Filhos pequenos de mães solteiras parecem ser beneficiados caso um parente homem assuma a figura paterna em substituição ao pai biológico, informaram pesquisadores. "As crianças que tinham um parente que agia como pai social obtiveram níveis mais altos nos testes de desempenho escolar. Isso é positivo", disse Ariel Kalil, uma das autoras do estudo e professora assistente de políticas públicas da Universidade de Chicago (Illinois).As crianças cuja figura paterna era o namorado da mãe não apresentaram resultados tão bons. Apesar disso, os pesquisadores alertaram para o fato de o estudo não poder determinar se a figura paterna realmente era a causa dos problemas.
Kalil e o coordenador da pesquisa, Rukmalie Jayakody, professor associado de desenvolvimento humano da Universidade Estadual da Pensilvânia, avaliaram a possibilidade de existir um vínculo entre o fato de as crianças terem uma "figura paterna" masculina e a qualidade do desenvolvimento emocional e cognitivo. "O fato de essas crianças viverem com mães solteiras não significa que não existam homens interagindo com elas", observou Kalil. "Geralmente, as mães apontam esses homens como figuras paternas."
Os pesquisadores avaliaram 749 mães solteiras negras que tinham crianças em idade pré-escolar e que viviam na região de Atlanta. Eles perguntaram se havia um homem que as crianças consideravam uma figura paterna e quem era essa pessoa. Os especialistas também analisaram o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças.
De acordo com os resultados publicados na edição de maio do Journal of Marriage and Family, as mães informaram que cerca de metade das crianças não tinha uma figura paterna presente em suas vidas. Em 30% dos casos, o namorado da mãe representava a "figura paterna", e, em 20%, um parente - o avô ou um tio - desempenhava o papel.
Os pesquisadores verificaram que a "figura paterna" desempenhada por um parente homem esteve relacionada a um nível mais elevado de desempenho escolar entre os pré-escolares, em comparação com as crianças que não tinham ninguém representando a "figura paterna".
"Há uma teoria para sugerir que um parente do sexo masculino pudesse estar mais envolvido com o bem-estar da criança", explicou Kalil. "Podemos levantar a hipótese de que o homem é um benefício adicional, ele promove atividades educacionais enriquecedoras para as crianças."
A equipe também observou a "figura paterna" desempenhada pelo namorado da mãe foi associada à menor maturidade emocional das crianças. Isso possivelmente ocorreu por aumentar a insegurança ou a competição pela atenção da mãe.
Os pesquisadores disseram ainda ser possível que as mães de crianças emocionalmente perturbadas sejam mais propensas a atribuir ao par romântico o papel de representar o modelo masculino para os filhos. "É justo dizer que esse parece um alerta sobre o papel dos pares românticos", disse a pesquisadora.
Os resultados sugerem que, embora muitas iniciativas de saúde pública enfatizem o envolvimento do pai biológico, é possível que outros homens - como os parentes - também possam ter um impacto positivo na vida de uma criança.
"Obviamente, há vários outros homens que podem influenciar a vida das crianças", observou Kalil. "Não se pode minimizar o fato de outros homens poderem desempenhar funções importantes para o desenvolvimento das crianças."