Pesquisadores italianos encontraram uma possível explicação para a associação entre a exposição à fumaça do cigarro durante a gestação e o aumento do risco de síndrome da morte súbita infantil (SMSI).Em estudo apresentado na conferência anual da Sociedade Européia de Cardiologia, a equipe de Alessandro Mugelli, da Universidade de Florença (Itália), constatou que a exposição de ratos a monóxido de carbono - um dos componentes da fumaça do cigarro - pode interferir na maturação de células cardíacas do feto em desenvolvimento.
"Encontramos uma alteração que pode explicar a associação entre o tabagismo e a SMSI. Por esse motivo, a mensagem é: não fume se estiver grávida, e não fume em uma sala onde há um bebê," afirmou Mugelli. Os pesquisadores expuseram fêmeas prenhes de ratos a uma concentração de 150 partes por milhão de monóxido de carbono (CO), nível semelhante aos experimentados por um fumante.
A exposição retardou a maturação de algumas propriedades das células cardíacas que afetam o intervalo QT. Esse intervalo é uma fase do eletrocardiograma (ECG), o traçado gráfico da atividade elétrica cardíaca. Bebês com um intervalo QT longo correm um risco maior de apresentar frequência cardíaca irregular, fato que pode os predispor à morte súbita, disse Mugelli.
"Sabíamos que o tabagismo era um fator de risco para a SMSI, mas não conhecíamos o mecanismo," explicou Mugelli. A SMSI é a causa mais comum de morte entre recém-nascidos, afirmou o pesquisador. Colocar um bebê para dormir de bruços - e não de costas - pode aumentar bastante a probabilidade de morte súbita infantil. Ambientes superaquecidos, fumo passivo e camas macias também representam um risco.