Review: Mercedes G 63, de R$ 2 milhões, é viver em outro mundo

Rodamos uma semana na cidade, na estrada e na praia com o Mercedes-AMG G 63, obra-prima técnica num SUV raiz, mas para gente de outro mundo

Sergio Quintanilha

31 mai 2024 - 08h00

(atualizado em 1/6/2024 às 22h50)

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É preciso buscar palavras expressivas para explicar o que significa o Mercedes G 63 em sua versão AMG. Joia rara é um bom adjetivo. Obra-prima é outro termo que lhe cai bem, considerando seu comportamento dinâmico e o fato de que estamos falando de um SUV raiz, com carroceria sobre chassi.

Rodamos durante uma semana com o Mercedes-AMG G 63 na cidade, na estrada e – por que não? – nas areias da praia. A sensação de estar no comando de um carro de quase R$ 2 milhões é de pura ostentação. Afinal, trata-se do luxo combinado com um design atemporal e ainda numa cor “cheguei” (a verde do carro avaliado). É, de fato, viver em outro mundo.

O Mercedes-AMG G 63 é também um exemplo de como o máximo nunca é o bastante. em alguns casos. O carro avaliado tem motor 4.0 V8 biturbo de 585 cv e 850 Nm. Potência suficiente para levá-lo de 0 a 100 em apenas 4,5 segundos, apesar de seus 2.595 kg. Mas isso já é passado.

A Mercedes já tem um novo G 63 ainda mais potente, com sistema micro-híbrido, que eleva sua potência para 605 cv e o torque para incríveis 1.050 Nm, proporcionando aceleração de 0 a 100 em 4,3 segundos com o pacote AMG Performance. Mas, calma. Por enquanto, a Mercedes está oferecendo no Brasil o G 63 2024 de 585 cv.

Ele custa R$ 1.932.900. O design combina as clássicas linhas quadradas de 45 anos atrás com modernos filetes de led nos faróis, quatro saídas de escapamento nas laterais, abaixo dos estribos e das portas traseiras, e um conforto impressionante na cabine.

A posição de dirigir é ótima, os bancos têm comandos elétricos e a cada curva as abas laterais inflam do lado contrário para que o passageiro permaneça firme em sua posição. Todos se impressionam com isso. A visualização dos instrumentos é ótima. O único pecado do carro que avaliamos foi a multimídia por mouse (e não tátil). Não combina com um carro tão caro, mas isso foi corrigido na linha 2025.

O motor 4.0 V8 e a transmissão AMG SpeedShift TCT 9G fazem milagre com este SUV 4x4. As respostas de aceleração são muito rápidas e o motorista pode se divertir selecionando desde o ronco do escapamento até o ajuste da suspensão. Há opção Comfort, Sport, Sport+ e Individual. No centro do volante de direção há um botão de apertar do lado esquerdo e outro de girar do lado direito (como nos Porsche).

Se a velocidade impressiona, o comportamento dinâmico impressiona ainda mais. Afinal, o carro é quase um caminhão, com a carroceria tipo caixas montada sobre o chassi. Mas o trabalho da AMG no conjunto de suspensão é excelente. Na traseira há amortecedores reforçados, próprios para off-road, molas especiais e uma barra estabilizadora.

Rodando, por óbvio o Mercedes G 63 faz aqueles movimentos próprios dos veículos com carroceria sobre chassi (caminhonetes e utilitários esportivos “raiz”), mas com uma suavidade raríssima. Um motorista desatento nem sequer vai perceber que o carro não tem carroceria monobloco. Claro que a excelência mecânica, a alta tecnologia eletrônica e o refinamento no ajuste têm um preço; no caso, R$ 1.932.900.

Mas isso na versão “básica”. O interior em couro Manufaktur acrescenta R$ 13.200. São várias cores disponíveis, inclusive em dois tons. O acabamento em madeira custa mais R$ 2.200. Isso não é nada perto do acabamento em fibra de carbono, que acrescenta R$ 44.600 ao preço do G 63 AMG.

Você quer o volante de direção AMG também em fibra de carbono? Coloque mais R$ 12.000 e o carro já está custando R$ 2.002.700. O pacote de assistência de direção está embutido no preço, mas os pacotes de estilo, não.

O pacote AMG Night custa R$ 30.000, enquanto o AMG Trail Package acrescenta R$ 32.000 no preço. Este último obriga a comprar os para-lama traseiros profissionais por mais R$ 730. Mas, convenhamos, quem compra esse carro não vai se preocupar com pequenos detalhes. Por isso, a Mercedes oferece ainda mais.

O cliente que deseja o banco multicontour ativo (aquele que infla as laterais nas curvas) deve acrescentar mais R$ 47.500 no preço. Há ainda a Linha Interna Superior, que transforma o Mercedes Classe G em um “lounge luxuoso” por mais R$ 52.200. Os clientes mais ousados podem até escolher couro vermelho.

Com todos esses opcionais, o Mercedes-AMG G 63 sai por R$ 2.135.430. Para quem quer ainda mais exclusividade, a Mercedes oferece o G 63 AMG Grand Edition por R$ 2.247.900. Este não tem opcional, já vem com o máximo e teve sua venda esgotada no lançamento da linha 2024.

O Mercedes Classe G foi lançado em 1979, com produção na Áustria, e já teve mais de 500 mil unidades produzidas. Nascido para ser um todo-terreno, o carro se tornou um ícone da Mercedes, por isso faz sucesso também no Brasil.

Para quem acha o preço exagerado, o fabricante lembra que “o Mercedes-AMG G 63 mantém sua posição única entre os veículos off-road de alto desempenho com o poderoso motor V8 biturbo, tração nas quatro rodas, três bloqueios de diferencial, transmissão automática de 9 velocidades, suspensão dianteira independente com duplo braço triangular e amortecimento adaptável”.

Os arcos das rodas dianteiras e traseiras alargados criam espaço para as rodas maiores e mais largas e marcam a estética do G 63. Os freios têm pinças vermelhas e discos perfurados. As rodas são de 22” com pneus 295/40.

Se comprar o Mercedes-AMG G 63 é uma diversão e dirigi-lo é um prazer, desfilar com ele é uma ostentação. Mas ninguém apontou o dedo quando o carro passou; pelo contrário, teve gente que quis fazer foto, muitos deram os “parabéns pelo carro”. Sempre algum comentário positivo ocorreu. Quem não deseja possuir um carro assim?

Ele é moderno, mas agrada principalmente por unir o que há de mais avançado em tecnologia em uma embalagem retrô. Vale dizer quem nem mesmo dentro da Jeep o design clássico dos “jipes” do século 20 foram mantidos em todos os veículos off-road. Talvez por isso o Mercedes G 63 seja tão cultuado.