Volvo V40 entra na briga com básicos de Mercedes, Audi e BMW
Carro disputa mercado na faixa dos R$ 100 mil com Audi A1, BMW Série 1 e Mercedes-Benz Classe A
A chegada do Volvo V40 neste mês fecha um semestre de renovações entre os hatches premium - categoria em que estão os modelos com menor preço dos importados de Mercedes-Benz, BMW, Audi e a própria Volvo. Depois do Mercedes Classe A e do A3, o carro sueco aparece no mercado brasileiro para incomodar também o BMW Série 1. A aposta da Volvo é na tecnologia avançada de seus sistemas de segurança e conforto. É claro que esta estratégia deixa o carro um pouco mais caro que os rivais, mas o comprador encontrará no carro um bom companheiro de viagem, daqueles que te deixam alerta e ainda oferecem diversão.
Por R$ 115.950, o hatch é importado da Bélgica e já vem com ar-condicionado digital, direção elétrica com três opções de regulagem, sistema de som com oito alto-falantes, tela central de sete polegadas, bancos e volantes revestidos em couro, sensores de estacionamento, de chuva e crepuscular, piloto automático, sete airbags, freios com ABS e controle de estabilidade e tração, além de função start/stop. Um sistema de sensores pode evitar colisões urbanas com frenagem automática até 50 km/h, mesmo na versão de entrada.
Os demais gadgets estão reunidos em três pacotes de opcionais. O primeiro é o Sport, que adiciona teto solar panorâmico, faróis adapatativos de xênon e rodas de liga leve de 18 polegadas - na versão de entrada as rodas são de 17 polegadas -, por mais R$ 12 mil. O chamado High Tech acrescenta GPS integrado, assistente autônomo de estacionamento, leitor de DVD e mais R$ 10 mil no preço. Mas a grande inovação mesmo está reunida no pacote Safety.
Nesta configuração, o carro “inteligente” detecta pedestres e aciona os freios até 35 km/h, caso o motorista não esboce reação. Se mesmo assim houver atropelamento, um airbag externo sobre o para-brisa ameniza o impacto. No primeiro contato com o carro, tivemos a experiência de ver o sistema em funcionamento em um imprevisto. É tudo muito rápido. Em frações de segundo, o capô se levanta e bolsas de ar se estendem na região baixa do vidro.
Além disso, as câmeras "leem" as placas de trânsito, indicando no painel a velocidade máxima permitida, e alertam o motorista em caso de mudança de faixa não intencional - o sinal é desativado quando a seta é acionada. Tudo isso não sai por menos de R$ 15 mil. Os pacotes podem ser combinados, mas se o comprador quiser o carro completo mesmo irá desembolsar R$ 152.950.
De acordo com o presidente da Volvo para o Brasil e a América Latina, Paulo Solti, a marca pretende atrair principalmente o cliente que busca o conforto de um carro premium. “O custo é o mesmo para todo mundo. Os rivais optam por tirar equipamentos”, afirmou, tendo em vista os preços menores de Série 1 (R$ 89.990) e Classe A (R$ 99.990). Outro alemão na briga por uma fatia do segmento, o A3 Sport (R$ 115 mil) tem preço mais próximo do V40.
Embora seja uma faixa de entrada, a Volvo não espera que o carro tome o lugar do líder de vendas XC60. A previsão é de comercializar cerca de 700 unidades do V40 no segundo semestre deste ano, o que representaria apenas 30% do volume total. Diferente das rivais, a fabricante tem uma cota menor de importação com desconto de IPI, já que não possui planos de produção no País. “A escolha da empresa agora é desenvolver as fábricas na China. Analisamos o mercado, mas até agora nenhuma decisão foi tomada sobre produzir ou não no Brasil”, afirmou Solti.
