T-Cross chinês tem dois nomes e até as montadoras são diferentes
Parece incrível, mas na China o Volkswagen T-Cross compete com ele mesmo porque um é fabricado pela FAW e outro pela SAIC
O mercado de carros da China é um dos mais complexos do mundo. Ao contrário do Brasil e de outros países ocidentais, que têm modelos padronizados, na China o mesmo carro pode ter nomes diferentes e até mesmo montadoras diferentes. Um exemplo disso é o Volkswagen T-Cross, que tem duas variantes chinesas.
Duas empresas parceiras da Volkswagen fabricam o T-Cross na China: a FAW (First Automobile Works) e a SAIC (Shanghai Automotive Industry Corporation). Seria lógico se a FAW-Volkswagen fabricasse alguns modelos e a SAIC-Volkswagen fizesse outros, certo? Não na China. As duas têm alguns modelos que são comuns.
Nem sequer uma escala de preços as montadoras chinesas padronizam. O T-Cross chinês de entrada é da SAIC, com duas versões, o T-Cross chinês intermediário é da FAW, também com duas versões, e o T-Cross chinês topo de linha volta a ser da SAIC.
O VW T-Cross chinês da SAIC-Volkswagen se chama Tukai e tem 4,218 m de comprimento com 2,651 m de entre-eixos. O T-Cross chinês da FAW-Volkswagen se chama Tacqua, é um tantinho menor (4,194 m) e tem o mesmo entre-eixos. O T-Cross Tukai está sendo vendido como linha 2023 e o T-Cross Tacqua tem o nome Exploration como complemento, por ser mais “aventureiro”.
O SAIC-VW Tukai tem duas versões com motor 1.5 aspirado 110 cv de potência (6.200 rpm) e 141 Nm de torque (4.100 rpm). A versão manual de 5 marchas custa 115.900 yuans (R$ 89.490) e a automática de 6 marchas sai por ¥ 128.900 (R$ 99.532). Ele faz 16,5 km/l de gasolina. O porta-malas tem 329 litros de capacidade.
Há ainda uma versão topo de linha chamada 300 TSI com o novo motor 1.5 Turbo Evo II de 160 cv (5.500 rpm) com o câmbio de dupla embreagem DSG de 7 marchas. Este motor será fabricado no Brasil. Apesar do nome (300 TSI), o torque é de 250 Nm (1.750 a 4.000 rpm). Ele é mais potente e mais econômico: faz 17,7 km/l de gasolina. O Tukai 300 TSI é o T-Cross mais caro da China e custa ¥ 161.900 (R$ 125.014). Há uma opção com bagageiro de 329 litros e outra com apenas 212 litros.
O FAW-Volkswagen Tacqua tem duas versões com motor 1.2 Turbo de 116 cv de potência (5.000 rpm) e 200 Nm de torque (2.300 a 3.500 rpm). Vendido como R-Line, o Tacqua “Exploration” tem uma versão de ¥ 143.900 (R$ 111.115) e outra de ¥ 146.900 (R$ 113.431), com diferença apenas em alguns equipamentos. Curiosamente, o T-Cross chinês da FAW tem o maior porta-malas: 367 litros.
Como se vê, não é muito fácil entender o mercado automotivo chinês (e a própria sociedade chinesa) sob a ótica ocidental. A Volkswagen tem um histórico positivo na China, com décadas de lucros e muitos anos na liderança. A empresa alemã iniciou sua parceria com a SAIC em 1984 e com a FAW em 1991. Atualmente, a VW também tem uma participação na JAC Motors (25%).
Nos últimos tempos, entretanto, os consumidores chineses passaram a gostar de suas próprias marcas, especialmente por causa das novas tecnologias que chegaram com os carros elétricos e híbridos plug-in. Isso fez a Volkswagen e outras empresas ocidentais conhecerem prejuízo na China pela primeira vez. Por isso, tentam se reinventar, com ou sem parceria com as montadoras chinesas.
