A terapia de reposição hormonal (TRH) não reduz o risco de doença cardíaca entre as mulheres que já passaram pela menopausa, segundo uma revisão de mais de 30 anos de dados médicos. As conclusões da pesquisa reforçam os resultados de um estudo bastante divulgado que constatou: para a maioria das mulheres na pós-menopausa, os riscos proporcionados pela TRH superam os benefícios.De acordo com aquele trabalho, chamado Women's Health Initiative (Iniciativa para a Saúde das Mulheres), as pacientes com útero intacto que tomaram a terapia combinada de estrogênio e progestina apresentaram um risco maior de ter câncer de mama, enfarte, coágulos sanguíneos e derrame.
A pesquisa atual verificou que a TRH não reduziu nem aumentou o risco de doença cardíaca e coronariana. A doença coronariana ocorre quando depósitos de gordura estreitam as artérias (coronárias) que levam sangue ao coração e pode provocar dor no peito e enfarte.
Anteriormente, diversos estudos associaram o uso da reposição hormonal à redução no risco de doença cardíaca. No entanto, as análises mais recentes mostraram que outras variáveis podem ter sido responsáveis pelos resultados. Por exemplo, os estudos que registraram um efeito protetor da TRH não levaram em conta a situação socioeconômica das mulheres, diferentemente dos trabalhos que demonstraram pouca ou nenhuma ação protetora do tratamento, informou a equipe de Linda L. Humphrey, na edição de agosto da revista Annals of Internal Medicine.
"Mulheres saudáveis tendem a ter mais dinheiro, tempo, cuidados de saúde preventiva e comportamentos que as poderiam proteger de doenças cardíacas," explicou Humphrey. "Pode-se obter uma relação falsa pois as mulheres saudáveis são as que decidem tomar hormônios em primeiro lugar," acrescentou Humphrey, que é do Centro Médico Veterans Affairs, em Portland (Estado de Oregon).
No trabalho atual, a equipe da pesquisadora revisou estudos de observação sobre a relação entre a TRH e a ocorrência de doença cardíaca e coronariana. Na análise final, os especialistas incluíram 20 trabalhos. Todos traziam dados sobre fatores que poderiam provocar confusão, como idade da mulher, tabagismo, prática de exercícios, níveis de colesterol, história familiar de doença cardíaca, situação socioeconômica e outros problemas como hipertensão ou diabete.
"Os resultados reforçaram as conclusões da Women's Health Initiative que mostram não haver evidências para defender o uso de hormônios para evitar doença cardíaca," afirmou Humphrey. "Minha opinião pessoal é que não se deve tomar hormônios para proteger contra doenças cardiovasculares." A pesquisadora recomenda às mulheres que fazem TRH revisar as razões pelas quais tomam os hormônios e discutir os possíveis riscos e benefícios com os médicos.