Depois de acontecimentos como o de 11 de setembro, a moda concentra seus olhares na Europa. Alguns estilistas, como o austríaco Helmut Lang e o americano Calvin Klein, desfilam agora em Paris, e o circuito, completado por Londres e Milão, retorna à sua posição de importância para os compradores e editores mundiais.Algumas campanhas tentam reverter o quadro mostrando que Nova York está mais acessível, com preços competitivos e muita segurança, mas os juízes que definem quem é quem nas passarelas ainda não se convenceram disso, preferindo limitar seu trajeto dentro do velho continente.
Quem insiste em manter Nova York como palco, como Michael Kors, viaja com suas coleções, fazendo pequenas apresentações com o objetivo de vender, criando soluções para uma situação que já se revela não tão passageira.
A rapidez para driblar situações críticas é vendida como fórmula em livros e seminários por palestrantes americanos, que indicam quais os mercados em ascensão. O mestre em avaliar e dominar novos mercados, Philip Kotler, já dizia que foco é um bom começo para qualquer estratégia. Antes de tudo, é preciso reconhecer qual é a situação real para que possamos nos posicionar e agir.
O marketing eletrônico, a estética, a beleza, a saúde, o lazer e o turismo como serviços, ainda têm muito a ser explorado. Produtos diferenciados, direcionados especificamente a um tipo de consumidor, e principalmente para a terceira idade também fazem parte desse leque.
O Brasil ganha com a crise americana por um lado: o turista europeu quer tranqüilidade e parece estar encontrando por aqui. Estamos aguardando tempos melhores, que com certeza virão.
Quem investiu em produtos importados novamente está sofrendo: a alta do dólar tornou quase inviável esse comércio. Novamente a flexiblidade: uma segunda marca, fabricada aqui, bem mais acessível, mantém ainda o cliente fiel. É o caso de produtos de alto luxo, que são substituídos por um similar nacional.
Uma conhecida loja em São Paulo, considerada o templo da moda e do consumo de alto padrão, já mostra sinais da crise. Suas vendas caíram e sua variedade de produtos nacionais rapidamente cresceu. Mas não há problema nisso, os gringos que esperem, pois temos que nos adaptar à uma nova era e encarar isso como um desafio a ser vencido.
Para ilustrar essa forma positiva de encarar o problema: "Tenho boas e más notícias", diz o piloto pelo microfone. "A má é que estamos perdendo altitude e a boa é que vamos aterrisar antes do previsto".
Maria Helena Lodi