Performance tem bateria de entrega rápida de potência; o motor 2.0 é o mais potente do mundo
Já tinhamos avaliado o novo Mercedes-AMG C 63 S E Performance em circuito fechado, em agosto de 2024. Agora chegou a vez de experimentá-lo por uma semana na vida real, ou seja, na cidade e na estrada, em vias onde é impossível (além de proibido) tirar todo seu potencial. Portanto, a pergunta que fica é: este carro só serve para ser usado na pista?
A resposta, definitivamente, é não. Neste review vimos o lado bom e o lado mais difícil (não existe lado ruim) do AMG C 63 S. A nomenclatura “E Performance” que vem depois do nome do carro significa que ele tem motorização eletrificada com foco na velocidade, e não no consumo. Isso faz sentido? Faz, e muito, numa sociedade que precisa de soluções de descarbonização.
Embora o Mercedes-AMG C 63 seja caríssimo e, portanto, tenha poucos exemplares rodando, com pequeno impacto na descarbonização, precisamos encarar esse carro como uma espécie de laboratório em busca de uma mobilidade mais sustentável para o planeta.
Não é pouca coisa aposentar um motor V8 da grife AMG e colocar em seu lugar um 2.0 turbo de 476 cv e um motor elétrico de 150 kW de potência (204 cv). No total o condutor tem 680 cv disponíveis para ir de 0 a 100 em incríveis 3,4 segundos e atingir até 280 km/h. Pense na vantagem energética de um conjunto 2.0+elétrico comparado a um V8 totalmente a combustão.
Esta é uma ideia que a Mercedes traz das corridas de Fórmula 1 e aponta o caminho para soluções em carros mais baratos, para o futuro. Afinal, embora seja um híbrido plug-in, a bateria não é grande – tem apenas 6,1 kWh de capacidade energética, mas num sistema de alta voltagem (400 volts).
É possível percorrer alguns trechos rodando apenas com o motor elétrico traseiro de 150 kW/204 cv, que entra automaticamente em baixíssimas velocidades. Já ajuda. A bateria permite apenas 13 km de alcance elétrico, porém ela traz esse benefício de menor emissão com uma entrega rápida e inteligente de potência.
O motor elétrico entrega 70 kW (95 cv) de forma contínua, justamente para não desperdiçar energia, mas basta pisar mais forte no pedal do acelerador para que o máximo de potência necessária esteja disponível junto com o 2.0 turbo de 476 cv, cuja entrega total surge a 6.750 rpm. Estamos falando do motor 4 cilindros mais potente do mundo.
O turbocompressor tem assistência eletrônica para utilização dos gases de escape e a bateria é recarregada com resfriamento direto das células. Num circuito, em altas velocidades, dá para sentir isso – e , se for numa pista seca, vale a pena deixar as suspensões bem duras no modo Sport ou Sport+. Na chuva, é melhor amolecer o carro e rodar no modo Comfort.
São oito modos de condução: Electric, Comfort, Battery Hold, Sport, Sport+, Race, Slipper e Individual. Aos poucos, o usuário aprende a usar o melhor para cada ocasião. O câmbio é automático de 9 marchas (AMG SpeedShift MCT 9G) e a tração é AMG Performance 4Matic+ (totalmente variável).
Apesar de todas as tecnologias, dirigir o Mercedes-AMG C 63 S E Performance em baixas rotações é muito comum, em velocidades normais da estrada. Afinal, o torque combinado é tão grande (1.020 Nm) que abaixo de 2.000 giros ele já anda bem e está pronto para jogar seu corpo e sua cabeça para traz em acelerações brutais. Mesmo em condução moderada, chegar a 180 km/h é muito fácil.
É insano acelerar um carro de 0 a 100 em apenas 3,4 segundos. Se for um motorista idoso ou despreparado, pode até ficar zonzo e bater o veículo. O fato de o Mercedes-AMG C 63 ser capaz de andar muito bem na pista e permitir rodagens tranquilas na estrada, trocando um V8 por um 2.0 “right size” eletrificado, mostra o tanto que este automóvel é especial.
Mesmo na estrada, o fato de as rodas traseiras serem esterçantes ajudam na estabilidade durante o contorno de curvas. A posição de dirigir, por óbvio, é esportiva, assim como todos os comandos e os bancos, que são duros – inclusive os da traseira. O fato de ser um sedã também ajuda na distribuição de peso e no equilíbrio do carro. Neste link você encontra os detalhes dos equipamentos e dados técnicos.
Rodar na cidade, entretanto, não é fácil. Na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e na China pode ser, mas no Brasil não é. As imperfeições do asfalto são uma carcaterística do país. O AMG C 63 tem apenas 120 mm de altura mínima do solo. Raspei um pouco a parte de baixo da frente ao sair da garagem em uma ocasião.
O diâmetro de giro é longo e o sedã esportivo tem mais de 4,80 m de compimento. Mesmo com o esterço das rodas traseiras, nem todas as manobras são fáceis. Além disso, por ser um carro muito valioso, é preciso rodar com cautela no trânsito pesado. Por óbvio, não é um veículo para usar no dia a dia, mas em nossa avaliação é isso que fazemos com todos os carros.
Esportividade, conforto, emoção, desempenho, eficiência ou emissão zero – tudo isso é possível com o novo Mercedes-AMG C 63 S E Performance. O carro que experimentamos custa R$ 914.900. Para quem quer mais ou colecionar, a Mercedes oferece ainda o AMG C 63 S E Performance F1 Edition por R$ 1.015.900.
