SUV premium: por que o BMW X1 é o novo queridinho do Brasil
AVALIAÇÃO: Rodamos durante quase duas semanas em ruas, estradas, na chuva, na praia e na fazenda com novo BMW X1, um carro viciante
De vez em quando surgem carros que conquistam milhares de consumidores e todos querem comprar. Todos que podem, é óbvio. O BMW X1 é o novo queridinho do Brasil no segmento SUV premium. Méritos, ele tem de sobra – e nem precisa apelar (por enquanto) para o argumento do carro híbrido.
Barato ele não é. Custa quase R$ 350 mil na versão topo de linha. Mas quem disse que o público que compra o BMW X1 procura um carro barato? Esse público quer um automóvel exclusivo, que entregue status sem ostentação, que tenha as mais avançadas tecnologias de conectividade, que esteja up-to-date em termos de segurança e condução semi-autônoma, que tenha um bom motor e que seja confiável.
O BMW X1 é tudo isso e mais: ficou maior, mais sexy com o novo design e ainda mais dominante em sua categoria. É montado no Brasil (Araquari, SC) e tem três versões bem posicionadas, conforme publicamos quando o novo BMW X1 foi lançado. Veja aqui todas as novidades e medidas do carro.
Já havíamos tido uma ótima impressão do BMW X1 no evento de lançamento. Mas sempre é bom passar alguns dias usando o carro na vida real, longe do roteiro imposto pelo fabricante. Foi o que fizemos com o BMW X1 SDrive20i M Sport. Só na estrada foram 1.500 km, utilizando estradas de pista simples, mão dupla, asfalto bom e ruim, subida e descida de serra, sol e chuva. Teve ainda trechos nas cidades, pequenos desvios off-road e até areia de praia.
O BMW X1 é o SUV premium mais vendido do Brasil, mas ele se encaixa melhor na definição dada pela própria BMW: é um SAV (Sport Activity Vehicle) e não exatamente um SUV (Sport Utility Vehicle).
Afinal, ele não tem um vão livre exagerado, não tem tração 4x4 e está mais para um carro familiar elevado, configurável para rodar com mais conforto ou com mais esportividade, com mais performance ou com mais economia. Para isso, basta escolher um dos modos de condução disponíveis: Dynamic, Efficient ou Individual.
O motor é bom. Trata-se de um 2.0 biturbo a gasolina que entrega 204 cv de potência com o conta-giros entre 5.000 e 6.500 rpm. Mas não é preciso forçar tanto o motor para que o carro seja ágil. Ele tem 300 Nm de torque – um valor muito bom para o porte do carro – disponíveis já em 1.450 rpm e segue plano até 4.500 giros.
Ou seja, nos regimes mais baixos, quando o torque é mais importante, o carro mostra força suficiente para boas arrancadas e retomadas de velocidade; nos mais altos, quando a potência é fundamental, passa dos 200 cavalos. O motorista pode controlar essa entrega pela borboleta do câmbio ou usar a transmissão de dupla embreagem com 7 marchas de forma automática.
Como em todos os carros da BMW, a posição de dirigir e a própria pilotagem é prazerosa. A aceleração de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos é digna. Sentimos dificuldade, entretanto, de conseguir os números de autonomia oficiais (10,7 km/l na cidade e 13,0 km/l na estrada) em trechos longos.
Isso porque enfrentamos muitas subidas quando o carro estava vazio e depois ele sempre esteve com quatro pessoas a bordo. Mas nas retas, em velocidade constante, com duas pessoas a bordo, fizemos sempre 15 km/l, em várias ocasiões, rodando entre 100 e 120 km/h.
Não é de hoje que o BMW X1 é o SUV premium mais vendido do Brasil. Mas ele não era um carro viciante; era um carro de bom custo-benefício. Agora ele se tornou viciante. Maior e mais largo, ele ganhou um padrão superior. Mas atenção porque ele cresceu muito mesmo: 61 mm no comprimento, 22 mm no entre-eixos, 24 mm na largura, 25 mm na altura, 27 mm no balanço dianteiro e 4 mm no balanço traseiro.
