A proposta da maioria dos estilistas para a moda masculina é apostar em padrões mais clássicos e novas cores. Os xadrezes e listados, com todas as possíveis variações, estão presentes em todas as coleções.Personalidade, simplicidade e originalidade é o que Tom Ford, estilista da marca Gucci, considera essencial para que um homem seja elegante. Personificando esses adjetivos, elege Hamid Karzai, primeiro ministro afegão, com toda a sua rusticidade dentro de uma roupa mujaheddin.
Com esse exemplo exótico, o que Tom Ford queria concluir, na verdade, é que o homem não precisa ir tão longe, e sair do seu dia-a-dia, ou mesmo mergulhar de cabeça no universo da moda, para conseguir um resultado visível de destaque e elegância. Os padrões já assimilados e aceitos são, agora, apresentados em novas propostas de cores e combinações.
A mistura de padrões também é permitida para o masculino. Camisas com xadrezes miúdos, e cores vivas, como o coral e o turquesa, ficam perfeitas com as calças de sarja em cáqui lavado. O cor de rosa, amarelo e verde-maçã, estão presentes há mais de uma coleção nas melhores marcas masculinas. Ficam bem com o jeans e com todos os tons naturais do gelo, areia, passando pelo castor até o militar mais escuro.
Já os padrões mais clássicos e invernais, como príncipe de gales e pied-de-poule*, coordenam-se melhor com os tons de cinza e preto. Esses foram o grande destaque nos últimos desfiles, entrando um pouco mais fundo numa tendência dandy e gótica, como apresentou Versace, Dior e Dries Van Noten, ou simplesmente clássica, numa elegância cômoda e prática como no caso dos listados escuros de Hermes. Estava sempre presente a idéia do look britânico, num roqueiro muito estiloso, cool e extremamente elegante em sua displicência e rebeldia.
Os mais modernos, como o inglês Paul Smith, abusaram das listas verticais mais grossas, em cores vibrantes, e Jean Paul Gaultier trabalhou com listas horizontais lembrando o marinheiro. Sem medo do look andrógino, desenvolve vários personagens e estereótipos, abusando da risca de giz. Kenzo, Rykiel e Missoni, trabalham o geométrico no jacquard das malharias, em tons escuros, misturados com os crus, vermelhos queimados e turquesas.
* É um desenho feito de quadradinhos, que lembra as marcas deixadas no chão pela pisada da galinha. Criado na França para a roupa urbana, o pied-de-poule era sempre de lã, em duas cores. O mesmo desenho, um pouco maior, foi batizado pied-de-coq. Hoje, ainda é tramado no tear, mas nem sempre de lã.
Maria Helena Lodi