Sem a picape Strada, Fiat perderia liderança para a Volkswagen
Primeiro carro a superar 100 mil vendas no ano, Fiat Strada é fundamental para a folgada liderança da marca italiana no Brasil
Passados nove meses do ano, a fábrica da Stellantis em Betim (MG) gestou mais dois títulos gêmeos para a Fiat no mercado brasileiro. Como ocorreu em 2021, 2022 e 2023, a Fiat será campeã nacional de vendas como marca e como produto (picape Strada). É um duplo tetracampeonato.
Mais do que isso, entre as marcas, será um tetracampeonato com enorme folga nos números. Hoje a Fiat já tem 93 mil carros de vantagem sobre a Volkswagen: 370 mil contra 276 mil. Mas, se não existisse a picape Strada em sua linha, a Fiat perderia a liderança para a Volkswagen, pois cairia para 229 mil vendas.
Sem a Nova Strada, a Fiat ainda seria uma marca poderosíssima no mercado brasileiro, mas não daria o banho de vendas que vem dando há quatro anos seguidos. A última vez que outra marca foi campeã de vendas no Brasil foi em 2020, ano da pandemia: Chevrolet com 338 mil, Volkswagen em segundo lugar com 327 mil e Fiat em terceiro com 321 mil.
O Fiat Strada foi o primeiro carro a passar de 100 mil vendas este ano. O único carro que o segue de perto é o Volkswagen Polo. Esta semana estive na fábrica da VW do Brasil e perguntei a um executivo se a montadora alemã havia desistido de tentar superar a picape da marca italiana com o hatch compacto.
“Não conseguimos competir com a capacidade de produção que a Fiat tem em Betim”, ele me disse. É por esse motivo que a Volkswagen está reacomodando a produção de seus carros. Segundo fontes da Volkswagen, a picape Saveiro poderia estar vendendo 10 mil unidades a mais por mês se tivesse maior produção.
Porém, a Strada não é o único fator de sucesso da Fiat no Brasil. Além da linha diversificada, é importantíssimo também o papel da picape Toro, que foi a melhor ideia da década passada. Como ocorre há anos, Strada e Toro são as duas picapes mais vendidas do Brasil.
Sem a Strada e sem a Toro, a Fiat cairia do atual patamar de 370 mil vendas (Jan-Set) para 229 mil. Isso a colocaria ao alcance da Chevrolet, que tem 223 mil vendas no acumulado dos primeiros nove meses deste ano. Sozinha, a Toro já emplacou 39 mil unidades (quase a soma das francesas Citroën e Peugeot).
A GM perdeu a chance de atacar as picapes da Fiat quando decidiu transformar o Chevrolet Montana num veículo intermediário, atacando a Strada por baixo e a Toro por cima. O que ocorre é que perde os dois embates. A Nova Montada pode ser lucrativa, mas não brilha no mercado.
A Volkswagen não quer repetir esse erro. Por isso, projeta para os próximos anos uma inédita picape que será feita na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Tudo indica que será uma picape anti-Toro, com a permanência da Saveiro no portfólio. A Volks percebeu que precisa ter duas picapes compactas competitivas para almejar a liderança do mercado brasileiro.