Apesar de muitos alegarem que mulher e tecnologia não combinam, a realidade está mostrando um cenário diferente. A tecnologia é mais um campo que está sendo invadido pelo sexo feminino. Mesmo que a quantidade de homens ainda seja muito superior à de mulheres, já não é surpresa quando você se depara com uma profissional do sexo feminino às voltas com a complexidade do mundo tecnológico.Um dos exemplos de mulher na tecnologia é Fernanda Weiden, fundadora do Projeto Software Livre Mulheres (https://mulheres.softwarelivre.org). Representante da nova geração de mulheres profissionais na área de informática, Fernanda atua nesse campo desde 1996, quando aos 14 anos decidiu pedir para a mãe trocar a escola particular por um micro. "Como não tinha dinheiro para os dois, optei por ir para uma escola pública e ter um computador", disse em entrevista ao Terra Mulher.
Foi uma sábia escolha. Aos 17 anos, Fernanda trocou Porto Alegre por São Paulo, dando continuidade à sua carreira tecnológica. Fernanda diz que quando seu nome começou a ficar conhecido nessa área, as piadinhas, por ser mulher, eram inevitáveis. Além disso, ela conta que recebia muitas mensagens que nada tinham a ver com o mundo dos computadores. Mas nada disso fez com que perdesse a vontade de se dedicar ao mundo das máquinas.
Fernanda é a única mulher no Brasil a ter a Red Hat Certified Engineer, uma das certificações mais importantes do Linux.
A construção do gênero na informática
Outra profissional que tem se dedicado a entender a mulher dentro do mercado tecnologia é a professora Clevi Elena Rapkiewicz, da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Ela defendeu a tese A construção do gênero na informática, na qual fala sobre a segregação vertical na tecnologia. Segundo a professora Clevi, de 1998, quando a tese foi defendida, até agora a situação das mulheres pouco mudou em termos de condições de trabalho e melhoria salarial. Ela assinala ainda que há uma "dicotomia", onde o hardware é visto como um campo masculino e o software, feminino.
A professora, no entanto, é otimista quanto ao futuro das mulheres no mundo tecnológico e vê uma vantagem no Brasil em relação à França, por exemplo, já que os cursos ligados à informática surgiram nas universidades brasileiras dentro dos institutos de Matemática e não em Engenharia, campo tradicionalmente masculino.
A professora Clevi diz que as mulheres devem continuar a ter uma ascendência no mercado tecnológico porque, citando a professora Swasti Mitter, do Instituto de Novas Tecnologias da Universidade das Nações Unidas (UNU/INTECH), os sexos masculino e feminino têm visões diferenciadas da tecnologia. Para os homens, há uma necessidade de domínio da tecnologia, já para as mulheres o que importa é o domínio utilitário.
A chamada natureza detalhista das mulheres também seria um ponto favorável para o maior desenvolvimento feminino no campo tecnológico. "Eu não acredito no determinismo biológico, acho que essa natureza detalhista tem mais a ver com a criação da mulher e isso pode ajudar na criação de interfaces, por exemplo".