Mulheres com o gene BRCA1 defeituoso têm um risco maior de desenvolver câncer de mama, já que o problema desarma o sistema imunológico e permite o crescimento de tumores, disseram cientistas na terça-feira.Já se sabia que o gene é importante para reparar danos genéticos que pode provocar o aparecimento do câncer, mas cientistas da Universidade Queen, em Belfast, na Irlanda do Norte, descobriram que ele também pode ajudar a detectar células cancerosas.
"Agora podemos ver que o gene defeituoso também danifica a habilidade do corpo de eliminar células que estão se tornando cancerosas. Essa combinação de problemas pode explicar os efeitos devastadores do gene", explicou o professor Patrick Johnston, diretor do Centro de Pesquisa de Câncer na universidade irlandesa.
Johnston e sua equipe analisaram milhares de genes para determinar quais estavam ativos ou não em diferentes situações. Eles então compararam células normais com células contendo um gene BRCA1 superativo, segundo foi publicado no Journal of Biological Chemistry.
As mulheres com um gene BRCA1 defeituoso tinham um risco entre 65 e 85 por cento maior de desenvolver câncer de mama em algum período de sua vida.
"Nossos resultados mostram que o BRCA1 interage com uma parte específica do sistema imunológico do corpo-- com uma substância chamada interferon gama", disse a pesquisadora Heather Andrews.
A substância procura células doentes e as força a se destruírem. Nas células do câncer de mama, o interferon gama não funciona de forma adequada e o sistema se rompe. Mas quando os cientistas inseriram uma cópia boa do gene dentro das células durante experimentos em laboratório, o sistema imunológico foi restaurado.
"Esses resultados começam a esclarecer por que algumas mulheres correm esse risco elevado de desenvolver câncer de mama", destacou Johnston.