Review: Renault Kardian com câmbio manual é boa opção de entrada
Por R$ 11.100 a menos do que a versão automática mais barata, Renault Kardian manual de 6 marchas é bom negócio onde não há congestionamento
Com vários meses de mercado e bem construído, “todo mundo” já sabe que o Renault Kardian automático é um bom carro. Mas, e a versão manual? Será que também é boa? Para tirar essa dpúvida, rodamos durante uma semana com o Renault Kardian Evolution MT6.
A primeira boa notícia é que a Renault resistiu ao impulso (sempre presente em alguns carros brasileiros) de oferecer bom preço só em tecnologias ultrapassadas. Por isso, nem quis saber do motor 1.6 aspirado, que segue vivo na Argentina. O Kardian manual tem o mesmo motor 1.0 turbo de 130/125 cavalos (etanol/ gasolina), muito mais moderno, utilizado nas versões automáticas.
Outra boa nova é que o Kardian Evolution MT custa exatos R$ 11.100 a menos do que o Kardian Evolution EDC (nome que a Renault deu à versão AT). O câmbio é de 6 marchas nos dois casos. E os equipamentos também são os mesmos. A única coisa que muda é a necessidade de fazer trocas de marcha manuais.
Há quem prefira – e esse tipo de transmissão não tem nada de errado. A moda do câmbio automático começou nas grandes cidades porque o trânsito é um inferno. Então, naquele anda-e-para, acelera-e-freia, a tarefa de trocar de marchas e pisar no pedal da embfreagem acaba cansando os (e as) motoristas.
Quem não mora numa cidade com trânsito congestionado não precisa do carro automático. Porém, tem que saber que o manual desvaloriza mais na hora de vender. O Kardian manual custa R$ 106.990 e o Kardian automático começa em R$ 118.090.
A versão Evolution é a de entrada. Por isso, o carro não tem alguns equipamentos. Tem, entretanto, o sistema Start&Stop, que, no carro manual, atrapalha mais do que ajuda. É possível desabilitar, mas sempre que você desliga o carro, ele voltará com o sistema habilitado quando for ligado.
É ruim, porque no carro manual parece que ele “morreu”. Talvez seja questão de se acostumar com essa característica. Em uma semana não deu para acostumar. O quadro de instrumentos também é pobre e não tem conta-giros, que é fundamental no carro manual. Tem um indicativo de troca de marcha, mas não é a mesma coisa.
O Renault Kardian 1.0 turbo entrega a potência máxima a 5.000 rpm. Por isso, para obter o melhor desempenho, o ideal é trocar as marchas próximo dessa faixa. Mas o bom torque de 220 Nm surge bem antes, a 2.250 rpm. É aqui que o conta-giros faz falta, pois, para conduzir de forma econômica, basta rodar sempre a 2.500 giros.
O carro é bonito e esperto. O Kardian manual é 1,1 segundo mais lento do que o automático e vai de 0 a 100 em 11 segundos. Com gasolina, ele é um pouquinho mais econômico na estrada (14,0 km/l contra 13,9). Com etanol, consegue a mesma autonomia na estrada (9,7 km/l).
Na cidade, o Kardian manual é menos econômico do que o Kardian automático. Com gasolina, faz 12,3 km/l contra 13,1. Com etanol, faz 8,4 km/l contra 9,0. É uma boa diferença. E, justamente por ser manual e não ter cointa-giros, é possível que na prática essa diferença seja ainda maior.
Já na versão Evolution MT o Renault Kardian vem com 6 airbags, painel digital de 7 polegadas, multimídia flutuante Display Link de 8 polegadas e controlador de velocidade. Sinceramente, seria melhor um quadro de instrumentos analógico e mais completo. Porém, fazer o que se os consumidores preferem algo digital, mesmo que seja pior? Bom para a Renault, pois é mais barato de fabricar e mesmo assim ela pode cobrar mais, pela percepção de “modernidade”.
A multimídia é eficiente, mas a falta de botões é um problema. Outro item bacana é o que mostra o desempenho do motorista na economia de combustível. Também gostamos da vida a bordo de uma forma geral, pelo conforto e ergonomia, pela posição de dirigir e pelo ar-condicionado. Faltam alças de segurança no teto.
Quanto à suspensão, direção e freios, estão muito bem resolvidos. O carro tem um comportamento dinâmico e direcional seguro e firme, sem fugir ao controle do motorista como ocorre em alguns carros chineses. A Renault conhece muito de motor e suspensão, por tantos anos envolvida na Fórmula 1 e em outras competições.
Da mesma forma, a transmissão é muito competente. O engates são fáceis e precisos. As duas últimas marchas (quinta e sexta) são usadas mais como overdrive, para ajudar na economia de combustível. É até fácil esquecer que existe uma sexta, às vezes. O Renault Kardian manual tem um bom custo-benefício e vale a pena pelo preço bem mais acessível.