Dois microbicidas vaginais que estão sendo estudados como forma de evitar infecções pelo HIV em mulheres mostraram-se capazes de eliminar as bactérias causadoras de uma infecção bastante comum na vagina: a vaginite bacteriana (VB).De acordo com os pesquisadores, os resultados sugerem que esses compostos - que, em testes de laboratório, foram eficientes para inibir o HIV e outros patógenos transmitidos pelo contato sexual - podem oferecer uma nova maneira de combater a VB.
As conclusões indicaram ainda que o uso dos microbicidas na prevenção do HIV e de outras doenças sexualmente transmissíveis não prejudicaria o equilíbrio bacteriano saudável existente na vagina nem aumentaria o risco de VB, informaram os autores.
O trabalho da equipe de Lourens J. D. Zaneveld, do Rush-Presbyterian-St. Luke's Medical Center, em Chicago (Illinois), foi publicado na edição de agosto da revista Antimicrobial Agents and Chemotherapy.
Os microbicidas vaginais são compostos que servem como uma barreira vaginal contra a infecção por patógenos transmitidos por via sexual. A esperança é que esses produtos em estudo também ajudem a combater a epidemia de Aids, especialmente entre as mulheres que vivem nas nações em desenvolvimento mais atingidas.
No estudo atual, a equipe avaliou dois novos microbicidas, atualmente em fase de testes clínicos: o sulfonato de polistireno e o sulfato de celulose. Ao menos nos testes feitos em laboratórios, os compostos inibiram o crescimento de vários tipos de bactérias que provocam a VB.
A vaginite bacteriana é a forma mais comum de infecção vaginal que afeta mulheres na idade reprodutiva. Algumas vezes, a doença se caracterizada por sintomas como corrimento, dor e ardência. Geralmente, a infecção não provoca grandes problemas, mas pode aumentar a suscetibilidade feminina à infecção por HIV e a outras doenças sexualmente transmissíveis.
A VB ocorre quando o equilíbrio normal entra as bactérias "boas" e "ruins" existentes na vagina é quebrado, e os microrganismos prejudiciais conseguem prosperar. Existe a preocupação de que o uso regular de microbicidas vaginais possa quebrar esse equilíbrio e aumentar o risco de VB.
Segundo a equipe, as conclusões indicaram que essa preocupação não deve ocorrer com esses dois microbicidas. Embora existam drogas disponíveis para combater a VB, "valeria a pena" testar os dois microbicidas como forma alternativa de tratamento, escreveram os pesquisadores.