Cientistas descobrem gene da velhice precoce
Um grupo de cientistas franceses anunciou este mês a descoberta do gene responsável pela progéria infantil, doença que provoca um envelhecimento de cinco a dez vezes maior do que o normal. Em um artigo que a revista Science publicará, os cientistas explicaram que a identificação do gene pode ser o ponto de partida para o desenvolvimento de tratamentos contra a SÃndrome de Progéria Hutchinson-Gilford (HGPS) e para a determinação de quais indivÃduos poderiam ser afetados. A doença atinge uma a cada quatro milhões de crianças, produzindo efeitos que estão diretamente ligados ao envelhecimento, como queda de cabelo, aparecimento de rugas, nanismo, rigidez das articulações, deslocamento de quadris, problemas cardiovasculares e aterosclerosis. "Sem saber o que causava este tipo de progéria, tÃnhamos muito poucas possibilidades de descobrir um tratamento. A identificação do gene responsável é um passo crucial para possÃveis tratamentos", disse Nicolas Levy, da Faculdade de Medicina e do Hospital Infantil de Timone, em Marselha (França). "Agora será possÃvel investigar o que acontece no corpo das crianças com HGPS e, tomara, encontrar formas de impedir ou reverter essas mudanças", afirmou Stella Hurtley, diretora da revista, em um comentário sobre a descoberta. As crianças vÃtimas desta doença, ainda incurável, não perdem suas faculdades mentais, mas morrem com cerca de 13 anos de idade. Levy e sua equipe de pesquisadores descobriram uma mutação no gene LMNA, que contém os "planos" para a construção das proteÃnas Lamin A e Lamin C, que se juntam à proteÃna Lamin para formar uma capa dentro da membrana que envolve o núcleo celular. Os cientistas descobriram que as células que têm proteÃnas Lamin defeituosas se dividem de forma errada e morrem antes do tempo, dificultando a capacidade de regeneração dos tecidos. Depois, estudaram as seqüências do DNA dos genes proteicos de pacientes afetados pela sÃndrome e descobriram uma anormalidade dentro do Exon 11. Os exon são segmentos de DNA que contêm informação de uma proteÃna especÃfica. A equipe de pesquisadores determinou que a mutação ou anormalidade parece afetar o sistema de divisão celular. No entanto, Levy admitiu que ainda são necessárias muitas outras pesquisas para a descoberta da cura da doença. "Não sabemos bem como funcionam estas proteÃnas Lamin para já pensar em um tratamento. Acho que isto acontecerá em uns dez anos, mas será difÃcil", declarou. Além disso, acrescentou que "é difÃcil encontrar muitos pacientes para nosso estudo". "Esta pesquisa foi feita em pouquissimos casos, o que faz com que nossas conclusões requeiram uma maior confirmação", explicou. O envelhecimento precoce do adulto é conhecido como SÃndrome de Werner, e também é uma doença extremamente rara.
Agência EFE
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