Review: Peugeot e-2008 GT anda bem, mas bateria (ainda) é pequena
O Peugeot 2008 elétrico ficou mais potente e tem bateria com maior capacidade, mas a potência subiu 16% e o alcance apenas 11%
O Peugeot e-2008 GT 2025 melhorou em muitos aspectos em relação ao e-2008 GT 2023, que fez sua estreia no mercado brasileiro. A linha 2024 não foi vendida. O SUV compacto elétrico ganhou potência e a bateria tem maior capacidade, mas na prática isso não significou um grande ganho – e vamos explicar o porquê.
Rodamos uma semana com o Peugeot e-2008 elétrico, na cidade e na estrada, e as qualidades do SUV francês saltam aos olhos. É bonito, elegante, silencioso, seguro, prático, confortável e rápido. O Peugeot 2008 foi o primeiro SUV de sua categoria a ganhar uma versão totalmente elétrica (2019). Agora a linha 2025 chega ao Brasil com um novo motor e bateria com maior capacidade.
O Peugeot e-2008 tem apenas um motor elétrico, que fica na dianteira. Portanto, a tração também é dianteira e não há opção de tração 4x4. O novo motor é mais potente – passou de 100 kW para 116 kW (ou, para os adeptos da antiga cavalaria, foi de 136 cv para 158 cv). Isso deixou o carro 1 segundo mais rápido na aceleração de 0 a 100 km/h (agora faz em 8,9 segundos).
O motorista está bem servido em potência. O torque também é bom e continuou com 260 Nm, entregues instantaneamente quando o motorista pisa no pedal do acelerador. Por ser alto (174 mm do solo) e ter suspensão independente nas quatro rodas, o Peugeot e-2008 é ágil e versátil, tanto na cidade quanto na estrada, além de bem equilibrado em curvas.
A bateria também ganhou mais capacidade – foi de 50 kWh para 54 kWh. O único problema é que esse aumento não foi tão grande como o da potência (apenas 11% de alcance extra contra 16% de potência extra). Pelos critérios do PBEV do Inmetro, o alcance subiu de 234 km para 261 km, um ganho de apenas 27 km.
É pouco para as necessidades do Brasil, que tem pouca infraestrutura de carregamento. Com o agravante de que nem a Peugeot nem a Stellantis (dona da marca) investem em carregamentos públicos no país. Portanto, o jeito mais uma vez foi contar com a infraestrutura da Volvo e pagar R$ 4 por kWh na hora do carregamento. Isso desanima o consumidor interessado num carro elétrico.
Segundo a Peugeot francesa, dirigindo de forma “normal” dá para rodar 406 km com o novo e-2008 GT (antes eram 351 km). Mas, na prática, conseguimos 313 km (antes dava uns 270 km). Ok, 313 km é uma autonomia maior do que a assustadora marca de 261 km indicada pelo PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular). Mas não é suficiente para viagens longas no Brasil.
Isso significa que o Peugeot e-2008 GT, apesar de ser um bom carro, tem o seu raio de ação bastante limitado. Dá para fazer viagens de 150 km de ida mais 150 km de volta e, mesmo assim, não abusar da velocidade. Como todo automóvel (elétrico ou a combustão), o pé pesado cobra em consumo. O 2008 elétrico consome cerca de 17 kWh/100 km, mas houve trechos em que gastamos quase 28 kWh/100 km.
A vida a bordo do Peugeot e-2008 GT 2025 é bastante agradável. Ele não é muito espaçoso, mas é bem confortável. Em relação ao modelo 2023, ganhou câmera 360 graus, faróis full LED e banco do motorista com ajuste elétrico (inclusive lombar), além de massagem. A suspensão é macia e os pneus 215/55 R18 são bem apropriados para o SUV compacto, com rodas bonitas.
O padrão de acabamento é bem caprichado, dentro do que se pode esperar do paradigma atual da indústria automobilística, que é usar muitos plásticos. A multimídia conecta sem fio e tem uma boa tela de 10 polegadas (antes era de 7 polegadas), mas não é nada prática. A Peugeot poderia aprender com a Fiat, também da Stellantis, como se faz uma central multimídia verdadeiramente campeã.
O painel de instrumentos digital é bonito e diferente, com imagens em 3D, mas isso não garante a melhor visibilidade das informações. Os números poderiam ser muito maiores. E é difícil encontrar o consumo médio ou instantâneo. Para isso, tem que abrir a multimídia. Menos mal que o alcance estimado está sempre visível no painel.
Um aspecto muito bom do Peugeot e-2008 é o seu porte. O carro tem 4.304 mm de comprimento (+4 mm em relação ao anterior) e 1.815 mm de largura (+45 mm). Foram mantidas as mesmas medidas de altura (1.550 mm) e entre-eixos (2.605 mm). O porta-malas também ficou igual: tem 434 litros de capacidade (mas sem estepe, apenas com kit de reparo).
O Peugeot 2008 elétrico da linha 2025 também ficou um pouco mais leve. Perdeu 7 kg e agora pesa 1.623. Com isso, sua relação peso/potência melhorou bastante, caindo de 12 kg/cv para 10,3 kg/cv. Resultado da combinação, é claro, com o motor mais potente. A velocidade máxima é limitada em 150 km/h.
Outra boa medida da Peugeot foi aumentar a potência de carregamento lento (AC), que era de apenas 7,4 kW e agora é de 11 kW. Isso significa que a recarga é mais rápida quando você tiver que usar um eletroposto da Volvo ou de outro fornecedor. A potência de carregamento rápido (DC) já era boa e se manteve em 100 kW. Dá para fazer uma recarga completa em 30 minutos.
De uma forma geral, o Peugeot e-2008 GT 2025 melhorou nos pontos-chave. É uma pena que a França não ofereça a opção do antigo motor de 100 kW com a nova bateria de 54 kWh, pois essa seria a combinação ideal para o Brasil. Em nosso país, no atual estágio da infraestrutura de carregamento dos carros elétricos, o alcance é mais importante do que a potência.
Quanto ao preço, o modelo 2025 ainda não teve o preço divulgado. O antigo estava sendo vendido por R$ 229.990. O BYD Yuan Plus, da mesma categoria, custa R$ 235.800, porém tem mais potência (150 kW/204 cv), bateria com mais capacidade (60,5 kWh) e alcance maior (298 km pelo PBEV).
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