Review: VW T-Cross 2025 muda para continuar no topo entre os SUVs

É difícil mexer em algo que está dando certo. Mesmo assim, o Volkswagen T-Cross ganhou algumas novidades no último ano para se manter na liderança do aquecido segmento de SUVs compactos. E nós testamos o novo Volkswagen T-Cross Comfortline (R$ 167.790), uma das versões mais vendidas do modelo, durante uma semana no Rio de Janeiro-RJ. Confira.

Lançado em 2019 no Brasil, o Volkswagen T-Cross ainda era um carro bastante procurado no segmento. No entanto, com a chegada de novos concorrentes nos últimos anos, a marca alemã decidiu mexer em alguns pontos do design do modelo. Com isso, a versão brasileira pegou inspiração do T-Cross europeu – que mudou um ano antes – e ficou mais moderna.

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Na dianteira, o T-Cross ganhou novos faróis em LED, com nova assinatura visual, além de uma nova grade e um para-choque redesenhado. Visualmente, o conjunto agrada, ainda mais com a bela cor metálica Azul Norway, que adiciona R$ 1.750 ao preço final. No entanto, ficaram faltando os faróis IQ.Light com projetor, que são mais eficientes e que equipam o modelo europeu nas versões topo de linha. 

Como esses faróis não são produzidos no Brasil, o custo para trazê-los de forma importada impactaria negativamente no preço do T-Cross nacional, que é produzido em São José dos Pinhais (PR). Além disso, o Volkswagen T-Cross brasileiro também deixou de fora a grade iluminada e as luzes diurnas abaixo dos faróis, como no modelo europeu. 

Na lateral, há apenas novas rodas, que na versão Comfortline são de 17” e com acabamento diamantado. Já na traseira, as lanternas em LED ganharam novos elementos internos e agora são interligadas. No modelo anterior, havia apenas luzes refletivas na barra horizontal que atravessa a tampa do porta-malas. 

O novo conjunto, por outro lado, deixou o design mais sofisticado e moderno. Novamente, o T-Cross europeu traz um layout diferente, com elementos em formato de “X”, mais parecido com o Jeep Renegade. Mas desta vez, na minha opinião, o modelo brasileiro ficou mais bonito. O para-choque traseiro também é novo, e a placa fica na tampa do porta-malas.

No interior, a receita foi novamente inspirada no T-Cross europeu. O acabamento, que era um dos pontos mais criticados do T-Cross antigo, ganhou um novo design, além de peças com revestimento em vinil emborrachado na parte central. Nas portas, o acabamento também recebeu uma faixa maior de tecido. 

Outra novidade é a iluminação ambiente, que gera um efeito visual positivo durante o período noturno. No entanto, é preciso ressaltar que o T-Cross brasileiro também poderia trazer a parte superior do painel emborrachada, como no modelo europeu. Já a central multimídia VW Play de 10,1” passou a ter maior destaque no painel, em posição mais elevada, e tem comandos intuitivos e rápidos, além de uma tela com boa resolução.

No entanto, talvez um botão físico para a função liga-desliga e para o controle de volume tornasse a experiência ainda melhor. Outro destaque fica para o painel de instrumentos digital de 10,25”, que manteve as qualidades do modelo anterior, como a boa visualização e resolução da tela. 

A posição de dirigir é excelente, algo que já era uma qualidade do SUV. Mesmo sendo um pouco mais elevada do que nos demais carros com a plataforma MQB-A0, a ergonomia é boa, e a visibilidade é muito boa. A direção é bem direta, sendo leve em manobras e mais firme conforme a velocidade aumenta. Os bancos – que contam com revestimento em couro sintético – são bem confortáveis.

Sob o capô, a versão Comfortline conta com o conhecido motor 1.0 turbo flex de 116/128 cv (gasolina/etanol) e 200 Nm, que é sempre associado a um câmbio automático de seis marchas. Esse conjunto equipa quase todas as versões do T-Cross, com exceção da Highline, que traz um 1.4 turbo de 150 cv e 250 Nm, com o mesmo câmbio.

Ao dirigir, o T-Cross Comfortline se mostra bem ágil em trechos urbanos e em estrada, embora haja um delay mais perceptível ao pisar fundo de uma vez no acelerador. Isso se deve às novas regras de emissões de poluentes, que se tornaram mais rígidas em 2025. Já prevendo as novas regras, a marca alemã alterou o sistema de aceleração de seus carros para reduzir o consumo e as emissões.

Uma das soluções para o delay é utilizar o modo sport no câmbio, que de fato deixa o carro mais esperto, apesar de aumentar o consumo de combustível. Oficialmente, o Inmetro divulga médias de 8,1 km/l (etanol) / 11,9 km/l (gasolina) na cidade e 9,8 km/l (etanol) / 14,1 km/l (gasolina) na estrada. Nós tivemos médias de 9 km/l com etanol em ciclo misto (cidade/estrada). 

Em questão de desempenho, ele vai de 0 a 100 km/h em 10s e chega aos 192 km/h. Não empolga, mas é um conjunto bom para o uso em cidade e em estrada. Para quem quer um desempenho melhor, sobretudo em viagens com a família, há o motor 1.4 turbo na versão Highline. A suspensão é macia, e filtra bem as imperfeições no trajeto. Já a carroceria não inclina tanto em curvas mais fechadas. 

Ao mesmo tempo em que mudou em alguns aspectos, o T-Cross também manteve seus bons predicados. É o caso do porta-malas de até 420 litros e do bom espaço interno, graças ao entre-eixos de 2,65 m do Virtus, maior do que os 2,56 m do SUV europeu. Isso se traduz em mais espaço para os ocupantes do banco de trás, que ainda contam com saídas de ar traseiras. Outra vantagem que só o T-Cross brasileiro tem. 

A lista de equipamentos é boa. São seis airbags de série, além do ACC, frenagem autônoma de emergência, partida por botão e chave presencial, start-stop, paddle-shifts, ar digital, câmera de ré, carregador por indução, volante multifuncional, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, entre outros itens. O T-Cross mede 4,22 m de comprimento, 1,76 m de largura e 1,57 m de altura.

A unidade que testamos ainda traz o pacote opcional Sky View II (R$ 7.690), que adiciona espelho retrovisor interno eletrocrômico, luzes de leitura na frente, sensor de chuva e teto solar panorâmico. O último item também é uma exclusividade do T-Cross brasileiro, o que mostra que a Volkswagen teve que fazer algumas concessões, mas que também deu alguns extras para o modelo nacional.

Até por isso, o novo Volkswagen T-Cross agrada bastante pelo conjunto bem equilibrado. O acabamento poderia ser um pouco melhor, assim como alguns itens do modelo europeu poderiam ser oferecidos no Brasil. Outro ponto em que ele poderia melhorar seria o preço, que é elevado. No entanto, o modelo oferece uma receita que é matadora no segmento: bom espaço interno, boa dirigibilidade, segurança e um visual moderno.

E isso se traduz nos números de vendas do modelo. Somente em 2024, foram 83.975 unidades do T-Cross emplacadas no Brasil, o melhor ano do SUV no país desde o seu lançamento em 2019. Dessa forma, fica fácil recomendar o modelo “queridinho” do mercado nacional. No entanto, no segmento mais concorrido do Brasil, talvez seja preciso ficar um pouco mais refinado e “eletrizado” para os próximos anos.