Impressões
Testamos o V40 mais completo em um trecho de cerca de 100 km, com diferentes condições de rodagem entre Vitória e Vargem Alta, no Espírito Santo. Ao entrar no carro, o painel pode fazer lembrar um avião, com uma diversidade de botões, mas o design é austero e elegante, com destaques para o console central vazado, com acabamento em alumínio, e para o painel digital, que possui três opções de exibição. No modo Elegance, as cores ficam sóbrias e as informações são básicas. O layout Eco destaca a cor verde e mostra barras que indicam como está o desempenho em relação ao consumo de combustível. Já o modo Sport deixa a “discrição” sueca de lado, com um grande conta-giros central na cor vermelha.
O banco em couro é confortável, mas tinha ajuste manual para o motorista – de acordo com a Volvo, os modelos vendidos no Brasil terão controle elétrico. A visão da parte traseira é limitada, ainda mais quando os encostos de cabeça estão levantados, por isso é essencial usar os sensores e a câmera de ré para manobras. O espaço e conforto do hatch são ideais para os dois passageiros da frente, enquanto atrás duas pessoas de estatura mediana vão apenas bem. O teto-solar é amplo, de fácil acionamento e tem opção de ficar aberto pela metade traseira, só para quem vai atrás.
Passada a fase de escolha do estilo e de acomodação, vamos aos sistemas de auxílio ao motorista, alguns estão disponíveis com acionamento no console e outros no volante. Embora estejam todos à mão, o comprador deverá passar um tempo estudando o manual para aproveitar tudo da melhor maneira. Pensados para auxiliar o condutor, os sistemas têm velocidades específicas de funcionamento, mas o melhor mesmo é seguir atento e não precisar deles.
Na saída da capital capixaba, deixamos os sensores de segurança ligados. Uma pequena luz vermelha refletida no para-brisa internamente avisa o motorista sempre que ele estiver muito perto do veículo à frente. Caso ele esteja muito rápido, a faixa vermelha triplica de tamanho e um aviso sonoro é emitido. Acionado a velocidades acima de 65 km/h, o assistente de mudança de faixa é bastante interessante. As câmeras instaladas no veículo percebem quando o carro começa a invadir a outra faixa e corrige automaticamente o volante. No entanto, o sistema não deve ser utilizado como um piloto automático – caso solte as mãos do volante, ele emite um alerta no painel para o motorista retomar a condução.
Já na estrada, o motor turbo de 2.0 l é eficaz, oferecendo até 180 cavalos de potência com um bom torque ao acelerar (30,6 kgf.m entre 2.700 rpm e 4.000 rpm). Aliado a uma transmissão automática de seis velocidades, o propulsor faz o veículo acelerar a 100 km/h em 8s7, com velocidade máxima limitada de 250 km/h, segundo a fabricante. Na prática, a dupla apresenta respostas bastante satisfatórias, tanto na estrada, quanto na cidade.
Além dos gadgets de auxílio ao condutor, a sensação de segurança é ampliada pela estabilidade na condução. Mesmo em trechos altamente sinuosos, o carro se mantém firme nas curvas, provocando um leve sorriso no canto da boca. A suspensão também trabalha a favor no conjunto, embora os pneus nas rodas 18 polegadas ajudem a transmitir parte das trepidações do terreno. Sem extravagâncias, o V40 permite ao condutor desfrutar tanto a viagem, quanto o destino final, sem preocupações.
Ficha técnica
Motor: 2.0 l - 1.984 cm³ (cinco cilindros em linha com turbocompressor)
Câmbio: automático com seis velocidades
Potência: 180 cavalos
0-100 km/h: 8s7
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
Peso: 1.474 kg
Porta-malas: 335 litros
Itens de série: ar-condicionado digital, rádio/CD/MP3/ Bluetooth com tela de sete polegadas, oito alto-falantes, painel de instrumentos digital com tela de LCD, bancos e volante com revestimento de couro, keyless, sensor de estacionamento, chuva e luz, piloto automático, rodas de liga leve de 17 polegadas, função start/stop, direção elétrica com três opções de regulagem, sete airbags, freios com ABS e controle de estabilidade e tração
Preço: a partir de R$ 115.950
O jornalista viajou a convite da fabricante