Um capítulo muito controvertido sobre o acesso à saúde irrompeu na noite de domingo para segunda-feira na reta final das negociações da Cúpula da Terra e pode impedir um acordo global, pois se refere a questões muito sensíveis como a contracepção e o aborto, segundo os delegados.Um parágrafo do Plano de Ação de 70 páginas, principal documento da conferência, pede para "reforçar os meios que dispõem os sistemas de saúde pública para brindar a todos serviços sanitários básicos eficazes (...) respeitando as legislações nacionais e os valores culturais e religiosos". Canadá solicitou que os ministros reexaminem o parágrafo, argumentando que tinha sido objeto de um acordo precipitado em Bali durante a última reunião preparatória da cúpula em junho.
Os canadenses, apoiados pela União Européia, desejam que sejam mencionados "os direitos humanos". A referência aos valores culturais e religiosos é apoiada no entanto pelos países conservadores (como Estados Unidos), que querem evitar qualquer referência à contracepção e ao aborto, e pelos países em desenvolvimento.
As ONGs que trabalham na saúde pressionam para que se suprima a referência "aos valores culturais e religiosos", pois estimam que permitiria excluir as mulheres do acesso aos tratamentos médicos e abrir a porta a práticas como as da ablação.
Após árduas discussões, o grupo de ministros decidiu que a questão devia ser tratada em uma instância mais elevada, a do "comitê principal", que debate previamente a aprovação final dos chefes de Estado em sessão plenária. A questão, junto com o objetivo sobre energias renováveis, representa o último obstáculo para um acordo sobre o Plano de Ação que deve ser obtido nesta megacúpula sobre o meio ambiente e o desenvolvimento.