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Trump é contra carros elétricos, mas quer montadoras chinesas

Depois de dizer que vai acabar com a obrigação de fabricar carros elétricos, agora Donald Trump faz aceno para atrair marcas chinesas

20 jul 2024 - 15h02
(atualizado às 15h13)
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Donald Trump: aceno às montadoras chinesas para fabricar nos Estados Unidos
Donald Trump: aceno às montadoras chinesas para fabricar nos Estados Unidos
Foto: DW / Deutsche Welle

Os carros chineses voltaram ao topo dos temas que dividem Donald Trump e Joe Biden, que disputam a eleição presidencial dos Estados Unidos. Recentemente, Trump disse que vai abandonar o “mandato de veículos elétricos” para “salvar a indústria automobilística dos EUA da completa destruição”. Agora diz que quer as montadoras chinesas fabricando esses carros nos Estados Unidos.

A posição de Trump chamou atenção porque o efeito pode ser o contrário do que supostamente ele deseja: o fim do domínio dos carros elétricos no futuro próximo. A posição de Biden é clara: taxou os importados chineses em mais de 100% e estabeleceu uma meta para que 50% dos veículos americanos sejam elétricos até 2035.

Trump acredita que abrir o país para as montadoras chinesas fabricarem carros nos EUA vai impulsionar a economia. “Neste momento, enquanto falamos, grandes fábricas [de carros chineses] estão sendo construídas através da fronteira com o México” para vender nos EUA, disse Trump num discursoem Milwaukee, na última quinta-feira, 18.

Se as montadoras chinesas não aceitarem o “convite”, Trump promete impor tarifas de até 200% para os carros chineses fabricados no México. O ex-presidente prometeu “trazer de volta a fabricação de automóveis” e “trazê-la de volta rapidamente”, segundo o Automotive News.

Se for eleito em novembro, Trump também prometeu novamente abandonar o que chamou de “mandatos de veículos elétricos”, sugerindo que tal medida salvaria “a indústria automobilística dos EUA da completa destruição”.

Por outro lado, Trump faz campanha aberta contra os carros elétricos. Ele disse que vai reverter as políticas climáticas de Biden, desconsiderando as metas de emissão de CO2, e também pretende reduzir drasticamente os créditos fiscais para veículos elétricos.

Porém, para analistas dos Estados Unidos, até mesmo simpatizantes do Partido Republicano já aderiram aos carros elétricos. O panorama mudou muito de 2016, ano da eleição de Trump, para 2024. Segundo o Gizmodo, o mercado interno de veículos elétricos a bateria passou de 159 mil naquele ano para 1,5 milhão neste ano.

O mercado já estaria num ponto de não retorno, apesar da redução nas estimativas das montadoras. Além disso, a produção de BEVs tem impulsionado o emprego e o investimento no sul do país e até estados como o Texas (o mais fechado para as novas energias) começam a aderir aos carros elétricos.

William Clay Ford Jr., presidente executivo da Ford, disse ao jornal The New York Times: “Nosso prazo como empresa, nosso prazo de planejamento, é muito mais longo do que os ciclos eleitorais”.

Como a indústria automotiva e toda a cadeira em torno dela já fez investimentos bilionários, é improvável que Trump consiga parar o avanço do mercado de elétricos. E não são apenas as marcas americanas. A Hyundai, por exemplo, está investindo US$ 13 bilhões na produção de carros elétricos na Geórgia, onde Trump perdeu na votação de 2020.

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