Umas palmadas podem ser um bom corretivo imediato, mas podem deixar as crianças agressivas e, possivelmente, transformá-las em adultos agentes de abuso, disseram pesquisadores na terça-feira.As palmadas têm criado polêmicas nos últimos anos, mas nos Estados Unidos, especialmente, continuam sendo muito empregadas. Apesar de já terem sido feitos diversos estudos sobre o assunto, os resultados são variados.
A psicóloga Elizabeth Thompson Gershoff, do Centro Nacional de Crianças Pobres, da Universidade de Colúmbia, em Nova York, analisou 88 pesquisas diferentes sobre palmadas e carinhos.
As palmadas estavam fortemente associadas à obediência imediata, mas também a dez comportamentos negativos como agressividade, comportamento anti-social e abuso de crianças e companheiros na idade adulta, disse a psicóloga na edição de julho do Psychological Bulletin, publicado pela Associação Americana de Psicologia.
"Existe um consenso geral de que a punição corporal é eficaz para fazer com que as crianças obedeçam imediatamente. Mas ao mesmo tempo, existe um cuidado por parte dos pesquisadores de abuso infantil de que a punição corporal, por sua natureza, possa se tornar maus-tratos físicos", afirmou.
Ela disse, no entanto, que a punição física não significa automaticamente que uma criança vai se tornar hostil ou violenta.
"O ato da punição corporal é diferente entre o espectro de pais -- os pais variam em relação à frequência com que usam a punição, quanta força administram, quão nervosos ficam quando aplicam a punição e se combinam isso com outras técnicas", explicou ela.
Quanto mais frequentemente ou mais cruelmente uma criança apanha, maiores os riscos dela se tornar um adulto agressivo ou com problemas mentais, verificou Gershoff.
As palmadas não são a melhor forma de disciplina, pois não ensinam as crianças o que é certo e o que é errado, segundo a pesquisadora. Elas fazem com que as crianças tenham medo de desobedecer quando os pais estão presentes, mas se sentem livres para se comportar mal se acreditam que vão se safar, afirmou a pesquisadora.