Os pais tendem a suspender o analgésico dos filhos após uma cirurgia ambulatorial relativamente simples, mesmo com a possibilidade de as crianças ainda estarem sentindo dor, segundo os resultados de um estudo finlandês.Além disso, ele esperam que os meninos tolerem mais a dor do que as filhas, ressaltou Paivi Kankkunen, enfermeira e pesquisadora da Universidade de Kuopio, em Kuopio (Finlândia). Esperam ainda que os filhos suportem a dor mais do que as mães, afirmou Kankkunen durante o 10o Congresso Mundial de Dor, em San Diego (Estados Unidos).
"Não estou muito surpresa com as descobertas", disse ela, que trabalhou como enfermeira pediátrica. A pesquisadora afirma que os finlandeses tendem a ser severos com a necessidade de alívio da dor, tanto para eles próprios quanto para os filhos.
A pesquisa envolveu 201 mães e 114 pais, cujos filhos haviam sido submetidos a uma cirurgia ambulatorial simples. Kankkunen verificou que os pais, com maior frequência do que as mães, disseram que o filho era capaz de fingir que sentia dor, que deve aprender a tolerar a dor e que é aceitável no pós-operatório, pois a cirurgia terá benefícios à saúde a longo prazo para a criança.
Essas percepções da dor infantil podem ser culturalmente transmitidas, segundo a pesquisadora. Ela sugere que as enfermeiras eduquem os pais sobre dor e analgésicos para crianças.
"A mensagem do estudo seria que as enfermeiras dêem informações aos pais", afirmou ela.
Kankkunen acredita que a pesquisa é a primeira na Finlândia a estudar as percepções da dor entre os sexos. Ela não sabe se os resultados se mantêm em outras culturas.
A pesquisadora acrescentou que uma resposta típica dos pais entrevistados foi: "Meu filho deve aprender a tolerar a dor." Se a criança sofria dor após uma cirurgia simples, os pais tendiam a dizer que ela passaria em alguns dias.
"Em alguns dias, elas vão esquecer da dor", afirmaram os pais.