Isso não é comum. Em toda sua vida pregressa, é bem verdade, o BMW X1 foi ofuscado por seu irmão maior, o BMW X3, sempre muito desejado no Brasil. Mas agora, com novo porte e um design provocante, ele ganhou mais, digamos, personalidade, se é que esse termo cabe a um automóvel. Como este é o Guia do Carro, por que não?
A frente tem uma enorme grade que abre ou fecha dependendo da necessidade de refrigeração do motor. A traseira simplesmente rompe com as ridículas saídas de escapamento falsas que um dia foi novidade mas que todo mundo copiou.
Sabe o que esses dois detalhes significam? Que o BMW X1, mesmo equipado com motor a combustão, já utiliza elementos de design dos carros elétricos. Afinal, um BEV (Battery Electric Vehicle) não precisa de ar no motor e muito menos de escapamento.
O design também é musculoso, tem vincos marcantes e bordas proeminentes. Há quem odeie – isso é um fato. Mas a BMW sempre foi provocativa no visual de seus carros e os fãs da marca já estão acostumados com isso. Quem gosta de design mais conservador pode comprar um Audi, quem gosta de design mais clássico pode comprar um Mercedes e quem gosta de design sem tempero pode comprar um Volvo.
Então o BMW X1 é um carro perfeito? Claro que não. O design do quadro de instrumentos digital, por exemplo, é exótico e significa um passo atrás em relação ao que a própria BMW oferecia. Infelizmente, a linguagem visual é a mesma do BMW iX (primeiro SUV elétrico do fabricante alemão) e deve durar uns bons anos.
Mas talvez seja só falta de costume deste jornalista, que vê o antigo Chevrolet Agile onde a BMW quer que a gente veja o novíssimo iX. Por outro lado, não podemos deixar de elogiar a dupla tela curva que compõe o painel digital e o display central. Além disso, o celular fica em posição vertical e bem visível no espaço de carregamento por indução.
A câmera 360 graus e o assistente de estacionamento também são itens interessantes deste carro. As rodas também são belíssimas e as lanternas traseiras arrasam, bem como o volante de direção, os bancos, a segurança ativa e passiva, a conectividade e a sensação de que este carro é mais do que suficiente para o dia a dia na cidade.
Ah, vale dizer que o porta-malas perdeu 29 litros, mas carregamos malas e mochilas para quatro pessoas e os 476 litros de volume foram suficientes. E ninguém reclamou do fato de ter mais espaço para as pernas.
A versão topo de linha 20i M Sport custa R$ 349.950. Há também a intermediária 20i X-Line, que sai por R$ 328.950 e tem a mesma mecânica. O custo-benefício pode interessar a muitos clientes. Para quem não faz questão de muita cavalaria, a BMW ainda tem o X1 1.8i com motor 1.5 de 155 cv por R$ 296.950.
O principal concorrente do BMW X1 é o Audi Q3, que também melhorou na nova geração e também voltou a ser montado no Brasil (São José dos Pinhais, PR). Ao contrário do X1, o Q3 tem tração 4x4 e motor 2.0 de 231 cv em todas as versões. Também um bom carro, mas muito menos ousado do que o Novo X1.
Em maio, o BMX X1 obteve 509 emplacamentos e o Audi Q3 registrou apenas 100. No ano, o Q3 soma 573 unidades e o X1, que estreou em março, já acumula 1.168. O Volvo XC40 (agora só elétrico) soma 784. O Mercedes GLA parou no tempo e só emplacou 42 unidades em maio. Tudo indica que este ano o BMW X1 vai dar outro banho de vendas. É ou não é o novo queridinho do Brasil?
Notas [pela categoria]
Desempenho - 8 (muito bom)
Consumo - 6 (bom)
Dirigibilidade - 10 (ótima)
Conforto - 10 (ótimo)
Usabilidade - 10 (ótima)
Conectividade - 10 (ótima)
MÉDIA - 9,0 (ÓTIMO)
Veredicto
Vale a pena comprar o novo BMW X1 com motor 2.0 de 204 cv, pois ele ganhou outro porte e entrega comportamento dinâmico, conforto, usabilidade e conectividade no nível máximo de sua categoria, além de ter um desempenho muito bom.
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