Review: Peugeot 2008 comprova que melhorou da água para o vinho
Com o novo design atualizado na França, motor turbo flex de 130 cv e câmbio CVT de 7 marchas, Peugeot 2008 GT é tudo de bom
Demorou, mas finalmente a Peugeot fez um lançamento impecável no Brasil. O novo Peugeot 2008, agora fabricado na Argentina, traz praticamente todas as novidades presentes no facelift do modelo francês (2023) e dá um salto de qualidade na categoria de SUVs compactos, disputando a liderança em qualidade.
Quando lançou o novo 208 hatch, a antiga PSA cometeu o erro de sempre ao equipar uma ótima carroceria com um motor defasado (no caso, o antigo 1.6 aspirado de 120 cv). Agora, não. Dentro da Stellantis, o novo Peugeot 2008 estreia com o motor 1.0 GSE Turbo 200 que transformou o 208 Turbo no Melhor Hatchback do Brasil, vencedor do Prêmio Trend Car 2024.
Rodamos uma semana na cidade e na estrada com o novo Peugeot 2008 GT Turbo 200 e podemos dizer com convicção: o Peugeot 2008 mudou da água para o vinho. Ok, é um vinho argentino e não um vinho francês. Afinal, é fabricado na Argentina, enquanto o celebrado Peugeot 2008 europeu é feito na França.
Mas quem disse que a Argentina não faz bons vinhos como a França? Pode até não fazer na mesma quantidade, mas faz. E é isso que a Stellantis fez com o novo Peugeot 2008. Fabricado na moderna plataforma CMP em El Palomar, perto de Buenos Aires, o novo 2008 Turbo não deve nada ao seu similar francês.
A única coisa que falta é uma versão com sistema micro-híbrido (MHEV) de 48 volts, que na França equipa a versão GT. Mas no Brasil, ainda este ano, a Stellantis terá o seu Bio-Hybrid equipando dois carros. Muitos apostam que esses dois carros serão da Jeep, mas isso não está confirmado. Pode ser um Peugeot 2008 GT Bio-Hybrid. Ele virá; se não já, muito em breve.
O novo Peugeot 2008 GT nos conquistou já nos primeiros quilômetros. Ele é bonito, moderno, confortável, seguro, rápido e econômico dentro do que é possível esperar para um motor a combustão ainda sem a eletrificação.
O “nosso” 2008 GT usa um motor 1.0 turbo flex de 130/125 cv de potência (etanol/gasolina) e 200 Nm de torque com câmbio automático CVT de 7 marchas. O 2008 GT “deles” (os franceses) tem motor 1.2 micro-híbrido a gasolina auxilado por um motor elétrico de 21 kW e um câmbio e-DSC de 6 marchas, com 136 cv de potência e 230 Nm de torque.
A potência máxima do novo Peugeot 2008 Turbo é entregue a 5.750 rpm e o torque máximo surge a 1.750 giros. O carro demonstra agilidade no trânsito, com boas retomadas de velocidade, especialmente pelo bom torque em baixas rotações.
Logo teremos uma versão micro-híbrida no Peugeot 2008 argentino (com tecnologia Bio-Hybrid do Brasil). Então talvez a comparação seja mais justa com as versões convencionais do 2008 francês. O “nosso” 2008 continua com o turbo de 130 cv nas versões Active e Allure. O 2008 “deles”, porém, cai para 100 cv com câmbio AT8 (lá também está disponível com câmbio manual).
Como dissemos, o Peugeot 2008 da segunda geração traz o visual mais recente lançado na França. Mas, curiosamente, o modelo feito na Argentina tem ligeiras diferenças de tamanho em relação ao da França. O “nosso” é um pouquinho maior.
A diferença começa no entre-eixos: 2.605 mm lá contra 2.612 mm aqui (+7 mm). O Peugeot 2008 feito com excelência na Argentina mede 4.309 mm de comprimento (+5 mm), 1.776 mm de largura (+1 mm) e 1.548 mm de altura (-2 mm). O porta-malas do novo 2008 Turbo tem 374 litros e o vão livre do solo é de 230 mm. Os pneus são 215/60 em rodas de 17 polegadas (diamantadas)
Durante a utilização gostamos muito do comportamento dinâmico do carro. Ele é bem equilibrado nas curvas, vence com facilidade os obstáculos das ruas brasileiras, tem uma excelente câmera 360 graus, piloto automático, acabamento de couro, 6 airbags, faróis de led com regulagem de altura, alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência e… alças de segurança no teto (item ausente do Volkswagen T-Cross, líder do segmento).
Tem muito mais, porém não vamos transformar esse review num informe publicitário. Até porque nenhum carro é perfeito e o novo Peugeot 2008 Turbo tem alguns pequenos pecados. Um deles é um aviso da multimídia, que aparece na tela central toda vez que você liga o carro. Se ligar 20 vezes, vai aparecer 20 vezes.
Outro é a posição do botão Sport. Posicionado embaixo do volante de direção, do lado esquerdo, só deve ser acionado com o carro parado, pois é preciso baixar a cabeça e olhar por baixo para ativar ou desligar – e além disso não há um único indicativo no painel digital de que o modo Sport esteja ligado. No 2008 francês esse botão fica no console central.
Com relação peso/potência de 10 kg/cv, o Peugeot 2008 Turbo acelera de 0 a 100 km/h em 10s1 e atinge 194 km/h de velocidade máxima. O 2008 micro-híbrido da França vai de 0 a 100 em 8s3 e chega a 206 km/h. Já o 2008 francês de 100 cv é bem mais lento e faz essa prova em 10s8, chegando a 183 km/h.
Freios, suspensão (eixo de torção na traseira), painel digital 3D e todo o charme deste carro francês estão presentes também no modelo argentino, comprovando nossa teoria do vinho. As poucas diferenças que existem são decorrência de duas sociedades diferentes – uma, a europeia, rica e dominante; outra, a sul-americana, ainda tentando reverter séculos de exploração econômica. Portanto, não é culpa da Peugeot do Brasil.
Pelo PBEV do Inmetro, quando abastecido com gasolina o Peugeot 2008 Turbo faz 13,7 km/l na estrada e 12,3 km/l na cidade. Com etanol faz 9,8 km/l na estrada e 8,6 na cidade. Seu melhor consumo, portanto, é de 7 litros por 100 km. O 2008 micro-híbrido consome apenas 5 litros por 100 km. Portanto, o Bio-Hybrid será bem-vindo.
Quanto ao preço, vale muito a pena comprar o novo 2008 Turbo, especialmente enquanto durarem os preço de lançamento, que têm desconto de R$ 20.000 em todas as versões.
O 2008 GT de R$ 169.990 sai por R$ 149.990 (preço de um T-Cross de entrada), o 2008 Allure de R$ 149.990 sai por R$ 129.990 (preço de um Duster pelado e manual) e o 2008 Active de R$ 139.990 sai por R$ 119.990 (preço de um Creta da antiga geração).
Compre correndo enquanto não acaba, pois esse “vinho” argentino provou que é tão bom como o “vinho” francês.
