União Europeia abre brecha para motores a combustão em 2035
Alemanha bateu o pé em relação a e-fuels ou combustíveis sintéticos neutros em CO2 e Comissão Europeia aceitou, mas o Greenpeace critica
Carros com motor a combustão poderão ser vendidos na Europa após 2035 desde que utilizem os chamados e-fuels ou combustíveis sintéticos neutros em CO2. O anúncio foi feito pela União Europeia após uma queda de braço entre a Alemanha e a Comissão Europeia, que trata da descarbonização.
O acordo abre espaço para que a indústria continue usando motores a combustão interna pelo menos em carros de alta potência, como os alemães da Audi e da Porsche e os italianos da Ferrari e da Lamborghini, por exemplo.
O acordo foi duramente criticado pelo Greenpeace: "Este péssimo acordo mina a proteção climática no transporte e prejudica a Europa", disse o especialista em mobilidade da entidade, Benjamin Stephan. A notícia foi publicada pelo site alemão DW.
"Trabalharemos agora para que os padrões de CO2 na regulamentação de carros sejam adotados o mais rápido possível, e a Comissão agirá rapidamente em seguida com as medidas legais necessárias", escreveu Frans Timmermans, da Comissão Europeia, em seu perfil no Twitter.
"Os veículos com motores de combustão interna ainda podem ser registrados após 2035 se forem abastecidos exclusivamente com combustíveis neutros em CO2", disse o ministro alemão dos Transportes, Volker Wissing.
Segundo o DW, os críticos dos e-fuels afirmam que “usar tais combustíveis em um carro com motor de combustão requer cerca de cinco vezes mais eletricidade renovável do que rodar um veículo elétrico com bateria”.
A liberação abre bastante espaço para as montadoras que estarão presentes na Fórmula 1 a partir de 2026, como Mercedes, Audi, Ferrari, Renault e Ford. Além desses fabricantes, a Honda e a Porsche também têm interesse em desenvolver esses motores, mas ainda não conseguiram acordo com nenhuma equipe.
Diante da notícia de que os motores a combustão terão uma brecha em 2035, até mesmo o etanol brasileiro passa a ser considerado como uma opção. Embora não seja totalmente neutro em CO2, alguns analistas consideram que, numa medição do poço à roda, desde que o transporte deixe de ser feito com diesel, é possível chegar a zero emissão.
Mesmo que não seja possível, o acordo fortalece a posição das montadoras que defendem a utilização do etanol como uma alternativa economicamente mais atraente para a descarbonização dos carros produzidos no Brasil do que os veículos elétricos a bateria.