Review: Toyota RAV4 Plug-in Hybrid é bom, mas bateria é limitada
Primeiro carro híbrido plug-in da Toyota no país, RAV4 mantém as boas características do SUV, mas aposta na potência limita alcance elétrico
Rodamos uma semana na cidade e na estrada com o Toyota RAV4 Plug-in Hybrid, um SUV dotado de três motores e que marca a entrada da montadora japonesa no segmento PHEV – ela que é pioneira no desenvolvimento de carros híbridos do tipo HEV (autorrecarregáveis, não plugáveis).
O Toyota RAV4 HSE Plug-in Hybrid 2024 foi lançado em abril e custa R$ 402.420, que não é exatamente uma pechincha. É um bom carro, com todas as características que fizeram do RAV4 um dos SUVs mais vendidos do mundo. Mas, ao mesmo tempo, mostra que a Toyota ficou para trás neste segmento.
O RAV4 híbrido plug-in tem potência suficiente para seu porte e, para sermos sinceros, até de sobra. São 306 cv de potência máxima combinada. Essa cavalaria vem de um motor 2.5 a gasolina de 185 cv e 223 Nm combinado com dois motores elétricos.
O motor elétrico dianteiro tem bons 182 cv (134 kW) e 280 Nm de torque. O traseiro entrega 54 cv (40 kW) e 121 Nm. Toda essa combinação de motores e potência resulta numa aceleração vigorosa de 6 segundos para ir de 0 a 100 km/h. A transmissão é E-CVT. Dá para rodar em boas velocidades com o carro na mão. Ele chega a 180 km/h de velocidade máxima.
A suspensão nos pareceu confortável demais, o que provoca algumas oscilações na carroceria e alguma rolagem em curvas rápidas – mas nem por isso chega a ser ruim como a maioria dos carros chineses no comportamento direcional. De qualquer forma, com quase duas toneladas de peso para carregar (são 1.950 kg com três motores e uma bateria), não parece ser tão “na mão” como outros RAV4 que já dirigimos.
O ponto fraco do Toyota RAV4 Plug-in Hybrid é a autonomia no modo 100% elétrico. A bateria de íon-lítio tem 18,1 kWh de capacidade e permite rodar apenas 55 km sem usar o motor a combustão. Sem dúvida, um número decepcionante se compararmos com o alcance oferecido pelo Haval H6 PHEV, que tem 393 cv e 113 km de alcance elétrico.
Para conseguir esse alcance elétrico superior com 87 cavalos a mais, a GWM dotou o Haval H6 HEV de uma bateria de 34 kWh, quase o dobro da bateria do Toyota RAV4, que ficaria mais competitivo com uma bateria maior.
Esse alcance de 55 km já foi superado também pelo BYD Song Pro, que faz 68 km no modo elétrico e tem incrível capacidade de regeneração de energia, porém é menos potente. Por isso, dependendo da forma como o motorista conduzir, o RAV4 vai precisar fazer visitas constantes ao carregador – e, nesse ponto, acaba o discurso de praticidade que a Toyota usa para seus híbridos não plugáveis (HEV).
A emissão de CO2 também é alta: 97 g/km de CO2 (contra 22 g/km, por exemplo do Caoa Chery Tiggo 8 PHEV). Segundo o PBEV, o Toyota RAV4 faz o equivalente a 35 km/l na cidade e 30 km/l na estrada quando está no modo elétrico. Usando o motor a combustão ele faz 14 km/l de gasolina na cidade e 12,9 km/l na estrada. Nossa melhor média foi 17,3 km/l na cidade.
De qualquer forma, o alcance no modo híbrido é ótimo: 770 km na cidade e 710 km na cidade. Para isso, é necessário dirigir de forma econômica, o que nem sempre é possível num carro com mais de 300 cavalos disponíveis.
O design do Toyota RAV4 Plug-in Hybrid é conservador, mas agrada, com vincos marcantes e um porte superior. Os pneus são 235/55 em rodas de 19 polegadas. A vida a bordo é muito agradável, tanto pelo conforto como pelo espaço interno, ar-condicionado, ergonomia e praticidade.
O quadro de instrumentos com tela TFT de 12,3 polegadas é muito bem desenhado e orienta facilmente o motorista a conduzir de forma econômica ou esportiva. É possível travar o consumo de energia elétrica por meio de um botão. São quatro modos de condução: Normal, Eco, Sport e Trail.
A tela multimídia fica muito bem posicionada no alto do painel. Ela tem 10,5 polegadas e boa conectividade com Android Auto e Apple CarPlay. Só a sintonia das rádios é um pouco confusa. O motorista tem ainda um bom Head Up Display com as principais informações durante a viagem. O piloto automático é adaptativo.
O Toyota RAV4 Plug-in Hybrid é um carro seguro, com sete airbags, assistente de permanência em faixa e alerta de oscilação, projetada para monitorar as marcações da estrada e ajustar automaticamente a direção. O SUV plug-in também tem monitoramento de ponto cego, assistência de farol alto e aviso de saída de faixa.
O Toyota Safety Sense segue presente no SUV, com o sistema de pré-colisão frontal, que também detecta pedestres e ciclistas e tem frenagem automática de emergência. O RAV4 traz ainda controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, freios com ABS e EBD, assistência à frenagem de emergência, luzes de freio de emergência e controle de tração.
Uma boa iniciativa da Toyota foi disponibilizar aos compradores do RAV4 Plug-in Hybrid um carregador portátil convencional 2,3 kW e um Wallbox de 7,4 kW, que permite a recarga da bateria em duas horas e meia.
Para quem não quer se preocupar com carregamento, a Toyota ainda oferece o RAV4 SX Connect Hybrid, com o sistema híbrido convencional HEV e 222 cv de potência combinada, por R$ 349.290. Nesse caso o alcance é ainda maior, com 941 km de autonomia na cidade, mas sem dispor do modo 100% elétrico, o único que não emite CO2 durante a utilização.