As inspirações dos desfiles, vindas de inúmeras fontes, convergem para alguns temas já consagrados internacionalmente. Numa visão geral sobre as coleções apresentadas, traçamos paralelos entre o que é show e o que vai virar moda nos próximos meses aqui e lá fora.No rastro de Courrèges, famoso arquiteto/estilista dos anos 60, várias marcas trabalrharam a visão futurista da época, com suas formas simples, numa nova estética, em que o uso de cores claras, lunares, como o cinza, branco e prata era bastante comum, mesmo para o inverno. Calças retinhas, botas e muita minissaia, relembrando cenas de um seriado espacial.
É o tema dos anos 60, no qual a Zoomp (veja as fotos!) se inspirou para apresentar sua mulher guerreira, como o mito Barbarella, nas passarelas da São Paulo Fashion Week. Já Renato Loureiro desfila com uma mulher coquete e elegante, meio Twiggy, meio Jackie O, em modelagens típicas dos anos 60: linha A, tailleurs e tubinhos com debruns e botões exagerados (veja as fotos!).
Os desfiles internacionais de Prada, Michael Kors, Givenchy, Cacharrel e Pucci, além da década de 60, escolheram também os anos 80, como fonte de inspiração; a pista de dança, que resgata o volume dos blusões , as leggins, as calças justas e as cores vivas, nos lembram o som de Duran Duran.
O brilho que vem do glitter, do lurex e do couro metalizado, contrasta com a visão mais casual da volta do trainning, com barras caneladas tanto nas calças quanto nos blusões e coletes.
O tema punk "hi-tech-rockers" exibe um milhão de fivelas subindo pelas pernas das calças de boca estreita, usadas com biker boots ou stilettos, num visual inundado de acessórios e aviamentos metálicos. Esse tema é explorado por Iódice, numa produção caprichada de Chiara Gadaleta, com botas longas e saias curtas. Jaquetas também pesadas e complicadas, porém com um charme agressivo, onde o make up, a cor preta e a atitude, são peças fundamentais (veja as fotos!). Alexander Macqueen, Paul Smith, Helmut Lang, Dolce e Gabanna e Moschino mostraram suas punks nos desfiles europeus.
A pin-up americada dos anos 50 é a pretty woman dos tempos atuais, com seu look sexy e sofisticado, numa releitura tropical e divertida. Muitos vestidos, blusas fluidas extremamente femininas, e lingerie em cetim, usadas como tops.
Marcelo Sommer (veja as fotos!) apresenta peças recortadas com muito humor. O uso de cores vivas, de lurex, mais a mistura da inspiração art déco com Russia, resultam num clima brechó, divertido. Alexandre Herchcovitch, Cavalera e André Lima também viajaram na onda dos anos 50 em lingeries e estampas características do tema. Lá fora, Marc Jacobs, Donna karan e sua segunda etiqueta DKNY também trabalharam nessa inspiração.
O sportswear utilitário, a inspiração mais contemporânea dos desfiles, com peças oversized ainda nos remete ao estilo militar já apresentado em coleções anteriores. Nessa evolução, vemos agora peças com características do streetwear mais jovem e arrojado. Ricardo Almeida (veja as fotos!) faz uso do padrão risca de giz, apresentado com ousadia num macacão utilitário desfilado por Gisele Bündchen, impactando e gerando notícia no primeiro dia do evento.
Mário Queiroz (veja as fotos!), superdescontraído, com moletons, t-shirts e sobrecamisas desestruturadas em tons escuros, terrosos, orgânicos, reforça a tendência da descontração para a moda masculina.
Ellus (veja as fotos!) com risca de giz, denim black e look andrógino em peças simples e básicas sinalizam uma mudança de rota em relação às propostas mais fashion apresentadas em anos anteriores.
Fause Haten e Glória Coelho, numa visão mais utilitária da roupa, Triton, mais jovem e street, Lorenzo Merlino e Cori, em versão mais adulta; todas as marcas, porém dentro do tema casual sportswear, cada uma reafirmando sua própria personalidade.
British Colony misturou o moleton às peças de alfaiataria mais apurada. Novamente o uso do moleton como tendência de moda. Surfer girl, uma visão sofisticada para um tema de inspiração esportiva, com peças estreitas, moldadas e recortadas, lembrando roupas de neoprene, usadas para a prática do surf e do mergulho. Cavas americanas, vivos contrastantes, assim como muitos outros detalhes esportivos, são pinçados do guarda-roupa do activewear.
Novamente Gloria Coelho, assim como a aquática Rosa Chá, mostram recortes que além de modelar, propiciam inúmeras possibilidades de misturas e combinações de cores, desde o degradê, até o contraste gritante dos tons esportivos. Cavas americanas localizadas na frente do top, no desfile do talentoso Mareu Nitschke, amarrações e criatividade infantil em Carlota Joakina, em desfile criado por Pedro Lourenço, 12 anos, filho de Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço. Os internacionais,Chanel, Luella, Prada e Michael Kors, estão juntos na escolha desse tema.
O oriente e a chinoiserie, a inspiração étnica dessa estação, com seus dragões, aves e florais chineses, tema muito explorado por Cavalli, MiuMiu, Blumarine, Balenciaga, lá fora, não foi muito visto pelas passarelas brasileiras. Golas altas, faixas amarradas na cintura e kimonos, talvez ainda entrem em futuras coleções, já que serão muito reforçados nos editoriais e nas campanhas publicitárias como as de Gucci, já divulgada nas revistas de moda.
Maria helena Lodi