Lino Villaventura recria em cima da sua própria obra
Três casacos geométricos criados em 1985 foram o ponto de partida para Lino Villaventura elaborar a coleção do inverno de 2003. "Posso me dar ao luxo de fazer isso", afirmou. "Mas não refiz as peças. Elas foram apenas o ponto de partida para a inspiração". » Veja as fotos do desfile de Lino Villaventura » Assista ao vídeo do desfile Baseando-se na idéia de que é possível superar o tempo e o espaço, o estilista propõe um jogo onde um labirinto de espelhos – presente no cenário – gera infinitas proporções e sobreposições. "A maneira que esse trabalho se propõe na passarela é visionária", definiu. Saias leves, coloridas e assimétricas nas mulheres, que surgiram na passarela também de leggings, casacos e boleros. Homens fluorescentes. Muitos furos nas roupas femininas. Em relação às cores, Lino Villaventura não teve medo de misturar. "Fiz uma mesclagem", explicou. A inspiração para as cores veio das pedras preciosas – rubi, ametista, topázio, turmalina, esmeralda – e dos quartzos – rosa, azul, amarelo e cristal. Mas é o preto do ônix que pontua a coleção. Um detalhe curioso é que 70% da coleção é feita a mão, construída a partir da montagem de pequenos módulos de tafetá, cetim, seda com cristais Swarovski, tule, malhas e jeans. Depois de feitos, os módulos foram costurados à mão. O resultado cria um clima de farrapo-chique e artesanal. "Foi cansativo e exigiu mais de mim, mas valeu a pena", disse. Nos pés dos modelos, sandálias masculinas e femininas feitas em resina, desenhadas pelo próprio Lino Villaventura e confeccionadas pelo designer cearense Césio Jr. Bonitas e exóticas, as sandálias chamaram ainda mais a atenção quando uma das modelos entrou com uma pendurada no tornozelo, sem perder a pose. As bolsas exibidas na passarela fazem parte da segunda coleção do estilista, em parceria com a Arrivare. A teatralidade típica dos desfiles de Lino esteve presente no de hoje também. Especialmente através das mulheres, que paravam em frente aos fotógrafos e faziam gestos, caras e bocas. Os cabelos "armados", assinados por Viktor I., e a maquiagem de Henrique Mello, com pinturas feitas no rosto dos modelos, como se fossem bordados, completou o espetáculo. Um espetáculo colorido e criativo, com o talento de Villaventura refletido no espelho.
Fernanda Castello Branco / Terra
|