Salão de Genebra: seu "próximo" carro terá um motor elétrico

Peter Fussy

Direto de Genebra

Nem mesmo o lançamento da Ferrari mais veloz já fabricada impede a constatação de uma verdade que parece clara a todas as montadoras de automóveis presentes no salão de Genebra: em poucos anos seu próximo carro terá um motor elétrico. A grande maioria dos carros conceitos, que mostram como as empresas imaginam seus carros no futuro, são pensados com motores híbridos ou completamente elétricos. Mais do que apenas conceitos, o evento mostra que o carro elétrico já está entre nós e pode se popularizar em breve. E mesmo quem ainda não mostrou seu modelo alternativo ao combustível fóssil, gaba-se e alardeia a redução, mesmo que seja de 10%, da emissão de poluentes ou do consumo.

Nessa corrida, quem saiu na frente foi a Chevrolet/Opel, com o Volt/Ampera (como é conhecido no mercado americano e europeu respectivamente). Em Genebra, ele foi escolhido o Carro do Ano 2012, segundo 59 jornalistas de 23 países europeus, deixando para trás outros seis finalistas: Citroën DS 5, Fiat Panda, Ford Focus, Range Rover Evoque, Toyota Yaris e Volkswagen Up!. Mas o híbrido ainda barra no preço para ser um sucesso, e as vendas nos EUA não foram como esperado. Quase deixando o Volt/Ampera para trás, aparece o Nissan Leaf, que custa menos e não possui motor à combustão, sendo o primeiro modelo 100% elétrico de produção.

Mas quem deu o passo mais claro para a "popularização" do motor alternativo foi a Renault, com o lançamento do Zoe em Genebra. Por 15,7 mil euros na França, o carro pode ser considerado o primeiro "popular" dos carros elétricos, já que o Nissan Leaf não sai por menos de 30 mil euros e o Opel/Vauxhall Ampera por 42 mil euros - tudo com o devido incentivo do governo, de cerca de 5 mil euros. Além do Zoe, a Renault aposta também no Twizy, um veículo elétrico para no máximo duas pessoas, que lembra mais um triciclo. Quem vai promover a "motoca" é o DJ número um da França David Guetta.

Outra montadora que há anos aponta na direção dos híbridos, a Toyota também lançou um modelo menor, compacto e mais barato que o Prius, que já está na terceira geração. A marca japonesa anunciou a produção do Yaris híbrido na Europa, com vendas já em maio deste ano. Segundo a empresa, o Yaris tem autonomia de cerca de 28,5 km/l, conforme padrões europeus. Com um consumo desses, o compacto vem equipado com um tanque de combustível de apenas 36 l.

Mesmo os amantes do design esportivo já têm opções ecologicamente mais sustentáveis. Depois de vender 2,2 mil unidades de seu Roadster, que faz de zero a 100 km/h em 3s7 apenas com motor elétrico, a Tesla Motors mostrou em Genebra uma versão beta do sedã S, que será comercializado ainda este ano. Segundo a marca, já foram feitos 8 mil pedidos pelo veículo com motor elétrico que gera até 362 cavalos de potência, por preços a partir de US$ 50 mil nos Estados Unidos.

Conceitos e esquisitices

O chamado Pavilhão Verde do salão de Genebra reúne estes modelos e outros mais "esquisitos", como o veículo elétrico da francesa Volteis com a assinatura do designer Philippe Starck, que mais parece um carrinho de golfe com assentos de vime. Mas o pavilhão também mostra até onde a tecnologia pode ir em termos de transporte sustentável. Desenvolvida pela empresa suíça Designwerk GmbH, a "moto" Zerotracer percorreu 30 mil km pelo mundo, passando por 16 países em 80 dias, com um custo abaixo de 200 francos suíços (cerca de R$ 385) para a viagem inteira. A façanha foi atingida graças a uma combinação de aerodinâmica e bateria de alta densidade.

Entre os conceitos, quem acertou a mão foi a Toyota, com a estreia do FT-Bh em Genebra. O modelo híbrido tem carroceria economicamente viável, segundo a montadora, e promete autonomia de cerca de 47 km/l, além de um visual futurista, mas agradável. O motor a combustão é de dois cilindros e 1.0 l. Nem mesmo a fabricante do "carro mais barato do mundo" fica de fora dessa movimentação. A indiana Tata mostrou o híbrido Megapixel - um avanço do Pixel mostrado no ano passado. O veículo para quatro pessoas promete percorrer até 900 km com um tanque de combustível.

Preocupações

Quando a Porsche anuncia que o consumo de combustível da nova geração do Boxster foi reduzido em 15%, a coisa fica séria. A preocupação é geral. Em praticamente todos os estandes de grandes montadoras, números enormes nos carros ou no chão mostram qual o nível de emissão de CO2, ou qual é a autonomia do veículo. Volkswagen, Chevrolet, Ford, Toyota, Peugeot, Honda, Nissan, Fiat, todas apresentaram algum híbrido ou alardearam alguma redução de consumo e emissão de poluentes. No Brasil, essa preocupação ainda parece distante, assim como os poucos híbridos disponíveis passam longe dos consumidores pelos preços proibitivos. Mas pelo que mostram as montadoras, em algum momento ela vai atingir o mundo inteiro.

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